Samuel Rosa diz que o ato de consumir música atualmente é grosseiro
Para Samuel Rosa, vocalista do Skank, a tecnologia e a internet facilitaram o consumo de música, mas transformou o ato de ouvir em algo “grosseiro”. “É como se as pessoas voltassem a comer com as mãos. Um álbum precisa ser degustado. O Clube da Esquina, por exemplo, tem que ser ouvido de cabo a rabo”, afirmou Samuel.
“As pessoas precisam criar espaço na agenda delas para ouvir música. Está tudo superficial. Estamos na época dos surfistas e não dos mergulhadores”. A declaração foi dada nesta quinta-feira (28) durante o bate-papo especial com Samuel e Lô Borges em comemoração aos 20 anos do UOL.
Dono de composições atemporais, durante a conversa, Lô Borges preferiu não fazer previsões do futuro da música. “Eu não saberia responder para onde a música vai amanhã, muito menos daqui a cinco anos”, disse o compositor que brincou com o título do funk “Tá Tranquilo, Tá Favorável”. “Não conheço a música. O título é simpático, mas soa como algo que não presta. Acho que cada um deve cantar e tocar o que lhe convém. A diversidade musical serve para diferenciar e juntar as pessoas”, analisou.
Os mineiros Samuel Rosa e Lô Borges estão em turnê juntos para tocarem as músicas do Skank e do Clube da Esquina. Recentemente, a dupla lançou um DVD e um CD ao vivo gravado em agosto do ano passado no Cine Theatro Brasil. “Me surpreendi quando Lô Borges gravou ‘Te Ver’, do Skank. Fiquei feliz e lisonjeado na época”, lembrou Samuel.
Os dois cantores aproveitaram a oportunidade para trocarem elogios. Lô Borges lembrou, por exemplo, de uma conversa que teve com Milton Nascimento quando Samuel compôs “Resposta”. “O Bituca [apelido de Milton] disse que Samuel Rosa dormiu, sonhou comigo e escreveu ‘Resposta’”, disse Lô.
“Acho gostoso dividir o palco com o Samuel, porque normalmente eu trabalho em carreira solo. Faz bem para a música da gente”, disse Lô Borges. Para Samuel, tocar com Lô é como se apresentar com os Beatles. “Tocar com ele tem para mim a mesma dimensão dos Beatles. Eu o vejo do tamanho dos Beatles”, afirmou Samuel. “O Clube da Esquina nos encorajou a fazer música para quem não estava no eixo Rio-São Paulo”.
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