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Já paguei uma faculdade com "Sosseguei", diz autor do hit de Jorge & Mateus

O cantor Thallys Pacheco durante a gravação de seu primeiro DVD - Divulgação
O cantor Thallys Pacheco durante a gravação de seu primeiro DVD Imagem: Divulgação

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

27/09/2016 06h00

A música mais ouvida neste ano nas rádios conta a história de um rapaz que largou a vida de solteiro e agora só quer dividir o brigadeiro com a namorada. "Sosseguei" é um hit na voz de Jorge & Mateus, mas seu autor é o mineiro Thallys Pacheco, 25. "Escrevi essa música em 20 minutos", disse ele ao UOL. O sucesso rendeu: com o dinheiro que ganhei com a composição, pagou a faculdade de odontologia do irmão gêmeo. "E pretendo comprar um apartamento para a minha mãe. Ainda não ganhei meu primeiro milhão, mas estou próximo".

O ranking das músicas mais ouvidas foi divulgado pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), que apurou nas rádios entre janeiro e março de 2016. Além de ter faixa mais tocada, Pacheco ocupou também o 1º lugar da lista de autores que mais ganharam dinheiro com direitos autorais no segmento de rádios. Ele superou, inclusive, o antes imbatível Bruno Caliman, autor de "Camaro Amarelo", de Munhoz & Mariano e "Domingo de Manhã", de Marcos & Belutti.

Thallys Pacheco canta junto com Jorge & Mateus - Divulgação - Divulgação
Thallys Pacheco canta com Jorge, da dupla Jorge & Mateus
Imagem: Divulgação
Sobre “Sosseguei”, Pacheco disse que a inspiração veio da “promessa que todo homem faz mas não cumpre”. “Será que o homem vai sossegar mesmo?”, brincou o artista, que tem como referência musical Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Rick & Renner e Daniel.

Pacheco compôs a sua primeira música aos 11 anos, ainda em Divinópolis, onde nasceu. “Na escola, eu nunca fui bom em português, mas sempre soube rimar”, brincou. Aos 16, ele começou a compor profissionalmente para alguns artistas da região e aos 19, sentiu que precisava mudar de cidade se quisesse se destacar no meio sertanejo. “Foi quando eu me mudei para Goiânia. Porque se fosse para fazer sertanejo, tinha que ser lá”, afirmou.

Em Goiás, Pacheco conheceu os principais produtores de sertanejo e suas músicas foram gravadas por Cristiano Araújo (“Se Beber Curasse”), Gusttavo Lima (“Esse Copo Aqui”) e Thiago Brava (“Maior Que o Oceano”). Logo ele despertou a atenção do escritório AudioMix, comandado pela dupla Jorge & Mateus, que o contratou. Daí para emplacar cinco músicas no novo disco da dupla foi um pulo. Além de “Sosseguei”, a dupla Jorge & Mateus gravou “Antônimos”, “Paredes”, “Depois do Jantar” e “Cenário ideal”. Para se ter uma ideia do tamanho do sucesso, no YouTube, o vídeo de "Sosseguei", cantado ao vivo por Jorge & Mateus, já foi visto mais de 264 milhões de vezes.

Primeiro álbum autoral

“Comecei compondo, mas agora eu quero aparecer na foto. Quero cantar”, disse o artista, que no dia 23 de junho gravou seu próprio disco ao vivo, com previsão de lançamento para outubro. Das 24 canções do álbum, 23 são dele. Uma baita conquista em um mercado onde é difícil achar cantores que lançam trabalhos apenas com composições próprias.

Além do álbum próprio, Pacheco também já começou a mostrar a cara gravando participações especiais em discos de outros artistas, como o de Wesley Safadão e Jorge & Mateus.

Pacheco disse que a criatividade é um dom divino, mas também fruto de muita tentativa e erro. Segundo ele, a estratégia usada para ser reconhecido no meio foi escrever muito e sempre ter na manga uma composição inédita para oferecer a algum artista. “Eu mostrava minhas músicas para os produtores e eles diziam: ‘você tem outra aí sobre outro assunto?’, e eu sempre tinha”, explicou.

“A primeira vez que cantei ‘Sosseguei’ foi no ouvido do Wendel Vieira, o Nuxx, empresário de Jorge & Mateus. Ele me disse que tinha gostado da moda e pediu para eu mandar a música para ele. Mas eu fui atrevido e disse que só cantaria de novo na presença do Jorge. Duas semanas depois eu estava lá no escritório deles”, lembrou.

De família humilde, Pacheco tem dois irmãos. O mais velho, Eduardo, tem 27 e é engenheiro civil no Piauí. O outro, Túlio, é gêmeo, mora com ele e a mãe em Goiânia, e se formou em odontologia, com as mensalidades pagas com o dinheiro da música. O pai ainda mora em Divinópolis, onde toca uma pequena fábrica de tecidos.

Pacheco ainda não sabe se vai ficar tão famoso no futuro quanto Jorge & Mateus. Mas ele já sabe como fazer para ter uma música em primeiro lugar. “Tem que ser uma balada boa apaixonada. Música de pegação é modinha passageira. Música apaixonada dura para sempre. Eterniza”, explicou. “Estou nessa vida desde que eu nasci. Minha hora está chegando e eu quero trabalhar”, garantiu.