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Banda Whitesnake exuma os anos 80 em show em São Paulo

Whitesnake se apresentou na noite desta quinta-feira (22) no Citibank Hall, em São Paulo - Reprodução
Whitesnake se apresentou na noite desta quinta-feira (22) no Citibank Hall, em São Paulo Imagem: Reprodução

Jotabê Medeiros

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/09/2016 00h55

Se David Coverdale está em boa forma? Bem, não está mal. Imaginem Serguei com dinheiro para cabeleireiro, manicure, motorista e personal trainer.

Se Coverdale canta muito ainda? Bem, o agudo que ele deu no final de Crying in the Rain (1982) não deve ter uns 10 no mundo que conseguiriam algo daquele porte, mas o cantor é obviamente econômico na oferta desses momentos. Consegue descansar e fazer trocas de roupas com uma estratégia franca e pactuada com os fãs: dá uma sumidinha durante os solos de seus parceiros, especialmente os guitarristas Joel Hoekstra e Reb Beach e o baterista Tommy Aldridge.

Se Coverdale é um showman de respeito aos 65 anos? Bom, ele cheirou o sutiã que o baixista Michael Devin amarrou no braço do seu baixo e fez respeitáveis sessões de malabarismo com o pedestal do microfone.

O Whitesnake abriu o show da noite dessa quinta-feira (22) no Citibank Hall com "Bad Boys", de 1987, e seguiu com "Slide it in", de 1984, passando em seguida para o megahit "Love Ain’t no Stranger" (também do disco Slide it In, de 1984).

Em seguida, entre as power ballads "The Deeper The Love", de 1989, e "Fool for your Loving", de 1980, alguém da plateia enfiou uma bandeira do Brasil nas mãos de Coverdale. Ele cantou as duas músicas com a bandeira pendurada no microfone, como um lenço. Na sequência, vieram "Ain’t No Love In the Heart of the City" (1980), "Judgement Day" (1989), "Slow an’ Easy" (1980), "Crying in the Rain" (1982), "Is This Love" (1987) e "Still of the Night" (1987).

Como o nome da excursão do Whitesnake é Greatest Hits Tour 2016, algo que compreende uma história de 38 anos, dá para ter uma ideia do quão importante foi a década dos 80 para a vida e os cachos nos cabelos dessa banda. Na verdade, trata-se de uma expressão do mais fundo sentimento de overacting dos anos 1980, com todos os elementos do glamour e da diversão de uma década (e do descontrole fashion também). A presença de um tecladista italiano de origem pop-camerística, Michele Luppi, não poderia ser mais adequada ao climão déjà-vu da turnê.

“Boa noite, tudo bem? Obrigado, São Paulo!”, disse o cantor, em português, um escolado em simpatia. Pouco antes de começar o show, um locutor advertiu que era a noite do aniversário de Coverdale, mas que seria preciso esperar o show terminar para cantar Parabéns a Você para ele. Assim foi.

Entre os solos dos músicos, destaque para o do baterista, Aldridge. Em dado momento, ele jogou as baquetas para o público e continuou o solo com as mãos, fazendo furor com seus dois bumbos. Joel Hoekstra, com a mesma juba dos tempos do Nelson, fez um solo alternando guitarra e violão. Aí Coverdale voltou com uma jaqueta onde se lia, nas costas: Make Some Fuckin’ Noise.

O microfone dele falhou quando começou Give Me All Your Love, e ele não se abalou: correu até o microfone do baixista e o pegou “emprestado”. Aí teve um parabéns para você da plateia meio desencontrado, que ele regeu balançando a cabeça lá no fundo do palco. O segundo bis começou com Burn, do The Deep Purple, e aí parecia que todo mundo do Citibank Hall tinha entrado na pista, porque mal dava para virar o pescoço para trás, de tanta gente. Só faltaram os cigarros e alguns mullets para transportar todo mundo para uma noite no Projeto SP em plenos anos 80.