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Primeiro dia de Tomorrowland tem fantasia, DJ-messias e homenagem a Prince

Marcus Couto Brasil

Colaboração para o UOL, em Itu

22/04/2016 07h53

Se a Terra do amanhã se parecer com a Tomorrowland, como o nome em inglês do festival sugere, já temos alguma ideia de como viveremos. E as notícias do futuro são as seguintes: haverá preços abusivos, muitas fantasias e remixes de músicas antigas. Mas David Guetta surgirá como o DJ-messias para salvar a noite.

Essas foram algumas das marcas do primeiro dia do festival de música eletrônica, um dos maiores do mundo, que ganha segunda edição brasileira neste final de semana. De acordo com a organização, 60 mil pessoas compareceram.

Nesta quinta-feira (21), os artistas se dividiram em seis palcos. No principal, tocaram Guetta, veterano francês, os suecos Axwell e Ingrosso, além do brasileiro Alok — um dos mais festejados pelo público. A música eletrônica agressiva dominou a noite, junto a versões de hits do pop americano. Bumbos graves ecoavam pelo gramado do Parque Maeda, em Itu, onde milhares de pessoas dançavam furiosamente.

Os DJs tocaram sucessos da EDM (sigla para electronic dance music) como "Lean On", do Major Lazer, além de muitos remixes de músicas antigas. Muitos mesmo. Somente no set do brasileiro Alok, por exemplo, a plateia ouviu versões das seguintes músicas: "Satisfaction" (2003), de Benny Benassi, "Seven Nation Army" (2003), do White Stripes, executada ao menos três vezes ao longo da noite por outros DJs, e "Enjoy the Silence" (1990), do Depeche Mode. O público não pareceu incomodado, e vibrou a cada hit. Alok falou muito com a multidão e, quando esta acendeu simultaneamente milhares de celulares para filmá-lo, o DJ disse que aquela era a cena mais incrível que ele já havia testemunhado.

A dupla sueca Axwell e Ingrosso abriu o set com o hit "Tá Tranquilo, Tá Favorável", do MC Bin Laden, e depois seguiu com uma EDM mais melódica, como num esquenta para o set extremamente pop, animado e alto-astral de David Guetta. O francês ocupou a cabine pontualmente às 23h30 com jaqueta de camuflagem militar, coque no cabelo e fone de ouvido branco.

Com sorriso no rosto, o carismático DJ não poupou elogios ao público brasileiro, a quem dirigiu mensagens de amor ao longo de todo o set. Tocou remix de “Can’t Feel My Face”, do The Weeknd, de “Work”, da Rihanna, e de “Where Are U Now”, parceria do Jack Ü com Justin Bieber. Ao final, tocou “Kiss”, clássico do Prince, em homenagem ao cantor encontrado morto nesta quinta-feira.

Entre as tendas alternativas, a do clube Warung era uma das mais disputadas, com sua mistura de electro e house. Ela permaneceu cheia o dia todo, assim como a Full On, dedicada ao trance e suas vertentes. 

A cenografia da Tomorrowland mistura referências da natureza, com bancos na forma de orquídeas, a objetos mecânicos. No palco principal, engrenagens gigantes circundavam um telão onde o rosto de um androide surgia para saudar a audiência. Havia até uma roda d’água funcionando de verdade. Espalhado por todas as áreas do festival, o símbolo da Tomorrowland aparece vigilante: um olho acomodado no topo de uma borboleta.

Os organizadores também não pouparam na pirotecnia. Fogos pipocaram no céu estrelado de Itu a noite toda, enquanto lança-chamas instalados no palco aqueciam o rosto dos que dançavam mais próximos aos DJs. Laser e papel picado completavam o jogo cênico.

E o público fez sua parte, ao entrar com tudo no clima onírico da festa. Fantasias de alienígenas, de Power Rangers e de bonecos Lego foram algumas das que desfilaram pelos campos apinhados de gente do Parque Maeda.

Mas toda essa estrutura colossal tem um preço, e ele não é baixo. Além dos ingressos, que custam até R$ 1,9 mil, no caso do Full Madness (loucura total, em inglês) VIP, os valores de alimentos e bebidas são altos. Um saco de pipoca custa R$ 12,5, e um temaki sai por R$ 25. A reportagem encontrou um casal que investiu mais de R$ 13 mil no evento, entre ingressos e gastos com produtos oficiais.

A Tomorrowland continua nesta sexta e segue até sábado, com sets do holandês Armin Van Buuren, do grego Steve Angello e do brasileiro Gui Boratto, entre outros.