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Sónar volta ao Brasil e apresenta nova geração do eletrônico para poucos

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

29/11/2015 08h49

A volta do Sónar ao Brasil, neste sábado, em São Paulo, foi tímida, mas cumpriu a função em revelar certo frescor da cena eletrônica atual, fora as grandes atrações da noite, Chemical Brothers e Hot Chip. Saiba como foi o show inteiro do Chemical Brothers no Blog do Matias.

Em 2012, o Sónar escalou atrações de calibre como Justice, Kraftwerk, Flying Lotus e Cee Lo Green. A edição seguinte, programada para 2013, chegou a confirmar a apresentação do Pet Shop Boys, mas foi cancelada em seguida. Com o público de 6.000 pessoas (foram posto a venda 8.000 ingressos), a volta foi minguada.

Sem a mesma energia das outras edições, a plateia só lotou o Espaço das Américas com o Chemical Brothers, e também graças à distribuição maciça de convites VIP e venda de ingressos por sites promocionais -- com valores bem abaixo dos salgados R$ 550.

O evento acabou perdendo sua identidade de festival ao sair da Arena Anhembi para o Espaço das Américas, mas ganhou com um mosaico, que ia do clima soturno da chilena Valesuchi ao hip-hop pesado e experimental do britânico Evian Christ. Em comum, a pouca idade e a liberdade em se criar batidas autorais e com personalidade, longe da caricatura do EDM.

"São nomes famosos na Europa, eu não conhecia, mas curti bastante o visual. A variação de estilos é bem grande", disse Fernando Luis, 47. "Gosto muito de novidades. É uma geração nova, bem interessante".

Inspirada pelo deep house e até mesmo de cumbia, Valesuchi mostrou personalidade, mas sofreu com o som soturno. Na abertura, poucas dezenas de pessoas assistiram.

Cria do Youtube e do Soundcloud, o britânico Evian Christ tem chamado atenção na Europa com um show completamente futurista e experimental, repleto de luzes e de projeções. 

Representante da cena na França, Brodinski, o mais velho e conhecido da turma, teve a sorte de se apresentar para uma plateia maior, antes do Chemical Brothers. O DJ fez um som bastante dançante e arrancou gritos e aplausos da plateia com um mix de heavy techno com hip hop e house.

Scarlat Lima, 26, aprovou a programação. "Eles têm liberdade de criação, é uma geração de produtores bem bacanas. Se antes existiam gerações que seguiam o mesmo caminho, a pluralidade é a cara dessa nova geração", disse, depois de gravar vários vídeos de Brodinski por celular. "É um dos meus favoritos atualmente".

Saído do famoso clube de música eletrônica de São Paulo, o D-Edge, Zopelar segurou o público antes do Hot Chip. Sem telão ou luzes, ele confiou o set de dance music com muito sintetizador. No escuro, o madrilenho Pional terminou a festa com pop-house.

Preço

O preço alto do ingresso afastou o público na segunda edição do Sónar no Brasil. A médica Célia Cristina, 52, fã do Chemical Brothers, disse que só estava ali pela meia-entrada, que podia ser garantida com a doação de um livro. "Achei a iniciativa excelente".

Para o casal Letícia Melo, 27, e Alex Vieira, 31, estreante no Sónar, o valor valeu a pena para conhecer novos DJs e ver -- claro! --a atração principal da noite. "É um preço que selecionava muito as pessoas, mas assistir Chemical com esse som de qualidade vale a pena", disse a fã.