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No Monsters, meninas mostram que rock também é feminino

Fabiola Ortiz

Do UOL, em São Paulo

25/04/2015 14h33

De cabelos verdes, três piercings e uma tatuagem na coxa direita em homenagem a Ozzy Osbourne, Guida R., de 18 anos, já estava pronta bem cedo para assistir ao show de sua banda favorita no fim da noite deste sábado (25), no festival Monsters of Rock. A jovem era uma das primeiras mulheres na fila do lado de fora na Arena Anhembi. Ela garante que apesar de muitas roqueiras se sentirem receosas de irem a shows com grande público e de maioria masculina, festival de rock também é coisa de mulher.

"As minhas colegas ficam com medo de vir a um show de rock porque empurra muito e pode machucar e nós sofremos mais principalmente pelo fato de sermos mulher", disse ao UOL.

A jovem é de Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, e veio a São Paulo de ônibus. Ela se diz roqueira desde pre adolescente quando estava na quinta série do ensino fundamental. "Eu comecei a trabalhar em 2013 para poder comprar meus ingressos para ir aos shows. Naquele ano, juntei dinheiro para ir ao show do Black Sabbath. Meus pais não bancam", disse.

O receio de eventos lotados ou de ficar preso no meio de uma das rodas em shows de rock pode afastar o público feminino destes grandes eventos, mas ainda assim é possível se aventurar nestes shows e curtir o som das bandas, garante.

Apesar de horas na fila, Guida R., mostra a sua vaidade pela cor do cabelo verde, os inumeros acessorios, piercings e cordoes. "A madrugada aqui na fila ate que foi bem tranquila, pensei que nao iria dormir nada, ate conseguimos dormir sossegadas. Fizemos amizade com pessoas na fila nos deram companhia e nos sentimos mais seguras."

Essa é a primeira vez que Guida e a amiga fizeram uma maratona de madrugada para ir a um show. "Vale a pena pelo Ozzy Osbourne, vim por causa dele, mas hoje vou ver Judas Priest e Motörhead. O que eu gosto do rock é o conteúdo, eu costumo pesquisar bastante e traduzir a letra".

A jovem roqueira disse que ainda há muito preconceito de próprias mulheres que discriminam as que gostam de rock. "Acho que sou a única na minha cidade que toca bateria, la a gente tem pouca opção para curtir rock e tem sempre que ir para outras cidades maiores. Esse ano eu vou pela primeira vez no Rock in Rio", disse.