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Pai de Amy Winehouse diz que documentário sobre cantora "é uma mentira"

Alexandre Matias

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/11/2015 19h04

"Para começar, aquilo não é um documentário, é uma mentira", golpeia Mitch Winehouse sobre o recente documentário que aborda a vida de sua filha Amy. Dirigido por Asif Kapadia, o mesmo que fez o recente "Senna" (2010), sobre o piloto brasileiro, o filme estreou este ano causando polêmica.

O longa conta a história da vida da cantora morta em 2011 em tons crus, enfatizando a decadência frente ao álcool e às drogas, logo após o súbito estrelato. E pinta com cores nada agradáveis o retrato do pai de Amy, o ex-taxista que retomou a carreira de crooner, ensaiada na juventude, e agora faz shows de jazz pelo mundo. 

"O problema nem é a forma como me retratam", disse Mitch ao UOL por telefone, diretamente do Rio de Janeiro --ele está em turnê pelo Brasil. "Se fosse só por mim, eu não me preocuparia. Paciência, é o tipo de coisa que sempre vai acontecer", explica. "O problema é que o filme é feito para causar polêmica".

O pai da cantora é retratado como se fizesse vista grossa para seus problemas com álcool e com as drogas, tirando-a da clínica de reabilitação em que estava internada para que ela gravasse seu grande disco, "Back to Black", em 2006. Mitch explica que o documentário não distorce a realidade e funciona como um bom filme --até chegar em 2008, o ano em que a cantora começa a fazer sucesso.

"A partir de 2008, parece que a vida dela mudou para pior. Há uma Amy feliz e de bem com a vida que, a partir do sucesso, desaparece. E isso não é verdade. Não há nenhuma menção aos amigos próximos dela, ao namorado com quem ela queria se casar. Vocês, do Brasil, deviam se perguntar onde estão os shows que ela fez aqui, poucos meses antes de morrer. Foram ótimos shows e ela estava feliz, queria que eu conhecesse o Brasil, inclusive. Mas isso não aparece no filme, só os shows em que ela estava mal".

As lembranças não são exatamente as mesmas compartilhadas pelos fãs brasileiros, que viram a cantora apresentar shows curtos e com a voz ainda não recuperada dos excessos dos anos anteriores.

Ainda assim, a visita da cantora ao Brasil é um dos motivos para Mitch estar passando pelo país com sua turnê. "Ela me falava: "Pai, você tem que ir ao Brasil, as pessoas lá são incríveis, mas também passam por muitas dificuldades'", contou ele, que se apresentou no domingo (15) em Porto Alegre e faz show nesta segunda-feira em São Paulo, no Teatro Bradesco. As apresentações seguem depois para o Rio de Janeiro (18) e Natal (20).

Assista ao trailer do documentário "Amy"

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Retomada da carreira

Mitch cantava profissionalmente nos anos 1970, quando também atuava como taxista, e era convidado ocasionalmente para participar de shows com Amy. Hoje, canta como forma de atrair atenção para a ONG que criou após a morte de sua filha, a Amy Winehouse Foundation, dedicada a tirar crianças e adolescentes do vício das drogas.

"Toda a renda dos meus shows vai para a fundação", disse. Enquanto esteve no Rio, visitou a ONG Afroreggae, com quem vai desenvolver uma parceria. "Estive em Vigário Geral vendo o trabalho deles nas favelas, e é realmente incrível o que eles fazem, usando principalmente o poder da música".

Os shows no Brasil passarão por standards do jazz, mas terão ênfase em música brasileira. "Eu amo a música brasileira, vocês realmente ensinaram o mundo a cantar de outro jeito", empolgou-se. E, além de passar por clássicos da bossa nova e cantar músicas de Tom Jobim e Sergio Mendes, Mitch também terá a participação de Elza Soares. "Ela é uma cantora formidável".

Ao ser questionado sobre a possibilidade de responder ao filme com um documentário oficial, Mitch preferiu não entrar em detalhes. "Estamos preparando uma série de novidades sobre o trabalho da minha filha, que ainda não é conhecido o suficiente", afirmou. "Mas como estamos em estágios bem iniciais de alguns projetos, é melhor não entrar em detalhes para não criar nenhuma expectativa falsa". Ele promete que, a partir do ano que vem, alguns destes projetos começarão a ver a luz do dia.

Mitch Winehouse em São Paulo

Quando: segunda-feira (16), às 21h
Onde: Teatro Bradesco - Bourbon Shopping (rua. Palestra Itália, 500, 3º piso)
Quanto: R$ 50 a R$ 230