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Com ajuda de reality no SBT, rappers se destacam no "X-Factor" da Band

Nina, Kel e Nay são A"s Trinca: de reality de moda ao "X-Factor" - Levi Cruz/Agaéle Agência/Divulgação
Nina, Kel e Nay são A's Trinca: de reality de moda ao "X-Factor" Imagem: Levi Cruz/Agaéle Agência/Divulgação

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

20/09/2016 16h28

"Cidade Tiradentes, zona leste, três minas no vocal e um DJ no vinil, representatividade das quebradas que emergiu". A letra da música "Se Identifica" reproduz bem a ideia que o trio feminino de rap A's Trinca quer difundir: a valorização da mulher e das raízes de onde vieram.

"Muitas mulheres se identificam com as nossas letras, mas queremos que elas admirem também a nossa atitude. Nossa música é sobre feminismo e também sobre o movimento hip-hop e o lugar onde a gente mora", conta a rapper Daniele Sales Sousa Lopes, a Nay, 30, que tem ao seu lado no grupo a irmã Juliana Ferreira da Costa, a Nina, 24, e a cunhada Jaquelina Fidelis dos Santos Sousa, a Kel Fidelis, 31.

A mensagem do trio paulistano, formado em 2012, chegou na semana passada ao palco do reality "X-Factor Brasil", da Band. E chamou as atenções dos jurados Alinne Rosa, Di Ferrero, Paulo Miklos e Rick Bonadio, que aprovaram as meninas por unanimidade para a próxima fase do programa. Ali, foram elogiadas pela composição, pela atitude e pela voz de Nina. "Quando eles disseram que eu sou uma cantora de verdade, fiquei me achando, porque nunca me reconheci assim", diz ela. "Nunca estudei música e só cantava em karaokês e na igreja", lembra a Nina, que apontou Dina Di como uma de suas principais influências.

Mulheres no rap

Antes de conquistarem o público e os jurados do "X-Factor", as cantoras também enfrentaram o preconceito masculino que ainda existe no universo do rap. "O preconceito se refletia até nas nossas roupas. Vestíamos calças largas, macacões e bonés, que em nada realçava a nossa feminilidade", explica Nay.

As rappers Kel, Nina e Nay do grupo As Trinca - Levi Cruz/Agaéle Agência/Divulgação - Levi Cruz/Agaéle Agência/Divulgação
Kel, Nina e Nay do As Trinca
Imagem: Levi Cruz/Agaéle Agência/Divulgação
Reflexo dessa postura foi tema de outro reality: elas participaram do "Corre e Costura", do canal Fox e exibido pelo SBT, com o estilista Alexandre Herchcovitch. Se inscreveram no programa para repaginar o visual, tentando definir a identidade do grupo e respeitando seu gostos pessoais. "Foi por causa da ajuda do Herchcovitch que passamos a usar roupas com a cara do rap, mas sem perder a feminilidade", explica Nay.

Ainda assim, o medo de sofrer preconceito do público da TV e dos jurados acompanhou o trio até o final da apresentação no "X-Factor". "Estamos acostumadas a cantar para uma plateia que nos conhece. Nunca tínhamos nos apresentado para alguém que iria julgar a nossa arte. A reação dos jurados e da plateia nos surpreendeu. Eles foram incríveis", diz Nay.

Outra qualidade elogiada pelos jurados foi a postura combativa que elas demonstraram no palco. "Não temos o costume de ensaiar passinhos de dança. Automaticamente nós incorporamos o gingado do rap de acordo com a batida", explica Nina. "Nossa postura foi surgindo naturalmente durante as nossas apresentações", completou.

Vencida a etapa das audições, o próximo passo das meninas é a fase de treinamentos. "Sempre cantamos rap e vai ser um desafio imenso cantar outros estilos. Estamos nos preparando e ensaiando muito para não fazer feio por lá", revela Nay.

Com a notoriedade conquistada na TV, o grupo espera, finalmente, conseguir gravar o primeiro álbum. Até o momento, elas só lançaram singles e um EP independente em 2013, disponibilizados nos principais serviços de streaming. "Sem gravadora é muito difícil conseguir gravar um álbum. Já temos material. Falta só o dinheiro", afirmou Nay.