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Em seus últimos dias, Prince trabalhou por 154 horas sem descanso

Do UOL, em São Paulo

25/04/2016 10h01


O cantor Prince passou os últimos dias de vida trabalhando em seu estúdio, por seis dias seguidos, sem descanso.

O artista foi encontrado morto em sua casa, em Paisley Park, aos 57 anos, dentro do elevador que dava acesso ao seu estúdio. A autópsia foi realizada na sexta-feira (22), mas a causa da morte ainda não foi confirmada.

Maurice Phillips, casado com a irmã de Prince, Tyka, afirmou ao tabloide britânico “The Sun”, após a cerimônia de cremação, que o cantor “trabalhou por 154 horas seguidas". "Eu estive com ele na semana passada. Ele era um bom cunhado”, afirmou.

A polícia está investigando a morte, mas já descartou a suspeita de suicídio.

Visita a loja

Há exatamente uma semana, Prince visitou a loja de discos Fetus Elétrica, em Minneapolis, em pleno Record Store Day. O funcionário Max Timander disse à Press Association que o cantor não estava com uma boa aparência.

"Todo mundo com quem eu falei naquele sábado disse que ele parecia um pouco pálido, e que não estava totalmente em sua melhor forma, como normalmente era. Parecia que ele estava fraco. Eu sei que ele tinha acabado de se recuperar de uma suposta gripe”, disse.

Prince saiu da loja com clássicos da música, como “Talking Book”, de Stevie Wonder, “Hejira”, de Joni Mitchell e “Santana IV”, do guitarrista Carlos Santana, além de coletâneas de músicas gospel.

 

Causa da morte

Prince foi encontrado desacordado no elevador do complexo onde morava e mantinha seu estúdio, em Minneapolis, na quinta-feira (21). A causa da morte não foi divulgada, mas o site "TMZ', especializado em celebridades, especula que Prince pode ter sofrido uma overdose de Percocet, analgésico forte e altamente viciante.

De acordo com o "TMZ", o avião que transportava Prince após seu último show em Atlanta, no dia 14, precisou fazer um pouco de emergência para socorrê-lo em um hospital após o artista ter ingerido uma dose alta do analgésico. A informação contraria a versão divulgada pelos representantes de Prince, de que ele foi tratado por uma forte gripe.

Segundo o "TMZ", fontes diversas dizem que Prince se viciou no remédio após ter um problema no quadril. Ele teria, inclusive, feito uma cirurgia de correção na região por volta de 2010.

O site flagrou Prince no estacionamento de uma rede de farmácias bastante popular nos Estados Unidos horas antes de sua morte, no final de tarde de quarta (20).

Testemunhas dizem que o cantor aparentava estar mais frágil e nervoso do que o habitual. Ele teria ido à farmácia por quatro vezes na última semana de vida.

Trajetória

Filho de um músico de jazz, Prince Rogers Nelson nasceu em 1958, em Minneapolis, nos Estados Unidos, e logo na adolescência montou uma banda com vizinhos e um primo, o Grand Central. Já de início, carregava na parte instrumental extensa bagagem de influências, que iam de James Brown a Jimi Hendrix. Exímio instrumentista, foi eleito 33º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana "Rolling Stone".

Aos 19 anos, lançou o álbum de estreia, “For You”, em 1978, seguido de "Prince" (1979), "Dirty Mind" (1980) e "Controversy" (1981), movimentando a cena musical com seu som característico: baladas funkeadas com sintetizadores, letras provocativas e falsete.

Emplacou os hits “Why You Wanna Treat Me So Bad?” e “I Wanna Be Your Lover” nas paradas norte-americanas e se tornou um fenômeno pop dois anos depois, com o filme "Purple Rain" e a trilha sonora de mesmo nome. O longa contava uma história autobiográfica, sobre um roqueiro problemático de Minneapolis com problemas familiares. 

Com a força dos singles "When Doves Cry" e "Let Go Crazy", o álbum vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo. "Purple Rain", a canção, ganhou o Oscar e se tornou uma das baladas memoráveis do rock.

Em 1986, lançou um novo filme, "Sob o Luar da Primavera", sem repetir o sucesso. O disco "Parade", que servia como trilha, se saiu melhor e imortalizou o sucesso "Kiss".

Mesmo com sucessos na parada, Prince sempre foi na contramão da indústria musical. Costumava formar bandas para acompanhá-lo nos projetos e chegou a trocar o próprio nome para um impronunciável glifo uma união dos símbolos do sexo masculino e feminino.

A mudança tinha como alvo a gravadora Warner, com quem o artista travou uma briga pública e constantemente chamava de "escravidão" o contrato assinado com a multinacional.

Em 2001, Prince se tornou Testemunha de Jeová e se mudou para Los Angeles para "entender melhor a indústria da música". 

Nos 15 anos seguintes, lançou 15 álbuns em que experimentou gêneros diversos e parcerias com artistas contemporâneos, como Lianne La Havas e Rita Ora.

No ano passado, decidiu retirar toda a discografia das plataformas de streaming e os icônicos clipes do YouTube e da Vevo. Manteve seus discos apenas no Tidal, 
serviço de streaming de Jay-Z, e no iTunes, da Apple.

Nos últimos meses, excursionava com o show "piano e microfone" para promover seu último álbum, o 39° da carreira, "HITnRUN Phase Two", lançado em dezembro de 2015. O single "Baltimore" menciona a morte do jovem negro Freddie Gray pela polícia norte-americana.