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Com dez anos de carreira, Jorge diz que é difícil se manter no mercado

Fabíola Ortiz

Do UOL, em São Paulo

06/05/2015 12h06

“Não fazemos modismo. Música não é uma competição, tem espaço para todo mundo”. A frase é de Jorge, cantor da dupla sertaneja Jorge & Mateus, que comemora dez anos de carreira e acaba de lançar seu oitavo disco, "Os Anjos Cantam", o segundo gravado em estúdio. Jorge admite não ser fácil se manter no topo da fama e que é preciso sempre se reinventar, compor músicas atraentes, mas sem fugir da essência da dupla. 

“A grande dificuldade é se manter no mercado, é muito concorrido. Dez anos depois, os cabelos vão ficando mais brancos, mas não perdemos a nossa essência. Simplesmente amadurecemos, musicalmente falando, como é natural. Continuamos aqueles dois meninos de Itumbiara um pouco mais maduros, nada mais que isso”, diz, sorrindo.

A dupla goiana de Itumbiara (GO) foi alçada ao topo das paradas de sucesso desde 2009, onde se manteve com hits do sertanejo universitário como "Logo Eu", "Amo Noite e Dia", "Flor", "Aí Já Era", "A Hora é Agora", "Voa Beija Flor", "Vou Fazer Pirraça" e "Eu Quero Só Você". "Os Anjos Cantam" já figura em primeiro lugar na lista de CDs mais vendidos no país e três singles do disco estão entre as músicas mais tocadas em rádios. 

“Não existe fórmula para nada”

Jorge admite que “não existe fórmula para nada” ao comentar sobre os desafios de se manter nas paradas de sucesso. “A gente procura agir naturalmente, como sempre fizemos. A música é o que nos move. Tentamos descobrir o que as pessoas querem ouvir e buscamos algo mais autêntico, de coração e mais intenso”.

A dupla tem feito em média 200 shows por ano desde 2013. Na internet, os sertanejos estiveram no top 10 do iTunes de 2014 com dois dos álbuns mais vendidos no Brasil – “A Hora é Agora” e “Jorge & Mateus Live in London”. Foram também os artistas nacionais mais escutados no Spotify Brasil no ano passado. E, no Facebook, a dupla é uma das mais curtidas entre os sertanejos, com 14 milhões de curtidas.

Mesmo assim, Jorge garante que a concorrência e a possibilidade de perder espaço para as novas duplas sertanejas não são capazes de tirar o sono. “Eu não tenho nem rede social, nem acompanho essas coisas. Fazemos música para marcar a história das pessoas. Essa competição não é saudável e não acrescenta positivamente. A competição fica na cabeça de quem quiser competir”, frisou.

“Os Anjos Cantam” é o novo disco da dupla, com um repertório formado por canções românticas. São 17 faixas, das quais quatro já foram lançadas nas rádios – “Logo Eu”, “Calma”, “Nocaute” e “31/12”.

Capa do CD da dupla sertaneja Jorge & Mateus "Os Anjos Cantam", 2015 - Divulgação - Divulgação
Capa do CD "Os Anjos Cantam" da dupla sertaneja Jorge & Mateus
Imagem: Divulgação

O álbum tem levadas do pop e reggae, com piano e voz. A canção “31/12” ainda traz uma participação do baterista Aaron Sterling, que toca com o cantor americano John Mayer. “É legal fazer essa mescla de sons e musicalidade”, conta Jorge.

Foram oito meses de gravação em estúdio e não foi fácil conciliar com a agenda de shows. “O processo de criação é trabalhoso, mas muito gostoso. Havia semanas em que a gente saía do show e ia direto gravar. É cansativo conciliar estrada com estúdio, exige dedicação”.

Shows internacionais

A dupla deve ainda fazer shows nos Estados Unidos no, final de junho, e gravar em setembro um DVD.

Desde 2009, os goianos têm tocado em palcos fora do Brasil. Já emplacaram turnê internacional nos Estados Unidos e Europa. Em 2012, a dupla gravou “Live In London - At The Royal Albert Hall”, palco em que já subiram lendas da música como Led Zeppelin, Adele e Oasis. 

Jorge, contudo, afirma que nunca existiu a pretensão de seguir carreira internacional. “A gente já tocou onde existem as comunidades de brasileiros que moram fora, nada mais que isso, nenhuma intenção de carreira internacional”.

Quando tudo começou, em 2005, no interior de Goiás, os dois estudantes universitários não imaginavam que os próximos anos mudariam completamente suas vidas.

“Não pensava que tudo isso pudesse acontecer, era utópico. Foi um conjunto de coisas, as parcerias deram certo. A gente não esperava fazer show pelo Brasil inteiro e ter muitos fãs. Os fãs são o patrimônio de qualquer artista, são eles que alavancam a nossa vida e mantêm a nossa carreira”, disse.