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Arnaldo Antunes e Otto fazem shows em ocupação contra o término do MinC

O cantor Arnaldo Antunes - Divulgação
O cantor Arnaldo Antunes Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

18/05/2016 15h50

A Ocupação do Palácio Capanema, na sede carioca da Funarte, divulgou nesta quarta-feira (18) de manhã a agenda cultural programada para o dia, que conta com shows de Arnaldo Antunes e Otto, às 16h. O Digital Dubs sound system encerra as apresentações, às 19h.

Representantes da classe artística e de produções culturais, os manifestantes não reconhecem o governo do presidente interino Michel Temer, que extinguiu o Ministério da Cultura.

"Exigimos a deposição imediata do governo ilegítimo que tenta se instaurar. Não reconhecemos Michel Temer como presidente do Brasil. Qualquer tipo de negociação com o Palácio do Planalto é uma forma de legitimação do golpe", acusa trecho veiculado no Manifesto do OcupaMinC RJ.

Programação da Ocupa Minc RJ desta quarta-feira (18) - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"O governo ilegítimo assumiu de forma arbitrária, causando um desmonte de setores essenciais do Estado brasileiro como Cultura, Direitos Humanos, Mulheres, Igualdade Racial, Povos Indígenas, Desenvolvimento Agrário, Previdência, Ciência e Tecnologia, além da extinção da Controladoria Geral Da União - CGU", divulgaram os manifestantes.

Na noite desta terça-feira (18), Chico Buarque e Milton Nascimento subiram ao palco para cantar "Cio da Terra". Especula-se que nos próximos dias, artistas como Caetano Veloso, Erasmo Carlos e Lenine também apareçam na ocupação.

São Paulo

A noite dessa terça-feira também foi movimentada em São Paulo. O palco dos protestos foi no Teatro Oficina, onde o diretor José Carlos Martinez Corrêa, além do ator Pascoal da Conceição, da professora e filósofa Marilena Chauí e do cantor Edgard Scandurra (da banda Ira!) compareceram ao evento. Mais cedo, diversos artistas ocuparam a sede da Funarte (Fundação Nacional das Artes), em São Paulo.

Sob os gritos de "Fora, Temer" e "Cultura no poder", artistas defenderam o restabelecimento da pasta, agora fundida ao Ministério da Educação. Após as primeiras manifestações, o governo interino de Michel Temer criou uma Secretaria Nacional de Cultura, medida insuficiente, segundo os artistas.

"A cultura é a infraestrutura da vida, inspirou os direitos humanos, a luta pela igualdade da mulher e das etnias", disse Zé Celso. "Ela tem sido muito massacrada pela economia e temos que levar a sério porque isso também ameaça tantos outros ministérios. Diante de um governo ilegítimo, só poderemos legitimá-lo com eleições diretas", defendeu.

Scandurra criticou um recente vídeo em que o deputado Marco Feliciano pedia aos artistas que deixassem de procurar o MinC e passassem ao Ministério do Trabalho. "Esse cara não merece nosso respeito. Estou à disposição, ofereço minhas mãos e forças para essa nossa luta."

Para Marilena Chauí, a perda da pasta atinge a essência da criação artística. "A cultura é a capacidade de criação simbólica e de relação com o ausente. É por meio da memória que resgata o passado, é por meio da esperança que vislumbramos o futuro de um país. Esse governo não pode suprimir a cultura, que é a essência de todos nós. Isso se refere a toda a sociedade brasileira", afirmou.