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Experientes, Titãs não escondem a emoção de abrir o show dos Rolling Stones

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

24/02/2016 06h00

Nesta quarta-feira (24), a partir das 19h, o palco montado no Estádio do Morumbi, em São Paulo, onde a maior banda de rock do mundo se apresentará, será ocupado também, durante 50 minutos, por uma das mais importantes bandas do Brasil, os Titãs.

Quando a banda paulistana surgiu, os Rolling Stones já acumulavam 20 anos de carreira e milhares de discos vendidos. Embora os Titãs, em seus 33 anos de estrada, não tenham que provar mais nada para ninguém, serem responsáveis por abrir um show de Mick Jagger e sua turma, é capaz de gelar a espinha de qualquer um.

Ao UOL, o guitarrista Tony Bellotto disse que por mais que você seja famoso, nada supera os Rolling Stones. “Lembro-me de quando tinha 12 anos, olhando para a capa de um LP deles. Eles são capazes de nos despertar essa memória afetiva. Nosso show, em si, não é importante, porque eles são a atração principal. O que vamos ganhar é apenas o prazer de estar ali tocando antes deles”, conta.

Esta, no entanto, não será a primeira vez que os Titãs abrem um show dos Rolling Stones. A primeira vez ocorreu há dez anos, na histórica apresentação da banda inglesa na praia de Copacabana para mais de 1 milhão de pessoas. “Naquela época, conhecemos a banda no camarim. Mas foi uma coisa rápida”, lembra.

Por afinidade de instrumentos, Bellotto observa sempre os guitarristas. Além de Keith Richards, ele também admira Ron Wood. “Alguns anos atrás, eu e Malu [Mader] fomos para a Inglaterra e jantamos com o Ron”, revela. “Foi uma emoção pessoal. Uma coisa de fã mesmo. Eu já admirava o trabalho dele quando ele era do Faces e tocava com o Rod Stewart”.

No palco do Morumbi, onde os titãs abrirão as apresentações de quarta-feira e sábado, o repertório será composto de clássicos, como “Polícia”, “Bichos Escrotos”, “Homem Primata” e “Lugar Nenhum”. “É um show conciso, só com as músicas mais significativas da nossa carreira”, disse Bellotto.

Momento político caótico

Em 2014, os Titãs lançaram seu novo disco, “Nheengatu” deixando de lado as canções românticas dos últimos trabalhos para investir em composições mais críticas e com forte teor político. Quase dois anos depois, Bellotto não vê esse mesmo engajamento políticos em novas bandas. “Ainda estamos colhendo os frutos de ‘Nheengatu’. Tivemos uma boa acolhida do público e da crítica”, diz.

“O que eu acho estranho, é não ver mais artistas e músicos comentando o momento caótico político e social que estamos vivendo”, comenta. “O mercado mudou. A música que se toca hoje no Brasil é mais entretenimento, para falar de amor e balada. Não vejo músicos do mainstream comentando política”, explica.