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"Fui chamada de brega no pior sentido, eu sofri muito", diz Fafá de Belém

Do UOL, em São Paulo

10/08/2015 22h26

A cantora Fafá de Belém foi a entrevistada da noite desta segunda-feira (10) no programa "Roda Viva" (TV Cultura). Fafá, que está completando 40 anos de carreira, falou sobre funk, sertanejo e sua relação com as músicas populares. Ela lembrou ainda que foi chamada de brega no sentido pejorativo e elogiou o cantor Emicida. "Meu grande ídolo agora é o Emicida", disse.

Fafá foi entrevistada pelos jornalistas Augusto Nunes, João Luiz Vieira, editor de Entretenimento da revista Época; Anna Virginia Balloussier, repórter do caderno "Ilustrada" do jornal Folha de S. Paulo; Marina Caruso, diretora de redação da revista "Marie Claire"; Lilian Coelho, repórter do "Jornal da Cultura"; e Mariana Kotscho, apresentadora do programa "Papo de Mãe", da TV Brasil.

Sobre as canções populares, Fafá disse que levou essas músicas para as massas. "Eu fiz a transição das cinco da manhã para a FM. Minha família ouvia de tudo. Fui chamada de brega no pior sentido, eu sofri muito. Eu tinha 20 e poucos anos e não entendia de onde saía tanto ódio", contou. 

Embora se diga uma cantora popular, Fafá criticou o tecnobrega e o funk. "O tecnobrega na nascente é maravilhoso. Mas ele virou quase um arremedo do funk. Eu não teria um disco de funk", disse. Ela ainda elogiou Chico Buarque, Vinícius de Moraes e Tom Jobim. "Nenhum deles têm música ruim. Só fizeram obras primas".

Fafá disse, no entanto, que não conhecia o Cristiano Araújo. "Eu não conhecia ele, mas conhecia a música dele. Existe um Brasil, com o streaming, que está voltando a gostar do Brasil".

Musa das Diretas

A cantora lembrou do dia da morte de Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985. Na ocasião, Fafá interpretou o Hino Nacional em rede nacional após o anúncio da morte. "Vou falar aqui uma coisa que nunca falei. Acho que o Sarney só foi informado da morte do Tancredo quando o Antônio Britto (secretário de imprensa do governo)  desceu para o auditório para avisar aos jornalistas".

Fafá comentou ainda sobre as manifestações atuais. "Acho que o sonho não morre e não morrerá. A crise maior que eu sinto é de desrespeito. A Dilma foi eleita por uma maioria. Ela é a Presidente da República eleita democraticamente. Não falo de panelaço, nem manifestações".

Das eleições, ela contou que apoiou Eduardo Campos. "O Dudu fez um governo exemplar em Pernambuco. E o Aecinho… eu chamo ele de Aecinho porque o conheço desde pequeno, veio depois. Meu sonho era o Eduardo Campos e o Aecinho juntos", disse.

Pé frio

Fafá lembrou que ganhou a fama de pé frio após a morte do Tancredo Neves. "Disseram para a minha filha que eu dava azar e as pessoas morriam. Eu fiquei brava e saí correndo para bater no Zózimo Barroso do Amaral, que estava falando isso. Foi o Otto Lara Resende que amenizou a situação e disse que essa brincadeira estava indo longe demais".

A cantora lembrou de outra situação que ocorreu em um vôo para a França. "Um menino sentou do meu lado e disse: 'Sou mais novo que você mas sei tudo da sua vida. Meu pai era do SNI (Serviço Nacional de Informações) e era encarregado da sua conta. Eu passava a limpo todo o relatório dele. Você viajava muito e esses relatórios eram imensos'. Eu fiquei assustada. Não sabia que eu era monitorada assim", contou. 

Fafá se mostrou a favor da liberação das biografias não autorizadas. "Eu entendo que a liberdade é livre. Sou rigorosamente a favor das biografia. A gente invade a casa das pessoas. Nós somos pessoas públicas. E a curiosidade está aí".