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Em carta, Roger Waters iguala Bon Jovi a "assassinos israelenses"

Do UOL, em São Paulo

02/10/2015 15h33

Depois de pedir para Caetano Veloso e Chico Buarque não tocarem em Israel, Roger Waters agora direciona seus esforços para Bon Jovi. Em uma carta, o ex-Pink Floyd pediu para os integrantes da banda não se apresentarem neste sábado (3) em Tel Aviv. A informação foi divulgada pelo site americano da revista "Rolling Stone".

"No passado, escrevi cartas detalhadas e, às vezes, persuasivas, a colegas do show business, os encorajando a não ceder às políticas segregadoras do governo israelense ao se apresentar no país", Waters escreveu.

Em uma entrevista ao jornal israelense "Yedioth Ahronoth", Jon Bon Jovi disse que "sempre ouviu falar de como Israel é um lugar maravilhoso - terra natal de todas as religiões. Eu já estive em todos os lugares e Israel sempre foi um país que eu queria visitar, mas nunca consegui. Desta vez eu insisti que Israel deveria estar na nossa lista e aconteceu", disse.

Waters, por sua vez, disse que os integrantes da banda se igualam aos soldados que incendiaram um bebê vivo e e ao ministro que prega o genocídio. "Vocês tiveram a chance de ficar ao lado da justiça", conclui.

Leia a carta na íntegra:

Estimados Jon Bon Jovi, David Bryan e Tico Torres

No passado, escrevi cartas detalhadas e, às vezes, persuasivas, a colegas do show business, os encorajando a não ceder às políticas segregadoras do governo israelense ao se apresentar no país. Após ler os comentários de Jon, não vou traçar paralelos com o apartheid sul-africano. Apenas direi que vocês se igualam…

Ao soldado que incendiou um bebê vivo.

Ao piloto do tanque de guerra que esmagou Rachel Corrie.

Ao soldado que atirou nos pés do jogador de futebol.

Ao marinheiro que afogou garotos na praia.

Ao sniper que matou um garoto por estar com uma camiseta verde.

Ao que esvaziou seu pente de balas em uma garota de 13 anos.

E ao ministro que prega o genocídio.

Vocês tiveram a chance de ficar ao lado da justiça.

Com o piloto que se recusou a bombardear um campo de refugiados.

Com o jovem que preferiu ter oito mandados de prisão a servir o exército.

Com o prisioneiro que fugiu por 226 dias até a liberdade.

Com o médico banido por salvar vidas.

Com o fazendeiro vitimado por ir até o muro das lamentações.

Com a criança sem pernas crescendo nos escombros.

E as outras 550 que nem crescerão, graças a mísseis, tanques e balas que enviamos.

Os mortos não lembram os crimes que vocês ignoram. Mas, não vamos esquecer que permanecer silencioso e indiferente é o pior dos crimes.

Roger Waters