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Homem-banda de SC canta e toca dez instrumentos de uma só vez

Giuliano Valentini - Divulgação - Divulgação
O catarinense Giuliano Valentini, "homem-banda do projeto Giu One Man Band
Imagem: Divulgação

Luna D'Alama

Do UOL, em São Paulo

23/08/2015 07h00

Ele sabe tocar 13 instrumentos. Dez deles, ao mesmo tempo. O catarinense Giuliano Valentini, 24, é hoje um "homem-banda" que toca música folk, inspirada em Bob Dylan e Neil Young, nas ruas, bares e festas de Florianópolis e Balneário Camboriú. "Faço pelo menos dez atividades musicais ao mesmo tempo, além da voz e dos assobios. Não consigo mais tocar uma coisa só. É como um braço, virou parte de mim", disse o artista ao UOL.

Autodidata, Giu One Man Band, o nome artístico do músico, foi influenciado pelo irmão mais velho, guitarrista de uma banda de heavy metal que o deixava tocar bateria nos intervalos dos ensaios. "Foi quando ganhei uma bateria, mas não podia tocar no apartamento por causa do barulho, então ensaiava na escola, um colégio de padres em Itajaí", lembra Giuliano. Ele se cansou das bandas das quais fez parte, por ter que arrumar sempre um lugar para treinar e carregar o instrumento para todo lado, e teve uma ideia: ser um homem-banda.

Dos pratos e baquetas, o músico passou para o violão, comprado por R$ 35 aos 12 anos. "Aprendi em casa, pela internet. Com vídeos tutoriais, é possível tocar qualquer instrumento de corda", diz Giuliano. Na opinião dele, o instrumento mais difícil de todos chama-se didgeridoo, uma espécie de berrante usado por aborígenes australianos. "Levei dois meses para pegar o jeito porque tem incontáveis recursos. Como não consegui importar um original de madeira maciça, que custaria cerca de R$ 2 mil, construí um em PVC", revela o artista, que largou a faculdade de física na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) no último ano e o trabalho como professor de inglês para dedicar-se integralmente à música.

Para interpretar sozinho clássicos como "Like a Rolling Stone", "Sound of Silence" e "Sweet Home Alabama", além de dez canções próprias compostas em inglês, Giuliano também amarrou um guizo em uma tornozeleira e acoplou um chocalho a uma luva, usada na mesma mão com que toca o violão. Além disso, um galão vazio de 20 litros d'água serve de tambor. "Surgiu por acaso, quando fui visitar minha avó e ela me pediu para jogar o galão no lixo. Deixei cair no caminho e vi que fez um som bacana. Aí resolvi microfonar e ficou ótimo", conta ele, ressaltando que não quer ser visto como uma "atração de circo", mas sim que sua música toque as pessoas.

O catarinense também toca sanfona, flauta doce e flauta transversal. E ainda quer incluir à sua performance um pedal duplo na caixa da bateria e uma zamponha (flauta andina), que não precisa das mãos, desde que apoiada em uma base.

Planos futuros

O primeiro CD de Giu One Mand Band foi lançado no final de 2014 e, desde então, já vendeu quase todas as 2.500 cópias feitas. Em dias bons, saem cem exemplares em duas horas. "Hoje, 90% do meu arrecadamento é com a venda de discos, que custavam R$ 20 e agora baixei para R$ 10. Mas não penso em uma nova tiragem, já excluí duas músicas do repertório e esse CD não me representa mais tanto. Estou fazendo uma parceria para um novo álbum, que deve ficar pronto em um ou dois anos".

Apesar de tocar de quinta a domingo em lugares fixos, feiras e festas privadas (como aniversários e casamentos), Giuliano diz que gosta mesmo é de se apresentar nas ruas. "A primeira vez que fiz isso foi aos 15 anos, faturei R$ 160 num único dia. Distribuí a grana entre os primos", recorda ele, que se inspira no cantor Eddie Vedder, do Pearl Jam, no baterista John Bonham, do Led Zeppelin, e no jeito de Mick Jagger tocar gaita.

Giuliano também toca com outros dois músicos --um violinista e outro contrabaixista acústico--, mas diz que tem dificuldade de se comunicar com instrumentistas de formação clássica, pois nunca estudou formalmente. "Não sei pedir um dó sustenido menor com sétima, por exemplo", conta. "Mas ainda tenho um projeto de formar uma grande tropa, com até sete músicos, para tocar nos eventos maiores", diz o homem-banda, que pretende fazer shows nas outras capitais do Sul e em São Paulo.

Para viver como músico profissional, Giuliano afirma que também é preciso ter uma visão empreendedora, pois a rotina é incerta. "Meus pais me apoiavam mais quando isso era só um hobby, chegaram a financiar meus instrumentos no começo", conta o artista, que cresceu ouvindo música caipira com o avô materno, também gosta de Florence + The Machine, e ainda inclui em seu repertório nomes como Creedence Clearwater Revival, Pink Floyd e AC/DC.