Dream Team do Passinho investe em música própria em álbum de estreia
Felipe Branco Cruz
Do UOL, em São Paulo
05/08/2015 06h00
Depois de ganhar notoriedade no "Caldeirão" (Globo), o grupo Dream Team do Passinho agora está compondo e cantando. O primeiro álbum, "Aperte o Play", lançado recentemente, mostra os integrantes bem à vontade como protagonistas das músicas que embalaram suas coreografias.
Até pouco tempo atrás, Diogo Breguete, Rafael Mike, Pablinho, Hiltinho e Lellêzinha eram apenas cinco jovens moradores de diferentes favelas cariocas que se encontravam de vez em quando em bailes funk. Nessas festas, eles participavam da chamada Batalha do Passinho, espécie de competição de dança que acabou sendo abraçada pelo apresentador Luciano Huck.
Ao levar uma edição dessa disputa para o palco do programa "Caldeirão", em 2014, Huck deu oportunidade para que os cinco jovens se unissem e formassem o grupo. "Não queríamos ser apenas um grupo de dança. Queríamos também cantar. Encontramos a linha tênue entre a dança e a música", disse Breguete.
Rafael Mike
Definimos o passinho como um movimento. Ele é uma dança do funk, mas bebe de outras fontes
Segundo Mike, quando participaram do programa de Huck, os cinco jovens chamaram a atenção de um dos jurados, o diretor e roteirista da Globo Rafael Dragaud, que teve ideia de juntar os competidores que mais se destacaram na atração para formar um grupo.
Não demorou muito e a música "Aperte o Play", que dá nome ao disco, foi uma das trilhas sonoras da Copa do Mundo no Brasil. Ainda durante o Mundial, eles participaram como cantores e dançarinos em um clipe remix da música "Vida", de Ricky Martin.
Mistura de ritmos
Os movimentos rápidos e sincronizados, quase hipnotizantes, do "passinho", como é chamado o estilo de dança do grupo, são a força motriz do Dream Team. Segundo os integrantes, além do funk, as coreografias são inspiradas em passos de balé, frevo, hip-hop, zumba e jazz. O mesmo ocorre com as músicas do álbum, que também passeiam pelo pop e rock.
"O passinho tem a coisa do duelo. Nos bailes, nós sempre queríamos saber quem dançava melhor. Era uma competição", disse Breguete, que lembrou que a música fez com os eles acreditassem que poderiam viver como artistas. "Viver de arte no Brasil é quase impossível, ainda mais para quem vem da favela", completou.
Antes de ficarem famosos como o Dream Team do Passinho, os integrantes do grupo, assim como muitos jovens pobres e negros, foram alvo de preconceito. "Você não sabe como é andar na calçada, e uma pessoa atravessar a rua para o outro lado porque pensou que você fosse um bandido", disse Breguete. "O funkeiro sofre preconceito só porque é da favela e negro. Mas atualmente, estamos vivendo uma fase bacana em que coisas boas estão acontecendo na nossa carreira."
A música de trabalho do grupo é "De Ladin", que tem uma forte pegada pop com elementos do funk carioca. O videoclipe está disponível na internet e já foi visto mais 1,2 milhão de vezes. "Definimos o passinho como um movimento. Ele é uma dança do funk, mas bebe de outras fontes", disse Mike. "Mas a nossa principal referência é a dança. Tem que dançar", garantiu. "O moleque da favela já nasce sabendo dançar funk e pagode. É a nossa referência popular. O passinho é a evolução disso."
As raízes populares da Batalha do Passinho, surgida no início dos anos 2000 nas favelas, não deixam dúvida. O grupo de cinco jovens não é apenas um produto fabricado por uma corporação musical para fazer sucesso rápido e ganhar dinheiro. Eles são talentosos e falam a língua dos jovens do Rio de Janeiro. Mas só o futuro vai dizer se o time dos sonhos do passinho continuará a fazer sucesso e não ficará apenas nos sonhos.
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