Parecem iguais, mas não são: as diferenças entre "The Voice" e "X Factor"
A estreia da nova temporada do “The Voice Brasil" na última quarta na Globo, no mesmo horário em que o concorrente “X Factor” avançava de fase na Bandeirantes, explicitou aquela que talvez seja a principal diferença entre os realities musicais da vez: o contrastante nível dos candidatos de suas fases preliminares.
Não por acaso na Globo, o "The Voice" tem uma clara preocupação ser o mais "profissional" possível. O que significa que, para chegar lá, a nova grande voz do Brasil precisa ser competente ao extremo e já estar pronta (ou quase) para o mercado —o vencedor ganha um contrato com a gravadora Universal. Com raras exceções, eles chegam às audições na ponta dos cascos: preparados, menos nervosos e com certa estrada na música.
Essa foi a regra entre os 11 que se apresentaram até aqui no programa. Dois deles, inclusive, já haviam tentado a sorte em outras edições de concursos televisivos. Resultado: com o nível elevado, apenas dois foram reprovados, justamente os que não tinham experiência de palco, e assim deve acontecer com outros novatos no decorrer do programa.
Apesar das eliminações, ficou claro para o público que tanto a mineira Samantha Ayara quanto a goiana Jordanna Cassimiro não se saíram mal. Pelo contrário. Afinadas cantando MPB, elas mostraram talento vocal e alguma sensibilidade —não que isso seja de fato relevante nesse formato, um grande karaokê exibicionista. Provavelmente, ambas teriam sido aprovadas na primeira etapa no programa da Band. O argumento do júri global, o clássico "você ainda não está pronto", não convenceu os internautas.
Menos protocolar e mais rico em diversidade musical, o “X Factor” também oferece emprego em uma gravadora, mas parece pegando emprestado o espírito da série “Idols”, que inspirou seu criador Simon Cowell. Ainda que sutil e concentrada nas primeiras fases, a "tosqueira" como forma de entretenimento está no DNA do show, que quer não só encontrar uma "grande voz", mas um talento especial. Alguns, convenhamos, são especiais até demais.
É o caso do vendedor de chapéus Gnomo Brasil, que veio de Belo Horizonte vestido com pijama defendendo um inclassificável pop reggae autoral, e Bruno Monvies, um fã de Lady Gaga de Itapevi (SP) que errou o tom e todos os passos de “Bad Romance”. Ridiculamente cômicos, eles arrancaram gargalhadas da plateia. Uma tentativa de alavancar a audiência, que ainda preocupada a direção da Bandeirantes.
O bolo de aleatoriedade, que também incluiu um candidato vovô, sobra ainda para os jurados que, orientados para isto ou não, muitas vezes confundem os telespectadores ao adotar critérios estranhos e inconsistentes em suas avaliações. Especialmente Di Ferrero, como observou o blogueiro do UOL Mauricio Stycer.
Esse "I-Factor" ("fator imponderável") apareceu, inclusive, já na primeira peneira do programa, em julho, quando cerca de 15 mil candidatos se reuniram em Itaquera, em São Paulo. O cantor Leandro Buenno, um EP lançado e semifinalista na terceira temporada do “The Voice”, não foi aprovado. Sem entender, ele desabafou nas redes sociais e disse ter ouvido de um produtor que —pasmem—- "não está preparado" para o programa.
Procurada pelo UOL, a TV Bandeirantes afirmou, por meio de sua assessoria, que não comentará os critérios do “X Factor” nem suas fases preliminares. Já a Rede Globo afirma que todas as atrações são produzidas e dirigidas pela mesma equipe, que conta com "produtores musicais de peso e sempre atentos às novidades e aos talentos do mercado”.
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