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Único integrante original, baixista do Sepultura diz que Derrick "é o cara"

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

13/05/2015 07h00

Com 30 anos de estrada, o Sepultura, a banda de metal brasileira mais famosa no mundo, percorreu um caminho com muitos percalços desde que foi fundada em 4 de dezembro de 1984. E o mais difícil dos desafios enfrentados pelo grupo foi a saída do guitarrista e vocalista Max Cavalera, em 1997, além da saída do irmão dele, o baterista Iggor Cavalera, em 2007. Depois dessas "baixas", a banda precisou provar que continuaria relevante, sem ter que se reinventar, e ainda reconquistar o espaço perdido. 

O baixista Paulo Xisto Pinto Júnior, 45 anos, o único remanescente original do Sepultura, contou em entrevista ao UOL, por telefone, que o "espírito" da banda se manteve intacto nessas três décadas, embora admita que a saída de Max foi um grande baque. "Perdemos a estrutura que trabalhávamos havia anos. Não foi a questão de perder apenas o vocalista. Perdemos o empresário e a gravadora", lembra. "Tivemos um recomeço forçado. Reconquistamos o prestígio que nunca perdemos. Hoje, o Sepultura sabe onde pode ir e onde não pode", completa. 
 
O vocalista Derrick Green e o baixista Paulo Xisto (ao fundo), do Sepultura, durante show no "Motorcycle Rock Cruise" - Pati Patah - Pati Patah
Derrick Green e Paulo Xisto durante um show do Sepultura
Imagem: Pati Patah
Para comemorar os 30 anos de carreira, a banda fará no dia 20 de junho uma apresentação única no Áudio SP, em São Paulo.
 
Influência de bandas gringas
O Sepultura, aliás, é uma das poucas bandas brasileiras citadas por artistas internacionais como influência. "Nesses anos todos, também pudemos dividir o palco com pessoas que admirávamos quando éramos crianças. O nosso nome, hoje em dia, é respeitado. É um reflexo do trabalho", diz Xisto.  
 
Embora tenham status de celebridades do metal, nem Xisto, nem Andreas Kisser ou Derrick Green são assediados na rua, segundo o baixista. "Vivemos essa histeria dos fãs na década de 1990. Costumo frequentar os mesmos lugares desde sempre. Continuo viajando para Belo Horizonte para ver meus amigos e assistir aos jogos do Atlético Mineiro, no meio da torcida. Não tem esse lance de fanatismo.""

Paulo Xisto

  • Tivemos um recomeço forçado. Reconquistamos o prestígio que nunca perdemos. Hoje, o Sepultura sabe onde pode ir e onde não pode

    Paulo Xisto, baixista do Sepultura
 
Em uma rápida reflexão sobre os 30 anos da banda, o baixista disse que as longas turnês do Sepultura fizeram com que ele não percebesse a passagem do tempo. "Me sinto jovem ainda. E o público continua se renovando. Inclusive nosso novo baterista, Eloy Casagrande, que tem 24 anos. Ele nasceu quando lançávamos o álbum ‘Arise’", comenta. "Hoje em dia somos mais entrosados no palco. As coisas ficaram mais diretas e mais fáceis de resolver. Aprendemos com os erros." 
 
Xisto ainda nega que haja algum rancor pelo fato de a banda hoje ser pouco reconhecida no Brasil. "Acho que precisava apenas de um pouquinho mais de respeito. O que nós conseguimos atingir dificilmente outra banda será capaz de fazer. Abrimos as portas para outras bandas. Estamos acostumados a ser desvalorizados no Brasil. Muitos brasileiros dão mais valor para quem vem de fora.
 
As críticas de antigos fãs, no entanto, continuam. A principal delas é repetida desde que, após a saída de Max, o americano Derrick assumiu o posto de vocalista --sendo que o americano tem hoje mais tempo de Sepultura que Max teve. "Não digo nada. Nada vai mudar. Ele [Derrick] é do Sepultura. Ele é vocal. Ele é o cara", finaliza o baixista. O que contraria uma declaração recente de Max, de que Derrick "não era o cara certo" para a banda. 
 

Ouça o Sepultura tocando "Kairos"