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Johnny Depp rouba a atenção de lendas e triunfa com o Hollywood Vampires

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

24/09/2015 21h49

Formado por um verdadeiro dream team do rock dos anos 70 e 80, o Hollywood Vampires fez um dos melhores e mais animados shows do Rock in Rio 2015. A escalação dourada ajudou. Não é todo dia que você consegue ver juntos, num mesmo festival e num mesmo palco, os quilates de Alice Cooper, Joe Perry (guitarrista do Aerosmith), Duff Mckagan (ex-baixista do Guns N' Roses) e Matt Sorum (ex-baterista do The Cult e Guns).

Mas, ao menos ao vivo, boa parte do sucesso da banda pode ser atribuída a simples presença de Johnny Depp na guitarra. Cada vez que aparecia no palco, o ator, com seu visual cool meio pirata, meio Keith Richards, com cigarro no canto da boca, fazia a plateia se derreter em urros e gritinhos histéricos --tanto femininos quanto masculinos.

Ao vivo, e provavelmente em estúdio, Johnny Depp é secundário: limita-se à guitarra base e não chega perto dos microfones. É tímido. Apesar de sempre ter sido um amante do rock, claramente não tem o traquejo dos colegas. Mesmo assim, seu magnetismo hollywodiano consegue eclipsar as lendas com as quais divide o palco.

É um fenômeno raro, que se estende visualmente sobre a plateia. Não era difícil avistar figuras fantasiadas de pirata Jack Sparrow, seu personagem nos filmes "Piratas do Caribe", ou simplesmente reproduzindo o visual clássico do ator, de chapéu, barba e óculos de acetato.

Se o jogo já começou com o resultado definido para o Hollywood Vampires, o repertório foi a cereja de um bolo com chantilly de hard rock. Com exceção à "Raise the Dead", presente no recém-lançado álbum do grupo, o setlist é baseado apenas em covers.

Um karaokê coletivo que incluiu Led Zeppelin (“Whole Lotta Love”, com participação da cantora Lizzy), The Doors (“Break on Through”), Rolling Stones (“Brown Sugar”), The Who ("My Generation" e "I'm a Boy") e o próprio Alice Copper ("School's Out" e "Billion Dollar Babies", em dobradinha com Andreas Kisser) --um vocalista em segundo plano.

As músicas homenageiam atuais e antigos integrantes dos Vampires, que foi formado em Los Angeles nos anos 1970. Inicialmente, não como banda, mas como um grupo de bebedeira, que se reunia no famoso clube Roxy e chegou a contar com John Lennon, Keith Moon, Jimi Hendrix e Marc Bolan em suas formações mais veteranas.

Em tempos em que grandes ídolos do rock parecem artigos em extinção, Johnny Depp fusou um expediente manjado e fez as vezes de lenda roqueira. No cômputo, não decepcionou.