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Twerk, dançarinas e guitarra: Uma nova Lana Del Rey no Lollapalooza

Mariana Tramontina

Do UOL, em Chicago (EUA)*

29/07/2016 05h25

Não teve para --quase-- ninguém. Enquanto o rapper J.Cole soltava suas rimas áridas em um extremo do Grant Park de Chicago, e no meio do parque o The Last Shadow Puppets (banda de Alex Turner, do Arctic Monkeys) entregava os últimos riifs de rock do dia, no outro extremo Lana Del Rey arrebatava a maior parte do público do Lollapalooza para estrear seu novo trabalho. O festival, que completa 25 anos de muitas encarnações, experimentou pela primeira vez abrir seus portões numa quinta-feira e estender o evento para quatro dias de duração. E o UOL, em parceria com a Red Bull TV, transmite até domingo alguns dos principais shows (clique aqui para acompanhar).

O novo show de Lana, montado para promover o disco “Honeymoon” (2015), traz poucas, mas boas alterações no script de suas apresentações anteriores, que passou inclusive pelo Brasil em 2013. Apesar de o álbum ter sido lançado no final do ano passado, a turnê começou apenas há algumas semanas, passou por alguns pequenos festivais, mas foi neste Lollapalooza que a cantora fez a grande estreia.

Com a nova montagem vieram duas backing vocals/dançarinas que, juntas com Lana, protagonizam coreografias em algumas músicas. Bem, Lana não é conhecida exatamente por suas habilidade na dança, mas nesta quinta-feira chegou a descer até o chão e rebolar durante “Lolita”, em um twerk elegante. Claro, não é nenhuma Beyoncé nem mesmo uma coreografia arrebatadora --algo que, certamente, combina muito mais com ela--, mas ainda assim é surpreendente vê-la mais expressiva.

Em certo momento do show, Lana toca uma bela guitarra Flying V branca, ao som de “Yayo”. Um pouco sem jeito, mas com ar de poder, e saudada com entusiasmo pelos fãs. Sorte de Lana ter fãs como os seus, que vibram quando ela faz qualquer coisa, e até mesmo quando ela não faz nada. A resposta é a interrupção do show por quase cinco minutos, com a banda em silêncio, para ela se dedicar a tirar selfies com o público da primeira fila.

Um pouco desse fascínio que ela causa nos fãs pode ser compreendido ao vivo: o show que Lana promove é quase hipnótico. Apesar de beirar a monotonia, a suavidade da sua voz por cima das melodias melancólicas causam uma sensação de letargia que vai em contraste com a histeria dos fãs mais exaltados. Tudo ali é montado para prender a atenção: Lana parece estar a todo momento encenando um episódio de “Mad Men” ou um filme dos anos 1960.

O repertório escolhido para festival é relativamente curto, mas tem as obrigatórias “Cola”, “Blue Jeans”, “Summertime Sadness”, “Ultraviolence” e “Video Games”. Entre as novas, aparecem “High By the Beach”, “Freak” e “Honeymoon”. O encerramento, com “Off to the Races”, vale mais a presença pela performance extasiada dos músicos de sua banda, que neste Lollapalooza parte da plateia não viu porque Lana se retirou do palco antes de terminar a música e, sem a presença da cantora, muitos preferiram adiantar a saída do Grant Park. Um bom desfecho para a abertura do festival, que recebe nos próximos dias Radiohead, Red Hot Chili Peppers e LCD Soundsystem, entre tantos outros.

* A jornalista viajou a convite da Red Bull