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Aerosmith e Sabbath fazem turnês finais no Brasil; no que dá pra acreditar?

Os vocalistas Steven Tyler, do Aerosmith, e Ozzy Osbourne, do Black Sabbath - Getty Images/Montagem
Os vocalistas Steven Tyler, do Aerosmith, e Ozzy Osbourne, do Black Sabbath Imagem: Getty Images/Montagem

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

10/10/2016 06h00

Em turnê pelo Brasil, onde fará três shows a partir desta semana, o Aerosmith já começou aquela que promete ser sua despedida dos palcos. Em entrevista recente ao UOL, o baixista Tom Hamilton confirmou que a banda tem planos de parar ao fim da excursão, em 2017. A (provável) derradeira apresentação no país já tem data: 21 de setembro de 2017, encerrando quarta noite de Rock in Rio.

Colega de geração, o Black Sabbath também está em seus "finalmentes". Sua The End Tour, que vai até fevereiro de 2017 e passa no fim deste ano por Porto Alegre, Curitiba, Rio e São Paulo, será a segunda e última oportunidade do público brasileiro assistir aos precursores do heavy metal com Ozzy Osbourne no vocal. Mas, em meio a uma avalanche de turnês de despedidas no rock, o que é real e o que é jogada de marketing nessas histórias?

No caso do Aerosmith, a conta parece fechar, ainda que com algumas ressalvas. O caminho disperso dos integrantes nos últimos anos sinaliza que ao menos uma pausa irá acontecer. Enquanto o vocalista Steven Tyler engata voo solo no (pop) country, o guitarrista Joe Perry tem um horizonte de projetos paralelos, que incluem o Hollywood Vampires (com Alice Copper e Johnny Depp) e até seu The Joe Perry Project, que criou após sair do Aerosmith no fim dos 1970 e retomou entre 2009 e 2010.

Além da idade avançada dos músicos, todos sexagenários, os ânimos também são fiel da balança para o Aerosmith. Há anos Steven Tyler e Joe Perry colecionam farpas trocadas via imprensa. Em 2009, o guitarrista chegou ao extremo anunciando que o grupo estaria atrás de um novo frontman. Nada de concreto aconteceu. Mas a relação se deteriorou ainda mais com a entrada de Tyler no programa “American Idol” no ano seguinte, sem o aval dos colegas.

Com tanto desgaste de relacionamento, a parada se fez necessária. Mas há um alento aos fãs: mesmo sendo impossível pontificar, hoje, que a banda voltará um dia, o cenário não descarta totalmente uma reunião. Há quem diga que a atual despedida não passa do famoso "vamos dar um tempo" e lembre do exemplo do Kiss, que há anos nos ensina que blefar com o sentimento do fã pode ser uma lucrativa estratégia de marketing.

Já nos termos do Black Sabbath, a turnê de despedida tem contornos mais factíveis. Se a idade já impede Ozzy de chegar ao tom original das músicas, prejudicando a performance do grupo, questões de saúde se mostram cruciais para a continuidade da banda. Mais ainda do que para a do Aerosmith, que recentemente viu Joe Perry passar mal e sair carregado de um show do Hollywood Vampires em Nova York.

Tony Iommi é o principal foco de preocupação. Diagnosticado com câncer linfático em 2012, o homem dos riffs já chegou a afirmar que não sabe se viverá por mais dez ou apenas um ano. Seu tratamento baseado em medição e quimioterapia, no entanto, está fazendo efeito. Em agosto, ele anunciou que a doença está em processo de remissão (estado em, embora ainda exista, o câncer não mais se manifesta). Todo corpo tem seu limite, e Iommi já programa seu descanso.

Ozzy, que enganou a morte despencando de um quadriciclo em 2003 e, recentemente, adiou shows por não se sentir bem, também sente o peso de seus 67 anos. A conta de suas loucuras é alta. O cantor depende de remédios para viver com dignidade e luta contra uma sinusite severa e crônica, que já o fez “sentir como se tivesse o Pacífico dentro da orelha”. A rotina pesada de shows e a dependência dos colegas para tomar decisões também incomodam Ozzy.

Tudo isso indica que o Black Sabbath e suas glórias estão com os dias contados. Mas a vida segue. Apesar dos problemas da terceira idade, o vocalista não planeja de acabar com sua carreira solo, o que talvez nunca aconteça. Ou seja, a merecida aposentadoria do Black Sabbath não significa que você nunca mais verá Ozzy grunhindo clássicos do metal no Brasil.