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"Taxa de 30% cobrada pelo Lolla aumenta preços", dizem donos de food trucks

28.03.2015 - Com taxa de conversão à R$2,50, o "Lolla Mango", moeda oficial do festival Lollapalooza, mascara os preços altos de comidas e bebidas. - Felipe Branco Cruz/ UOL
28.03.2015 - Com taxa de conversão à R$2,50, o "Lolla Mango", moeda oficial do festival Lollapalooza, mascara os preços altos de comidas e bebidas. Imagem: Felipe Branco Cruz/ UOL

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

29/03/2015 17h30

Desde o ano passado, um dos aspectos mais elogiados do Lollapalooza foi a sua grande variedade de comidas e bebidas, vendidas em tendas e food trucks de conceituados chefs de cozinha da cidade. O preço, no entanto, continua sendo o grande vilão, conforme apontou reportagem do UOL neste sábado (28). Cada Lolla Mango, a moeda em circulação dentro do evento, era comercializada por R$ 2,50. Isso ajudou a mascarar os altos preços, que faziam uma água sair por R$ 5.

Donos dos food trucks que estão no Lollapalooza disseram que são vários os motivos do aumento. O principal deles, no entanto, é uma taxa de 30% cobrada pela organização do festival para que os caminhões tivessem o direito de vender dentro do autódromo de Interlagos. De acordo com os donos, estacionamentos e festivais de comida de rua cobram, em média, a metade disso, cerca de 15%.

De acordo com a organização do festival, neste ano cerca de 42 foods trucks e 20 barracas de restaurantes badalados (que estão na tenda Chef Stage) foram selecionadas para participar do Lollapalooza.

“Ganhamos bem menos no festival pela venda unitária de cada produto. O lucro vem do alto volume de vendas”, disse Vinicius Fiuza, dono do Calçada Food Truck, que destacou as diversas vantagens de estar no Lollapalooza, embora o lucro não seja uma delas. Na rua, o preço do hot-dog no Calçada custa R$ 15. Dentro do festival aumentou para R$ 17,50. A mesma coisa ocorreu com o hambúrguer que custa lá fora R$ 18 e dentro do Lolla não sai por menos de R$ 22,50.

Juliana Queiroz, proprietária do Consulado das Massas, também presente no Lollapalooza, comentou sobre o Festival. “Como o volume de pessoas é maior, temos custos operacionais mais altos, como mais mão de obra e material, aluguel de geladeiras etc”, disse. “Ganhamos no volume de vendas porque por unidade nosso lucro é muito menor do que nas ruas. Nosso lucro não chega a ser superior a taxa de 30% cobrada pelo evento”.

No ano passado, os food trucks escolhidos para participar do Lollapalooza foram intermediados por um profissional de eventos, especializado em curadorias deste tipo. Neste ano, no entanto, o intermediário foi cortado e a produção organizou tudo sozinha. De acordo com Caroline Carvalho, organizadora do festival Comidinhas, de comida de rua, a maior taxa cobrada em festivais de food truck nunca passou de 25%. “O normal é 15%”, garante. “Se o Lolla tivesse um curador especializado, seria possível fazer uma fiscalização maior nos preços e até no tamanho das porções”, explica.

De acordo com Caroline, se a taxa fosse menor, certamente o preço dos alimentos seriam mais barato. “É claro que as pessoas vão cobrar um pouco mais caro porque os custos dentro do evento são maiores. Mas talvez não seriam tão caros a ponto de precisar de uma ‘moeda própria’ para mascarar o valor dos produtos”, finalizou.