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Sem drones e com músicas novas, Muse promete show pesado no Brasil

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

22/10/2015 06h00

É para contar nos dedos. Qual outra banda de rock na atualidade seria capaz de vir ao Brasil e abarrotar grandes arenas, provocando cenas dramáticas de histeria no público, com hordas de meninas e marmanjos entoando cada letra com se fosse a história de sua vida?

Nesse quesito, considerando quem apareceu nos últimos 20 anos, talvez apenas o Foo Fighters consiga parear com o Muse, que volta ao país após figurar como atração principal na edição 2014 do festival Lollapalooza. Agora, o grupo inglês se apresenta no Rio, nesta quinta (22), no HSBC Arena, e em São Paulo, no próximo sábado (24), no Allianz Parque.

Promessa de coros, refrões épicos, raios multicoloridos e de um certo peso do qual os integrantes vinham abdicando nos últimos tempos. A apresentação trará pela primeira vez ao país o repertório do novo álbum da banda, “Drones”, descrito como mais seco e direto pelo próprio Muse. Uma espécie de retorno às origens.

“Esse novo disco traz mais guitarras, riffs e peso, e acho que isso está influenciando nas outras músicas também. Vamos escolher músicas mais pesadas”, disse ao UOL, por telefone, o baterista Dominic Howard, que também falou sobre o conceito do trabalho, o tamanho que o Muse atingiu e o fato de ele e os colegas Matthew Bellam (vocal e guitarra) e Christopher Wolstenholme (baixo) não terem tocado no último Rock in Rio. "Já tocamos em 2013. Não conseguimos tocar em todas as edições”, brincou Don.

Após a entrevista, realizada em setembro, o UOL checou com a produtora dos shows no Brasil se os esperados Drones cenográficos iriam de fato sobrevoar a plateia, conforme prometeu o vocalista Matt Bellamy e insinuou o baterista durante a entrevista. De acordo com a Time For Fun, no entanto, eles não vem sendo usados na turnê.

Veja abaixo os principais trechos da conversa com Dominic Howard.

UOL - Como estão as expectativas para voltar ao Brasil?

Dominic Howard - Estou ansioso. Eu amo o Brasil. Adorei ter visitado vocês nos últimos anos. A cada vez que você visita um país, mais você o conhece. Tivemos grandes momentos. A plateia é simplesmente insana. É incrível. Não faz muito tempo que estivemos aí. Tocamos no Lollapalooza, em abril do ano passado, e, antes, no Rock in Rio. E o público era sempre impressionante. Também estou na expectativa de comer boa comida e tomar caipirinhas (risos).

Como será o show?

Vai ser um grande show de rock. E será pesado. Vamos tocar músicas novas, do novo álbum. Esse novo disco traz mais guitarras, riffs e peso. E acho que isso está influenciando nas outras músicas também. Vamos escolher músicas mais pesadas.

De onde surgiu o conceito de “Drones”, o novo disco?

No ano passado, em particular no meio do ano, nós estávamos trabalhando nas músicas, e o Matt basicamente leu alguns livros sobre isso. Sobre o uso sombrio de drones em guerras. É um assunto bem interessante. Nós discutimos e pensamos em desenvolver esse tema trazendo ideias diferentes sobre o assunto.

Mas os drones são usados metaforicamente no álbum. Não só como máquinas voadoras de guerra. Falamos especialmente sobre humanos, do ponto de vista psicológico. O álbum é muito sobre acordar sem ter de viver conforme a norma, o que te tornaria essencialmente um drone humano. É sobre você ter sua própria voz. Usamos os drones para construir a narrativa ao longo das músicas.

Vocês têm feito cada vez mais sucesso, tocando para cada vez mais gente no mundo. Já se sentem como os Beatles ou Rolling Stones da nova geração?

(Risos) Não acho que nós nos consideramos ou nos sentimos como eles. Nós amamos fazer música, em primeiro lugar. Realmente gostamos de fazer shows, de sair em turnê e tocar pelo mundo. Você tem que curtir o que faz para ser bom em qualquer coisa na vida. E isso é algo que ainda curtimos demais fazer.

De muitas formas, as coisas foram ficando melhores e melhores para a gente. Isso que estamos conseguindo agora é algo que sempre sonhamos quando éramos mais jovens. Mas, ao mesmo tempo, também é uma loucura. Há os dois lados no sucesso. Por um lado, nós sempre queríamos chegar a esse nível e conseguimos. Por outro, é selvagem perceber que existem milhares de pessoas enlouquecendo por nossa causa. Não esperávamos isso.

Vocês vieram no Rock in Rio 2013. Por que não voltaram este ano?

Já tocamos em 2013. Não conseguimos tocar em todas as edições (risos). Estaremos excursionando na Europa e na Ásia.

No começo de carreira, muitos comparavam o Muse ao Radiohead. Isso ainda incomoda?

Claro que não nos incomoda agora. Acho que nunca nos incomodou. Todas as bandas que aparecem podem soar parecidas com outras. E comparar é um jeito fácil de explicar do que algo se trata. Acho que nós e o Radiohead somos bandas muito diferentes hoje em dia (risos). Não há o que comparar. Talvez apenas o vocal seja algo que se aproxime. O Matt tem um alcance grande, assim como Thom Yorke, o Jeff Buckley e vários outros. Muitas pessoas cantam desse jeito.

Se tivesse que escalar o line-up ideal de um festival, com o Muse tocando e bandas de qualquer época, qual seria?

Seríamos “headliners”, claro (risos). Brincadeira. Oh, essa é difícil.

Jimi Hendrix talvez?

Sim. Se Hendrix pudesse aparecer seria demais. Mas ele seria legal mais ou menos no meio do dia, talvez não no início. Acho que The Police seria legal. The Gills poderiam vir. Tame Impala, Royal Blood. Talvez o Queen pudesse fazer um show surpresa. Que tal?

Com o Freddie Mercury?

Com o Freddie, obviamente (risos).