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Nostalgia e referências a antigas edições marcam início do Rock in Rio 2015

Felipe Branco Cruz<br> Leonardo Rodrigues<br>Tiago Dias

Do UOL, no Rio

19/09/2015 09h00

Se uma palavra pode definir o primeiro dia do Rock in Rio 2015, ela é nostalgia. Nesta sexta-feira (18), o público que esteve na Cidade do Rock pôde matar a saudade de antigas edições do festival. E não era para menos, já que a programação parece ter sido feita sob medida para isso, com shows em homenagem aos 30 anos do evento e um tributo à Cássia Eller, além de ter como principal atração o Queen, que, com o vocalista Adam Lambert, recriou o histórico coro que havia sido comandado por Freddie Mercury na música "Love of My Life", em 1985.

Na plateia, não era difícil encontrar pessoas que estiveram na primeira edição do festival. As gêmeas Adriana e Regina Schumacher, hoje beirando os 50 anos, se prepararam com pompa e figurino especial para a ocasião. Mandaram fazer uma camiseta com a foto de Freddie Mercury e a frase: "Eu fui". "Só de lembrar, arrepia. A energia era recíproca, sabe? A gente conhecia o Queen de rádio, mas não sabíamos o que esperar do show e do festival. Era o primeiro desse porte no Brasil. Foi uma surpresa mútua, dava para ver na cara do Freddie", disse Regina. "Hoje, certeza que Freddie está aqui com a gente", acredita Adriana.

Na época, as gêmeas tinham 18 anos e arrastaram a irmã mais nova, Sandra, que tinha 16. "Era muita maconha, tinha um cara que olhava para nós duas assim, iguais, vestidas iguais, e dizia: 'Estou muito louco'", recordam às gargalhadas as gêmeas, que retornaram com a irmã caçula à edição deste ano.

Segundo elas, os tempos mudaram. "A gente veio de Voyage [em 1985], não sabia como chegar, não tinha estrutura nenhuma para vir até aqui. Hoje a gente já veio de BRT [linha especial de ônibus, com frota exclusiva para o festival]". Mas a grama sintética e o clima família da edição atual chegam perto da loucura e da lama de 1985? "Estamos com cinquentinha, né?", brincou Regina. "Prefiro agora, tem lugar para sentar", completou Adriana.

Evandro Oliveira, 62, que também marcou presença no festival de 1985, diz que, apesar da nostalgia, também prefere a atual versão. "Está uma maravilha. Muito melhor, gente. Hoje é fantástico. Vale muito gastar mais dinheiro hoje para aproveitar tudo isso aqui. Esperando Queen. Vamos ver como fica [com Adam Lambert]. Vamos ver se dá o mesmo arrepio de anos atrás”, diz o funcionário público, morador do bairro de Santa Cruz, zona oeste do Rio.

 

Os amigos cariocas Gilmar Adelmar Medeiros, 56, e Rodrigo Bueno Norberto, 47, contam que estiveram em todas edições do Rock in Rio, em 1985, 1991, 2011, 2013 e agora. Os dois, inclusive, estavam na histórica apresentação do Queen, em 85, quando Freddie Mercury regeu o púbico em "Love of My Life" (vídeo acima).

Nesta sexta, quando o Queen voltou a se apresentar no festival, com Adam Lambert nos vocais, os dois amigos voltaram a se emocionar entoando a clássica canção da banda e destacaram o sentimento de nostalgia do festival. "Desta vez trouxemos toda a família", disse Gilmar. "Eu esperava pessoas mais velha no show de hoje, mas vi muitos jovens. Eu vim porque gosto do evento. Gosto do Rock in Rio."

Rodrigo, por sua vez, disse que foram duas emoções diferentes, separadas por 30 anos. "Eu nem viria neste show. Meus filhos compraram os ingressos, mas desistiram porque tiveram que fazer prova na faculdade", contou. "Decidi, então, vir eu e a minha mulher."

Pamera Ferreira, Daniel Monteiro, Roberto Ventura e Marina Araujo no Rock in Rio - Felipe Cruz/UOL - Felipe Cruz/UOL
Pamera Ferreira, Daniel Monteiro, Roberto Ventura e Marina Araujo também curtiram o Rock in Rio em clima de nostalgia
Imagem: Felipe Cruz/UOL
Saudade do show que não viu

O clima de nostalgia também era evidente entre o grupo de amigos liderado pelo engenheiro carioca Roberto Ventura, 44. "Eu era criança em 1985, e meu pai não deixou eu ir. Disse para mim mesmo que nunca mais faltaria a nenhum Rock in Rio. Fui em 1991, 2001, 2011 e 2013", conta. Roberto estava acompanhado da mulher Marina Araújo, 40, e do casal de amigos Pamera Ferreira, 32, e Daniel Monteiro, 43.

"Eu tenho esse negócio dentro de mim. Todo Rock in Rio eu tenho que ir. Venho apenas para curtir mesmo", completou o engenheiro, que se diz fã de Metallica e voltará à Cidade do Rock neste sábado para ver o show da sua banda favorita. Na semana que vem, ele voltará novamente, por causa da filha, fã de Katy Perry. "Vai ser o primeiro Rock in Rio dela."

Tania e Carlos de Rose, ambos de 63 anos, foram ao Rock in Rio para ver o Queen - Felipe Cruz/UOL - Felipe Cruz/UOL
Tania e Carlos de Rose, ambos de 63 anos, foram ao Rock in Rio para ver o Queen
Imagem: Felipe Cruz/UOL
Já o casal Tania de Rose, 63, e Carlos de Rose, 62, não foi ao primeiro Rock in Rio, mas ama o festival. "Viemos em 2011 e 2013 e nosso filho, de 30 anos, foi em 2001", disse Tania. "Conhecemos só o Queen. Viemos no Rock in Rio porque amamos música. No nosso tempo livre gostamos de assistir shows", disse Carlos.

Outro casal que também não foi no primeiro Rock in Rio é Cristina Cardoso, 53, e Marco Cardoso, 49. "Estou resolvendo um passado mal resolvido", disse Marco. "Meu sonho era ter ido em 1985 e não consegui. Finalmente estamos aqui". O casal levou a filha e o genro. "Nós que os convidamos. Nós só conhecemos o Queen, mas queremos assistir o máximo de shows que pudermos", completou Cristina.