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Kisser estranha turnê dos Cavalera tocando o álbum "Roots": "melancólico"

Capa do disco "Roots", do Sepultura - Reprodução
Capa do disco "Roots", do Sepultura Imagem: Reprodução

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

16/02/2016 15h27

Nem todo mundo está feliz com anúncio dos irmãos Max e Igor Cavalera, fundadores do Sepultura e hoje juntos no Cavalera Conspiracy, de que vão comemorar os 20 anos do álbum "Roots" tocando o disco na íntegra em shows nos Estados Unidos.

Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, disse ter estranhado a decisão dos irmãos de comemorar o disco mais vendido da carreira da banda, superando a marca de 2 milhões de cópias vendidas, lançado em fevereiro de 1996.

Andreas Kisser - Marco Antônio Teixeira / UOL - Marco Antônio Teixeira / UOL
Andreas Kisser, do Sepultura
Imagem: Marco Antônio Teixeira / UOL

Kisser explicou ao UOL que o Sepultura sabe da importância da data, mas diz que não serão feitos shows ou eventos relativos a "Roots". E deu sua opinião sobre o anúncio dos ex-companheiros.

“Eu acho, no mínimo, estranho. Não vejo muito sentido nisso. Até porque o ‘Roots’ é um disco difícil para se ter essa pretensão de tocar na íntegra. Tem jams, partes acústicas, são 16 músicas e é longo para um show completo... Mas, não sei qual é a ideia que eles têm de fazer isso”, afirmou Kisser. “Achei meio melancólico, sei lá. Eles escolheram sair da banda e agora fazem uma celebração fora da banda... Mas, cada um é cada um”, completou.

“O 'Roots' sempre foi uma influência, independentemente de aniversário. Procuramos sempre algo novo, não faz muito parte do Sepultura ficar revisitando o que já fizemos. Para esse aniversário do ‘Roots’ não temos planos, acabamos de celebrar 30 anos de carreira com uma turnê, então estamos focados no material novo. Começamos a compor e em maio vamos para o estúdio gravar, para lançar em outubro mais ou menos”, prevê Andreas Kisser.

Kisser explicou que o Sepultura já está em outra “pegada”. A banda está em estúdio iniciando a produção de um novo álbum, sucessor de “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart”, que teve boa repercussão em 2013. Apesar da data especial de “Roots”, ele não é uma influência específica para o novo trabalho - do qual o guitarrista prefere não dar detalhes.

No palco

Também em entrevista ao UOL, Max Cavalera contou que quem surgiu com o projeto foi sua mulher e empresária, Gloria. “Foi uma ideia super legal de colocar o ‘Roots’ completo. Foi um disco importante pra gente, então vai ser uma turnê legal, tendo eu e o Igor, e com as coisas legais que estamos preparando, como painéis para o palco. Nunca fiz turnê assim, com disco inteiro, é a primeira vez.”

Max Cavalera - Beto Barata/UOL - Beto Barata/UOL
Max Cavalera, um dos fundadores do Sepultura
Imagem: Beto Barata/UOL

Por ser um disco complexo, Max diz que a banda terá de fazer um esforço para tocá-lo o mais próximo possível do original. Ele já sabe que a faixa "Itsári", gravada com índios Xavante no Mato Grosso, será executada como encerramento, já que não é possível reproduzi-la sem eles. “Mas, por outro lado, tem várias músicas que nunca tocamos, como ‘Endangered Species’, ‘Lookaway’, então vai ser uma experiência legal.”

No momento, Max está em turnê na Europa com o Soulfly. Em seguida, se junta a Igor para a turnê nos Estados Unidos. Ainda não se sabe se a banda seguirá com o mesmo show para a Europa. Não há previsão de trazer o show ao Brasil.

“Roots” foi lançado em 20 de fevereiro de 1996, como sexto álbum do Sepultura. A banda brasileira já experimentava sucesso, principalmente com "Arise" - com seu estilo mais veloz e agressivo - e "Chaos AD", que os levou a um estilo com mais ritmo e composições mais fortes. “Roots” foi além. Com sua produção mais orgânica, afinação grave e riffs hipnóticos, virou o grande lançamento do quarteto, inovando com a presença de ritmos brasileiros em mais de uma frente, já que teve como convidados Carlinhos Brown, buscando uma herança africana nas batidas, e também índios Xavante.