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Para chef Fogaça, "poder dar uns gritos" é mais relaxante do que cozinhar

Felipe Blumen

Do UOL, em São Paulo

03/08/2015 05h00

Cada pessoa tem uma atividade relaxante preferida para fugir das preocupações cotidianas. O chef Henrique Fogaça tem duas: cozinhar e cantar em um volume muito alto.

“Os dois são o ideal para aliviar a cabeça, mas acho que eu prefiro cantar”, diz o chef. “Cozinhando você está se movimentando bastante, mexendo os braços, andando. Mas cantando você usa sua expressão corporal e ainda pode dar uns gritos. É mais legal para desencanar”, explica.

Fogaça é o vocalista da banda de hardcore Oitão, criada em 2009 e que está prestes a lançar o seu segundo álbum, chamado “Pobre Povo”. Ao lado dele, os músicos Tadeu Dias, Ed Chaves e Marcelo Barbosa fazem um som “pesado” e “brutal”, segundo os próprios (ouça aqui).

Entre a panela e o microfone

Além de ser jurado do programa de TV “Masterchef Brasil” (ao lado do francês Erick Jacquin e da argentina Paola Carosella, do restaurante Arturito), Fogaça toca o restaurante Sal e o bar Cão Véio, cuida de sua família e ainda dá palestras e participa de eventos variados. A agenda é cheia, mas ele sempre encontra tempo para a banda.

“Eu sou músico desde antes de ser chef”, diz Fogaça, lembrando que começou a tocar ainda na adolescência, mas que cozinha somente há 15 anos. “Comecei a cozinhar quando vim morar sozinho em São Paulo e tinha que me virar para não comer comida congelada todo dia”, lembra.

“Eu gosto de fazer as duas coisas, elas têm um carinho bem parecido para mim”, diz Fogaça sobre qual seria sua atividade preferia, cozinhar ou cantar. “Mas a cozinha é o meu ganha pão, o meu sustento. Restaurante é todo dia, toda hora, né? Não é como a banda, que tem ensaio marcado”, completa.

Fogaça Oitão

  • Divulgação

    A gente faz som focado em alguma insatisfação. A gente faz um som para soltar a cabeça, para dar uma vomitada.

    Henrique Fogaça, chef e vocalista da banda Oitão

Hardcore

Parte do relaxamento de Fogaça vem de poder tratar de temas sérios em suas músicas. O primeiro disco da banda, “4º Mundo”, tem letras com críticas a temas como fome, corrupção e injustiça social – “Fome, miséria e dor” é o refrão da faixa que dá título ao álbum (ouça aqui).

“A gente sempre faz esse som focado em alguma insatisfação no dia-a-dia”, explica o chef. O que a gente vê, o que a gente vive, a situação do país. A gente faz um som para soltar a cabeça, para dar uma vomitada”, completa.

A banda tem como influências alguns grupos dos quais, hoje, eles se orgulham de serem amigos, como Ratos de Porão, Sepultura, Krisiun, Agrotóxico e Claustrofobia, entre outros.

Publicidade e “a banda do chef”

“O próximo show é em Manaus, dia 24 de agosto, e depois disso... Bom, tem que ver ainda. Depende bastante da agenda do Henrique, né?”, diz o baixista do Oitão, Ed Chavez. “Antes dele entrar na TV a gente brincou que a vida dele ia virar um pandemônio. E acabou virando mesmo, mas ele adora”, conta, comentando sobre a dificuldade maior em conseguir marcar compromissos depois da fama do amigo.

Mas Chavez também explica que a escolha de Fogaça para ser um dos jurados do “Masterchef” acabou criando uma espécie de “publicidade gratuita” para a banda. “Antes eu falava que o Henrique era da minha banda, agora os fãs mais jovens chegam e perguntam ‘Você é da banda do chef?’ Para você ver, são novos fãs”, brinca.

Segundo o músico, o assédio maior à banda vem no momento certo, de lançamento de um novo trabalho. “O disco está mais brutal, a banda se afinou bem desde o último, ele diz bastante o que o Oitão é hoje”, explica Chaves. “Quem gosta de som pesado vai se identificar”.

E para quem quer conhecer, mas tem medo de Fogaça? "O pessoal fica com receio por causa das tatuagens, mas depois descobre que ele tem o coração mais mole que gema de ovo", diz Chavez.