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Mott the Hoople, Meters, Edgar Winter: as pérolas da trilha de "Vinyl"

O ator Bobby Cannavalle, que vive o executivo de gravadora Richie Finestra em "Vinyl" - Niko Tavernise/HBO
O ator Bobby Cannavalle, que vive o executivo de gravadora Richie Finestra em "Vinyl" Imagem: Niko Tavernise/HBO

Do UOL, em São Paulo

14/02/2016 06h00

Ambientada em 1972, a série “Vinyl”, dirigida por Martin Scorsese com produção de Mick Jagger, que estreia neste domingo (14) na HBO, tem como chamariz (entre tantos outros) sua rica trilha sonora. A trama que escancara os bastidores escusos da indústria fonográfica é recheada de clássicos e pérolas, resgatando o romantismo da década que mais estabeleceu parâmetros para a música pop.

O romantismo hippie de outrora havia dado lugar a uma era mais profissional e marcada por todo tipo de excesso, com estilos estrategicamente concebidos para agradar cada tipo de ouvinte. Nunca o mercado da música rendera tanto dinheiro nem o som e o comportamento mostraram tamanha sinergia.

Aproveitando a estreia de “Vinyl”, o UOL selecionou abaixo oito destaques da trilha da série. Com alguma dose de saudosismo ou não, elas provam ao menos que, senão melhor vai sempre do gosto do freguês, a música popular já foi mais diversa.

A banda americana New York Dolls - Chris Walter/WireImage - Chris Walter/WireImage
Imagem: Chris Walter/WireImage
David Johansen - "Personality Crisis"

A versão que aparece na trilha é a do vocalista David Johansen, mas a que entrou para a história da música foi a original, gravada pela banda dele, os New York Dolls. Formada em Nova York em 1971, é uma das mais célebres do chamado proto-punk. Misturavam Rolling Stones com a estética glam da época, com direito a maquiagem e visual andrógino. Influenciaram gerações. Para muitos, sem eles não haveria Sex Pistols, Guns N' Roses e nem os Smiths.

A cantora americana Dee Dee Warwick - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Dee Dee Warwick - "Suspicious Minds"

Este clássico de Elvis Presley, composto por Mark James, aparece aqui galvanizado de soul na voz de Dee Dee Warwick, irmã mais nova de Dionne Warwick e prima de Whitney Houston. Apesar do talento transbordante, Dee Dee jamais obteve o sucesso de Dionne. Gravou vários singles e alguns discos entre os anos 1960 e 1980, chegando a fazer backing vocal para Aretha Franklin e Wilson Pickett. Morreu em 2008, aos 66 anos.

A banda inglesa Mott the Hoople - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Mott the Hoople - All the Way From Memphis

Gravada em 1972, "All the Way From Memphis" é um dos momentos mais brilhantes da banda do vocalista Ian Hunter, um dos expoentes do glam rock. Adornada por um inesquecível (e um tanto estranho) solo de saxofone, a letra descreve a epopeia de um músico cuja guitarra é despachada por engano para Baltimore em vez de Memphis. Se você não conhece, vale ir atrás dos trabalhos discos do grupo, espécie de cruzamento entre David Bowie (que compôs outra deles, “All the Young Dudes”) e Velvet Underground.

O músico americano Jimmy Castor Bunch  - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
The Jimmy Castor Bunch - "It’s Just Begun"

O groove frenético toma conta desta faixa, que dá nome ao segundo álbum da banda de Jimmy Castor, famoso por seu sax dilacerante e por sua batida constantemente utilizada em filmes e samplers de hip hop. Um desses "empréstimos” pode ser ouvido em “Gangsta Gangsta”, do grupo de rap N.W.A, que recentemente teve a história contada no cinema. Alçado ao status de "cult", Castor morreu em 2012, aos 71 anos, de insuficiência cardíaca.
A banda americana The Meters - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

The Meters - "Hand Clapping Song"

Está no terceiro álbum desta seminal banda de New Orleans e traz uma marca registrada: a cozinha sincopada e a guitarra limpa. O fraseado é repetido à exaustão. Funk em estado bruto. Mesmo com esses predicados, os Meters nunca alcançaram as massas. São tidos como progenitores do estilo, ao lado de James Brown. Nas décadas de 1960 e 1970, chegaram a acompanhar Lee Dorsey, Robert Palmer e Dr. John.

O multi-instrumentista americano Edgar Winter  - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Edgar Winter - "Frankenstein"

Irmão mais novo do guitarrista Johnny Winter (1944-2014), Edgar ganhou proeminência nos anos 1970 como talentoso multi-instrumentista. Nos shows, usava seu famoso “sintetizador portátil”, uma inovação que lhe permitia tocar teclado de pé. Flertando com o progressivo e o hard rock, a pesada "Frankenstein" integra o terceiro disco do Edgar Winter Group, “They Only Come Out at Night”, que chegou ao terceiro lugar da parada americana, melhor de sua carreira.

A banda americana Foghat - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Foghat - "I Just Want to Make Love to You"

Uma das bandas-símbolo do hard rock bluseiro da década de 1970, o Foghat gravou esta versão de Willie Dixon em 1972 para abrir seu disco de estreia. Destaques para a bateria virtuosa de Roger Earl, a guitarra wah-wah de Rod Price e o vocal berrado de Dave Peverett, que em nada lembra o da sensual versão de Etta James. Boa pedida para quem pensa que o Foghat se resume a "Slow Ride".
O cantor americano Otis Redding - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Otis Redding - "Mr. Pitiful"
A presença de Otis Redding (1941-1967) na trilha de “Vinyl” destoa da época retratada na série, mas nem por isso deixa de ser bem-vinda. "Mr. Pitiful" está no segundo álbum do cantor, “The Great Otis Redding Sings Soul Ballads" (1965). Trata-se de uma resposta elegante ao radialista americano Moohah William, que havia apelidado Otis de "Mr. Pitiful" (algo como “Sr. Lamentável”) pelo modo que cantava baladas românticas. Mais acelerada, a música já ganhou covers de Tower of Power, Taj Mahal, Etta James e Rolling Stones.