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Na falta de estrelas, MTV coloca webcelebridades no tapete vermelho do VMA

James Cimino

Do UOL, em Los Angeles

31/08/2015 10h12

Foi-se o tempo em que o VMA (Video Music Awards) da MTV reunia as maiores estrelas da música mundial para performances que entrariam para a história. Com a decadência do formato e a pulverização das plataformas de vídeos, a emissora se focou em cativar e investir na geração dos “millenials” (jovens nascidos depois dos anos 1980, que cresceram familiarizados com o uso do computador e da internet).

Por isso, nada mais lógico que na edição deste ano lotar o tapete vermelho da premiação com webcelebridades, ou seja, jovens que ficaram famosos na internet, de quem você provavelmente nunca ouviu falar, mas que, tal qual estrelas de rock, arrancam gritos histéricos de hordas de adolescentes.

Um deles é Matthew Espinosa, 18, mais conhecido como o “rei do Vine” (uma espécie de Instagram de vídeos), que é seguido por nada menos que seis milhões de pessoas.

Mas o que ele faz para ter tanta audiência? “Basicamente procuro prender a atenção das pessoas por alguns segundos com situações cotidianas da minha vida”, disse ao UOL o garoto que, no meio de tanta exposição na internet, diz que também estuda: “tenho aulas on-line”.

Além dele, estavam lá Austin e Aaron Rhodes, que ficaram famosos ao revelar sua homossexualidade para o pai, por telefone, em um vídeo do YouTube que obteve mais de 20 milhões de acessos. Os garotos contaram que, desde então, passaram a dar conselhos a garotos que querem revelar sua sexualidade. Em seu canal, gravam vídeos dos mais diversos tipos, desde falar sobre depilação masculina ou até cantar sua canção preferida da Disney.

Na verdade, o que a MTV parece ter entendido é que estes jovens é que são os verdadeiros artistas do videoclipe de hoje em dia.

O marketing da polêmica

Fora da internet, no campo da música, mas nem tanto assim, a premiação também focou nos artistas que têm apelo entre as novas gerações. A apresentadora da noite, Miley Cyrus, que causou na edição de 2013 ao fazer uma performance sensual com Robbie Thicke durante a música “Blurred Lines”, aproveitou para causar mais um pouquinho. Pouco antes de sua última aparição, “flagrada” por uma câmera nos bastidores, deixou seu seio aparecer sem querer. Até pediu desculpas, mas logo em seguida resolveu mostrar os dois, para desespero do câmera, que não sabia se corria ou se dava logo um close.

Já vestida, subiu ao palco da premiação e mostrou que sua escolha como apresentadora dos prêmios nada mais era que uma bem montada estratégia de marketing para o anúncio de seu novo álbum, “Miley Cyrus and Her Dead Petz”, disponibilizado gratuitamente ao fim da apresentação do single “Dooo It”, cujos versos repetem a palavra “fuck” 35 vezes.

A grande performance da noite, anunciada com pompa pela emissora como seu retorno ao palco do VMA após cincos anos, era Justin Bieber, cujo ponto alto foi quando ele flutuou suspenso por cabos… Ou seja, até a Claudia Leitte já fez.

E para completar, já que música não importa mais mesmo, a MTV resolveu explorar uma picuinha antiga e colocou Taylor Swift para entregar o prêmio de artista de vanguarda para Kanye West. Para quem não se lembra, West subiu ao palco do VMA em 2009 e interrompeu o discurso de agradecimento da jovem para criticar sua escolha como melhor clipe feminino.

Foram 3 minutos de Taylor de um lado falando como ficou amiga do cantor e mais dez de Kanye ficando em silêncio com uma cara calculadamente emotiva enquanto arrancava confete da plateia de jovens que o aplaudia loucamente. “Pergunte aos jovens, bro!”, dizia ele logo depois de criticar a lógica das premiações e a MTV por explorar a reconciliação com Taylor. Disse que, apesar de às vezes ofender as pessoas, não vai parar de ser quem ele é. Mas a cereja do bolo foi quando admitiu que havia fumado maconha antes do discurso e que se candidataria a presidente em 2020.

Quem tirou proveito de todas as situações muito bem foi Miley Cyrus, que com uma desenvoltura digna de Ellen DeGeneres se saiu muito bem no improviso durante a apresentação. “Agora todo mundo já sabe como o Kanye fica depois de fumar. O pior é que ele nem me passou o baseado”, brincou a cantora, cujo novo single “Dooo It” também faz referência à erva: “Sim, eu fumo maconha e tô pouco me f*****do…”.