Incentivado pela mãe, Max Cavalera cultua Oxóssi em novo disco do Soulfly
Formado por Max Cavalera em 1997 após a sua saída do Sepultura, o Soulfly chega este ano ao seu 10º álbum autoral, “Archangel”. Assim como os trabalhos anteriores, as músicas continuam abordando temas religiosos e místicos, porém desta vez o vocalista quis deixar isso ainda mais explícito estampando na capa uma imagem de São Miguel Arcanjo e dentro do encarte, uma imagem de Oxóssi, do candomblé.
A ideia, segundo Max, veio de sua mãe, Vânia Cavalera. “Ela que deu a inspiração para o disco. Ela é muito conectada com o candomblé e o ano de 2015 é regido pelo Oxóssi”, contou ao UOL. “Então eu resolvi fazer um disco em homenagem a ele. Além disso, o São Miguel Arcanjo da capa tem as asas no formato da logo do Soulfly”, explica. “Minha mãe continua sendo uma fonte de inspiração para mim”.
A influência religiosa está em faixas como “Bethlehem's Blood”, "Archangel", "Ishtar Rising" e "Sodomites". “Sempre gostei desse lance mais espiritual e exótico das coisas. Tem música com palavras em hebraico e outra falando sobre os deuses babilônicos”, comenta.
Mas o álbum guarda também espaço para uma homenagem ao heavy metal na música "We Sold Our Souls to Metal". O cantor revela que a sua vontade era a de que a faixa se transformasse em um hino dos headbangers. “Eu a compus como se eu tivesse 15 anos. Ela é super simples e diz: ‘Nós vendemos a nossa alma para o metal’. É para ouvir e se divertir”, garante.
No ano que vem, Max revelou que deverá excursionar com o Soulfly no Brasil. “Quero fazer uma turnê grandona mesmo, de um mês e meio de duração. Com o Cavalera Conspiracy eu vi que isso é possível. Quero fazer shows de norte a sul do Brasil”.
Família Cavalera
Mas não é só a mãe do cantor que teve influência no álbum. A família Cavalera inteira participou. A música “Mother of Dragons”, que é dedica a sua mulher Glória, teve a participação dos três filhos do casal, Igor, Richie e Zyon. “‘Mother of Dragons’ é o apelido que os fãs deram para a minha mulher. Foi uma coincidência com ‘Game of Thrones’. Eu assisto a série de TV, mas a música é para a Gloria”.
A faixa conta ainda com os vocais de Anahid M.O.P, uma cantora de metal do Irã. "Quero divulgar o metal no Oriente Médio. Aquela região é fantática por música e eu nunca toquei por lá. Estou conhecendo os artistas de lá e estou gostando muito".
Zyon, 22, que eventualmente fazia apenas participações especiais nos shows do Soulfly, assumiu de vez a bateria. Zyon, aliás, está presente nos trabalhos de Max antes mesmo de nascer, já que as batidas de seu coração dentro do útero da mãe Gloria foram incluídas na abertura da música “Refuse/Resist”, do álbum “Chaos A.D.” (1993).
“Ele aprendeu a tocar bateria acompanhando as turnês do Soulfly. Sugeri para ele estudar jazz, para abrir a cabeça em termos de ritmo e criação. O Zyon tem umas viradas de bateria que me lembra muito o meu irmão Iggor”, elogia.
Trabalhos paralelos
Max falou também sobre o projeto Killer Be Killed, feito em parceria com Greg Puciato (The Dillinger Escape Plan), Troy Sanders (Mastodon) e Dave Elitch (ex-The Mars Volta). Para o vocalista, este foi o trabalho mais pop que ele já fez. “É um lance mais leve, mais melódico, sabe?”, diz. “Depois de 30 anos, eu queria fazer algo diferente. Foi o jeito que eu encontrei para botar para fora as influências melódicas que tenho dentro de mim”, completa.
Embora a briga com os ex-colegas do Sepultura não tenha se resolvido até hoje, nunca foi tabu para Max falar sobre o grupo. “Tenho muito orgulho do Sepultura. Tenho uma tatuagem da banda. Em todos os nossos shows eu toco músicas como ‘Roots’ e ‘Refuse/Resist’. Acho que as pessoas querem ouvir esses clássicos com a voz original”.
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