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Coral brasileiro ensaiou em camarim com Stones e surpreendeu Mick Jagger

Ron Wood ao lado do Coral da PUC- Rio, durante o show dos Stones no Maracanã, no último sábado (20) - Renan Rage/Divulgação
Ron Wood ao lado do Coral da PUC- Rio, durante o show dos Stones no Maracanã, no último sábado (20) Imagem: Renan Rage/Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

23/02/2016 16h04

Presença garantida no bis da turnê dos Rolling Stones pela América Latina --a "Olé Tour" que chega a São Paulo nesta quarta-feira (24)--, a música "You Can’t Always Give What You Want" tem ganhado reforço brasileiro no palco. 

A exemplo dos países vizinhos por onde a banda já passou, a introdução da canção lançada em 1969, no clássico disco "Let it Bleed", foi defendida no último sábado, no estádio do Maracanã, pelo Coral da PUC- Rio (Pontifícia Universidade Católica).

Com idades entre 18 e 25 anos, os cantores foram escolhidos por meio de vídeos do YouTube e encantou Mick Jagger, horas antes de subir ao palco, em um ensaio intimista no camarim da banda. "Era um lugar pequeno [o camarim] e cantamos muito bem, foi eletrizante. Ele ficou encantado, sorriu. Estava entusiasmado", contou ao UOL Geraldo Leão, que dividiu a regência do coral com Gláucia Henriques.

Convidados pela produção dos Rolling Stones em dezembro, o coral, acostumado a um repertório brasileiro, escolheu "Bohemian Rahpsody", ópera-rock do Queen, como cartão de visita. "Foram várias tarefas para mostrar que o coral estava ensaiando e atendendo aos pedidos deles", explicou Leão.

Em seguida, a produção mandou para a equipe brasileira a partitura e um vídeo de Jagger cantando a música ao violão para ajudar. Um sinal de que já estavam na próxima fase. Mas a confirmação nunca chegou oficialmente.

"Nunca tivemos a garantia de que seria a gente. No próprio sábado, dia do show, disseram que, se acontecesse alguma coisa e a banda não ficasse a fim de apresentar, poderíamos não participar", relembra Leão. 

Nos bastidores, no entanto, o encontro foi caloroso e comoveu o regente. Estavam ali seus ídolos quando criança, tocando ao vivo com seu coral. O backing vocal Bernard Fowler registrou o momento no Twitter.

Durante o ensaio, Jagger parou de acompanhar no microfone e sacou o celular para gravar os jovens cantores. "Ele conversou com todo o coral. Foi um contato muito próximo. A coisa mais maravilhosa disso tudo foi essa aproximação, de músico para músico. Eles conseguem encantar a plateia e, de fato, eles contagiam todo mundo que está ao lado".

No palco, o vocalista também serviu como um terceiro regente, sinalizando sempre que possível a cada mudança na harmonia, e acabou fazendo com que os brasileiros rissem involuntariamente ao errar o nome do coral: "Obrigado, Puquiu!", disse ao microfone.

Nada que tenha tirado o brilho da noite histórica. "O coral também é dos anos 1960, temos quase a mesma idade. Eles foram para um lado, nós, para o outro. Histórias diferentes que agora se encontram", comemorou o regente. "Naquela noite, estivemos dentro da lenda".

São Paulo e Porto Alegre

Para os shows na capital paulista, na quarta-feira (24) e no sábado (27), no Estádio do Morumbi, a banda escolheu o Coral Sampa, que reúne vozes de diversos grupos e universidade sob a coordenação e regência de Thelma Chan e Maru Ohtani. Em Porto Alegre, o coral escolhido é o da PUC-RS.

"Dividir o palco com esses ícones do rock and roll mundial é surreal. Trabalhamos bastante para atingir o nível de exigência da produção musical da banda. Estamos preparados mas com friozinho na barriga", comentou Thelma.