Michael Jackson não morreu: Campinas tem primeiro hostel dedicado ao cantor
Quem entra na casa da ex-bancária Kátia Bellomo, em Campinas (SP), é recebido por uma placa de carro, famosa entre os fãs, com a data de nascimento e um semblante jovial de Michael Jackson. Descendo as escadas, o visitante chega à primeira suíte, e lá está o cantor no abajur, almofada, parede, cortina, pôster, armário.
A decoração ganha, no térreo, uma piscina com um imenso rosto de borracha do ídolo no fundo. Mas a cereja do bolo é o Studio MJ, um salão de festas com som profissional e camarim, onde covers do artista são convidados a se apresentar em matinês aos fins de semana.
Segundo a empresária, seu Hostel Michael Jackson é a primeira pousada no mundo inteiramente dedicada ao ídolo, morto há exatos sete anos. A ideia de transformar os quartos ociosos em santuário nasceu há três anos, quando assistiu em São Paulo ao espetáculo britânico “Thriller Live”. Uma velha faísca foi acesa.
Para criar a pequena atração turística, ela concebeu sozinha o projeto, gastando mais de R$ 50 mil de seu fundo de garantia do Banco do Brasil. “Todos da minha família ficaram surpresos quando resolvi fazer o hostel”, diz aos risos Kátia, 55, que recebeu a reportagem do UOL na pousada.
“Conheci o Michael Jackson adolescente, na época dos bailes disco, mas me distanciei dele por vários motivos. Vim para Campinas, me formei em teatro, casei, tive filho. Mas a arte sempre fez parte da minha vida. E eu ansiava por vivê-la intensamente mais uma vez.”
Com três suítes, o hostel tem diárias de R$ 75 e R$ 90 por pessoa, que dão direito a café da manhã e lanche da tarde, servido em um singelo cantinho mineiro, com fogão à lenha próximo à piscina. É o único local onde Michael não reina --a não ser pela trilha sonora ambiente.
Kátia, que mora e gerencia tudo praticamente sozinha, diz que os custos da pousada acabam empatando com o investimento. Mas ela não liga. O hostel é a forma que encontrou para se manter ativa e socializar após a aposentadoria. Para ela, o mais importante é promover a cultura de Michael para gente de todas as faixas etárias e classes sociais.
"Por isso mesmo também tenho outro projeto, chamado 'Michael Jackson na Praça', em que convido um cover para se apresentar numa praça de eventos aqui perto, levando um som portátil. Também quero levar alunos de escolas para os shows no hostel", diz a proprietária.
Kátia, que estava grávida durante a única turnê do ídolo no Brasil, em 1993, lamenta nunca ter conseguido ir a um show dele. Denúncias relativas a pedofilia? Ela refuta todas. “Em todos esses anos, nunca conseguiram provar nada", afirma a devota do "santo" Michael. "Além do mais, acho que ele adoraria conhecer aqui nosso hostel. Ele era uma pessoal simples que gostava de coisas simples, feitas de coração."
Fãs famosos, ela frisa, nunca vieram, mas podem aparecer em breve. “Temos contato com pessoas do mundo inteiro pelo Facebook. Inclusive uma backing vocal que trabalhou com o Michael escreveu para a gente, dizendo que, quando viesse ao Brasil, queria passar aqui. O LaVelle Smith, coreógrafo do Michael, curtiu e disse que também viria. A gente fica nessa expectativa.”
Outra dimensão
Os hóspedes da pousada vêm, em geral, dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. São fãs jovens nas faixas dos 20 e 30 anos, mas também é comum aparecerem famílias com crianças pequenas. O local acomoda até nove pessoas. Em dias de shows, chega a receber cerca de 30.
“Eu adorei conhecer. Para quem gosta de Michael Jackson de verdade, chega até a ser surreal. Para onde você olha tem alguma coisa. É uma energia extraordinária. Difícil até de falar”, conta o dançarino e cover Christian Joseph, que conheceu Kátia em um show e, a convite dela, se apresentou pela primeira vez no hostel este ano.
Fã da nova geração, a estudante de jornalismo paulistana Carol Meyer, 20, teve de insistir e enfrentar a desconfiança da família para conhecer o local durante as últimas férias.
“Cresci ouvindo Michael por causa da minha mãe e da minha tia, mas nem todos da minha família e dos meus amigos costumam gostar", afirma a jovem, na expectativa de voltar à pousada ainda em 2016. "Para mim, ver um lugar como esse, com pessoas que falam a mesma língua que você, é incrível. É como se você estivesse em outra dimensão.”
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