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Netinho canta 5 músicas em novo show adaptado e descarta Carnaval 2016

Felipe Souto Maior

Do UOL, em Recife

28/08/2015 14h02

Após dois anos afastado dos palcos por causa de problemas de saúde e uma pequena excursão no ano passado, o cantor Netinho volta aos palcos nesta sexta-feira (28) com a turnê "DNA Netinho". Até domingo, ele vai se apresentar em Recife, no Manhattan Café Theatro.

O repertório será uma reunião dos hits da carreira do cantor e o show terá uma adaptação: Netinho estará acompanhando de um outro cantor baiano e, juntos, eles vão interpretar 30 canções. Porém, por ordens médicas, Netinho cantará apenas cinco canções. Em fase final de seu tratamento --ele sofreu um AVC em 2013--, Netinho foi o responsável por toda concepção e direção do show.

Após a apresentação, Netinho promete que permanecerá no palco para responder perguntas do público. "Vou responder tudo, sem restrições", disse o cantor ao UOL. Esse formato de show ficará na estrada até que o baiano consiga cantar todas as músicas sozinho.

Em conversa com o UOL, Netinho fala sobre sua nova rotina, a turnê, a sensação de voltar a cantar e seus planos para o próximo disco.

Com está sua rotina hoje em dia?
Já estou fazendo musculação, caminhada na praia, seguindo uma alimentação focada na dieta. Não como sal e gordura há mais de 15 anos, e faço ensaios com a banda e ballet. Já estou saindo de casa para ir à casa dos amigos, vou para um barzinho, jantar. Estou voltando devagar à vida normal. Mas a ficha ainda não caiu que eu voltei a cantar.

Por que escolheu Recife para retomar a agenda de shows?
A ideia era voltar a cantar em dezembro, porque ainda estou em tratamento de voz e corporal, como musculação. Há dois meses comecei a ficar agoniado para sair de casa, porque já consigo viajar, e aí fico naquela agonia para rever as pessoas, cantar e ouvir todos cantarem minha música também, e coincidiu essa vontade e desejo enorme com a questão do Manhattan, que é uma casa que tem proximidade com o público. Logo depois que vi as fotos da casa, descobri que eu e o dono da casa temos um amigo em comum, que é o doutor Roberto Kalil Filho, médico que cuidou de mim. Há algumas semanas estive no Hospital Sírio Libanês para fazer revisões, quando o doutor Kalil me viu e disse: "Não me fale nada, já sei de tudo". Foi uma coincidência feliz, tenho certeza que serão dias lindos.

E o que você pode adiantar sobre o show?
Meu show nunca vai deixar de ser elétrico, porque eu sou elétrico por natureza. Todos os meus shows da carreira sempre tiveram um momento intimista. Muitas vezes eu dispensava os músicos e ficava tocando o violão sem banda, em meio a toda parafernália dos trios e palcos. Para esse formato novo, continua com minhas principais canções dos meus 26 anos de carreira, entre agitadas e românticas. Hoje o show é composto por 30 canções, mas eu posso cantar apenas cinco por ordens médicas, por conta dos desgaste físico e, aos poucos, eu vou aumentando a quantidade de canções até que consiga cantar todo o show. Quando isso acontecer, lançarei uma nova turnê.

Como foi a escolha das cincos músicas?
Quando um cantor faz uma obra, para ele, é como um filho. Foi uma escolha difícil, porque amo todas. Então cantarei "Mila", "Menina", "Capricho dos Deuses", as outras são segredos. Eu soube que a mãe de Mila, que originou a minha canção, virá no show de domingo. Hoje, Mila mora aqui no Recife e, quando a mãe dela soube do show, ela estava na Rússia, comprou a passagem e vai vir para o show. Vou aproveitar essa oportunidade e fazer uma homenagem à ela, que eu nunca fiz e agora terei essa oportunidade.

Você já tem planos para o Carnaval de 2016?
Eu amo Carnaval, sou carnavalesco. Eu já recebi vários convites para o Carnaval de 2016, mas não tenho condições de fazer ainda porque, se eu fizer, será parte sentado no trio, cantando poucas músicas. Mas em 2017, com certeza eu farei Carnaval. Em pé, cantando tudo.

E seu próximo disco?
Eu ainda não posso gravar um disco inédito por conta da voz, que ainda não está no ponto. Quando retornei para Salvador, em janeiro deste ano, depois da segunda internação por seis meses no hospital, comecei a mexer nas coisas em casa. Encontrei fitas com canções que eu fiz para discos e, por questão de gravadora, elas nunca foram lançadas. Músicas lindas, mas que nunca entraram em discos, então estou fazendo uma compilação dessas músicas. Já reuni 16 canções e vou levar para o estúdio para remasterizar e acrescentar alguns instrumentos para serem lançadas. Esse novo trabalho será titulado com "Feito em Casa", e será um prenúncio para um novo disco.

Você também está escrevendo uma biografia, certo?
Em 2013, comecei a escrever meu livro dentro do hospital, porque eu queria mostrar tudo o que acontecia, desde as cartas que recebi e as pessoas que conheci nos quartos até os prontuários. Passei por muita coisa dentro do hospital, coisas até difíceis de falar, porque são assustadoras e inacreditáveis. Eu nunca quis falar isso na TV porque estaria invadindo, de alguma forma, a casa das pessoas. Na TV aberta, a pessoa é obrigada a assistir e eu não queria isso. No livro, quem tiver interesse vai lá e compra, porque vai ter muita coisa. Vou colocar fotos que eu só fui ver no final de 2013, porque eu fui proibido de me olhar no espelho. Todos os espelhos do hospital eram cobertos com fita crepe por conta do meu estado físico. Eu não era uma pessoa, de tão péssimo que eu estava. Cheguei no hospital pesando 90 kg e, no final, estava com 50 kg, a grossura da minha coxa toda era da mesma grossura do meu punho, só tinha osso e pele. [emocionado] Esse meu choro é de emoção, passei por muita coisa, mas ainda é muito forte.