"Derrick Green não era o cara certo para o Sepultura", diz Max Cavalera
“Para mim, Derrick Green não foi a pessoa certa para a banda", disse o ex-Sepultura Max Cavalera em entrevista à "Playboy". A edição de maio da revista chega às bancas nesta terça-feira (5) e traz uma conversa exclusiva com o vocalista e guitarrista, fundador de uma das grandes referências do heavy metal internacional.
Cavalera nunca aprovou a escolha de Green para substitui-lo nos vocais do grupo. "Achei meio cópia de Sevendust, aquelas bandas americanas que botavam um cantor preto num grupo de heavy metal”, disse.
Após deixar o grupo por desavenças com os integrantes, Cavalera formou outra banda de sucesso, o Soulfly. Dez anos depois, o irmão Iggor Cavalera também saiu do Sepultura.
Cavalera argumenta que a entrada de Green possibilitou a Andreas Kisser, guitarrista-solo e ex-parceiro nas composições do Sepultura, a ganhar mais projeção. “Tem gente que acha que é o lance da inveja do Andreas”, disse. “Ele sempre pentelhava a Gloria [ex-empresária da banda e esposa de Max] para sair nas revistas, porque só colocavam a mim nas capas”.
O ex-Sepultura admitiu que, desde que se separou da banda em 1996, nunca se interessou em conferir a produção do grupo sem suas contribuições. “Eu considerava o Sepultura um filho. Quando saí, foi como se o meu filho tivesse morrido. Então não queria mais, era como tentar ter uma relação com algo que estava morto”, ressaltou.
Volta à formação clássica
Durante a entrevista, Max se animou a falar sobre uma possível reunião da “formação clássica” da banda, que vigorou de 1987 a 1996 e compreende os álbuns que alçou o Sepultura ao estrelato. Segundo ele, apesar de Iggor e Andreas se manifestarem a favor – “O Paulo [Jr, ex-baixista] não me interessa a opinião” –, não houve avanços. “Não sei se eles têm medo, depois que fizermos essa reunião, ninguém mais vai querer vê-los do jeito antigo, com o Derrick”, especula.
O sucesso à frente do Sepultura nunca se refletiu em maior assédio das mulheres, lembrou Cavalera. “Os roadies pegavam as mulheres primeiro, não sobrava nada para a gente”, riu. Ele contou que, ao invés de atrair, a banda afugentava a mulherada por causa do pouco apreço que tinham pela higiene pessoal. “Ah, nas turnês a gente fedia para c****. Acabava o show e eu não queria tomar banho. Até hoje não gosto de tomar banho. Tocamos no Rio ontem e eu ainda não tomei banho”, disse ao referir-se à sua atual banda, Soulfly.
A falta de banhos, disse Cavalera, é parte da atitude que o identifica como um militante da cena underground do metal. “Sempre curti essa coisa de mendigão tosco, de quem não está nem aí para a imagem”. Porém, o músico baixou a guarda quando admitiu que seu jeitão também é explicado pela timidez — e talvez um pouco de desleixo. “Eu era meio tímido. Sempre achei o processo de cortejar meio chato, dava trabalho para c****. Era mais fácil ir à zona e pegar uma vagabunda”.
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