Topo

"Hallelujah", maior hit de Cohen, ganhou versões de Jeff Buckley a Anitta

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

11/11/2016 11h34

Leonard Cohen, que morreu nesta quinta-feira (10) aos 82 anos, dedicou sua vida à poesia, mas foi necessária apenas uma composição para que ele entrasse no inconsciente mundial. Até quem estranha o nome do cantor e compositor canadense certamente já cantarolou e se emocionou com ''Hallelujah''.

Seu maior hit é quase onipresente: foi eternizado nas vozes de John Cale, Jeff Buckley e Rufus Wainwright —pai de sua neta e dono de uma das versões mais conhecidas—, serviu como tema de animações a casamentos e é, até hoje, aposta para qualquer amador se dar bem —ou não— em realities musicais.

Lançada em 1984, a canção só ganhou apelo popular em 2001, quando entrou na trilha sonora da animação "Shrek". A partir dali, as versões se multiplicaram. Já são 300 registradas, o que garantiu grande parte do sustento de seu autor. Fez parte de outros outros filmes ("Watchmen", "Edukator"), séries ("The O.C", "West Wing" e "House") e voltará ao cinema em "Sing - Quem Canta Seus Males Espanta", que estreia em 22 de dezembro.



No Brasil, conquistou artistas e ouvintes de diferentes gêneros. Já esteve no repertório de Sandy, Dinho Ouro Preto e Tiago Iorc, e foi recentemente um acerto na TV: embalou as histórias da série "Justiça" e levou Sam Alves a vencer a primeira edição do "The Voice Brasil". Até mesmo Anitta deixou as coreografias de lado para cantá-la no programa "Música Boa Ao Vivo", do Multishow.

A canção, porém, por pouco não foi lançada. Cohen estava em baixa, quando mostrou "Hallelujah" ao presidente da gravadora CBS, Walter Yetnikoff: "O que é isso? Isso não é música pop, não vamos lançar. É um desastre", disse na época, sem rodeios, a Cohen.

O compositor passou mais de um ano escrevendo-a. Obcecado com cada palavra, chegou a descartar mais de 80 rascunhos antes de terminá-la. "Para encontrar aquela canção, aquela canção urgente, existiu um monte de versões, muito trabalho e muito suor", comentou Cohen, mais tarde. Até hoje, cada intérprete escolhe sua sequência de versos para cantá-la.

A versão oficial foi lançada no álbum "Various Positions" (1984), que outro poeta na música, Bob Dylan, dizia parecer um disco de orações. Não à toa, a canção trazia referências bíblicas e citações à história de Sansão e Dalila.

O chefe da gravadora não poderia estar mais errado. Antes do final de 2008, "Hallelujah" vendeu 5 milhões de cópias. Anos depois de lançá-la, Cohen comentou seu sucesso: "Eu acho que é uma boa canção, mas acho também que tem muitas pessoas cantando ela".