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Primeiro Brahma Valley consagra área VIP e prova que sertanejo é pop

Felipe Branco Cruz<br>Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

30/11/2015 07h00

Festival no Jockey Club de São Paulo que se preze tem seu próprio apelido. Depois do "Lamapalooza" (o codinome brasileiro para o Lollapalooza, que já debandou do local), chegou a vez do "Lama Valley", como já foi chamada esta primeira edição do Brahma Valley. O fim de semana chuvoso na capital paulista deu um banho nas cerca de 50 mil pessoas que passaram entre sábado (28) e domingo (29) ao evento, transformou o local em um lamaçal, mas, como era de se esperar, a música venceu. E, dessa vez, foi a música caipira. Aceitemos: o Brasil é sertanejo, e o sertanejo é pop.

Demorou para surgir a iniciativa de promover, na maior cidade brasileira, um festival de música popular nos moldes dos principais eventos já estabelecidos por aqui, como Lollapalooza, Rock in Rio e Tomorrowland. O slogan da organização foi certeiro: "O sertanejo como você nunca viu". A promessa foi entregue: o que se presenciou foi um sertanejo urbano, rico, divertido e de qualidade.

E praticamente todos os sertanejos que dominam atualmente as paradas de sucesso estiveram na programação. Henrique & Diego, Jads & Jadson, Gusttavo Lima, Victor & Leo, Marcos & Belutti, César Menotti & Fabiano, Fernando & Sorocaba. A ausência mais sentida foi a de Luan Santana. Wesley Safadão, Eduardo Costa e Paula Fernandes também poderiam ter pintado por lá.

Já o público, formado por pessoas dos mais variados estilos, celebrou a festa em clima de balada --ainda que uma divisão tenha ficado evidente entre aqueles que curtiram com o máximo conforto em duas áreas VIP e os que tiveram que encarar o barro.

Comida à vontade, massagem, sorvete gourmet, salão de beleza: eram vários os mimos da área VIP, que lotou e se mostrou uma boa alternativa para quem queria fugir da lama. O único problema era o preço, que chegava a passar de R$ 1.000. Mas o lamaçal se tornou tão insalubre do lado de fora que, no fim das contas, nem parecia tão caro assim.

Teve até gente que achou o Brahma Valley melhor do que a tradicional Festa de Peão de Barretos. "E olha que eu vou todo ano", contou Ana Carolina Mendes, 26, de Araraquara. "Aqui tem várias atrações e nós conseguimos chegar perto do palco", completou ela, que também é frequentadora de eventos de música eletrônica, como Tomorrowland e XXXperience.

Problemas

A primeira edição, porém, não passou ilesa de problemas. Além da pouca estrutura para minimizar o impacto da lama, que dificultou especialmente o acesso de deficientes físicos, houve reclamações de falta de sinalização dentro e fora do evento e contratempos na bilheteria para retirada dos ingressos comprados pela internet. "Tivemos problemas para retirar os ingressos da área premium. Pagamos R$ 940 e não conseguimos entrar porque o sistema não encontrou nossa compra. Tivemos que comprar novos ingressos quando chegamos aqui. Agora vamos ter que pedir o reembolso", contou Carolina Caracas, 24.

Outro obstáculo no festival foi a disposição do palco Sound, o menos prestigiado do festival e o mais distante das principais estruturas. Posicionado de costas para os dois principais palcos (Pop e Reflexos), ali não havia área VIP ou premium. Boa parte do público preferiu não sair do circuito certeiro para se aventurar até o outro extremo do Jockey Club. Quem se arriscou, no entanto, assistiu a boas apresentações, de Michel Teló, Lucas Lucco e Jorge Ben Jor, feitas para uma plateia minguada. 

Uma segunda edição do Brahma Valley ainda não foi confirmada, mas tem potencial para outros anos. "Precisa melhorar a infraestrutura para conter a lama, mas também não vi filas para ir ao banheiro nem para comprar comida ou bebida", disse Nara Rodrigues, 23, de São Bernardo do Campo. Para Carolina Caracas, a estrutura do evento passou no teste. "Exceto pela lama, que é comum quando chove. Mas eu voltaria, com certeza". Conclusão óbvia: quem está na chuva é para se molhar.