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"Ninguém acreditava no formato", diz cantora de trio sertanejo de Campinas

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

28/11/2016 07h00

A incomum formação do Villa Baggage como um trio de vocais, com dois homens e uma mulher, ajudou o grupo a se destacar entre tantas duplas sertanejas que não param de surgir. Ao mesmo tempo, esta formação também adiou em oito anos a gravação de seu primeiro DVD, “Do Nosso Jeito”, lançado recentemente.

“Tivemos que enfrentar alguns preconceitos. Um deles foi o fato de eu ser mulher. Há oito anos era mais difícil ter tantas cantoras no sertanejo. O outro preconceito foi com a nossa formação como trio, que não existe no mercado. Ninguém acreditava na gente nem no formato”, revelou Emelyn Calvo Maziero, a Emy, 27 anos.

A cantora, que divide o palco com o sanfoneiro e segunda voz Guilherme Antônio Artioli, o Gui, 26, e o vocalista e violinista Haroldo Artioli, o Nuto, 28, contou que os produtores achavam que o público não conseguiria assimilar a música sertaneja se fosse cantada em trio. “Disseram que as pessoas achariam difícil ver e ouvir um trio sertanejo no palco”, destacou a cantora.

Mas, o que poderia ser uma dificuldade, se transformou no maior trunfo do trio, formado em Campinas, no interior de São Paulo. Graças à formação, cada música ganha uma sonoridade diferente, interpretadas como um duo masculino, dueto misto, solo, solo de instrumentos e os três juntos.

A faixa de trabalho, “Localização”, é um exemplo da interação entre os três vocais. Ela abre com a voz de Nuto, intercalada com Emy, para ser complementada com uma mistura dos três. No DVD, a música também conta com a participação da dupla Maiara & Maraísa.

Composições próprias

“Não é fácil achar músicas sertanejas que podem ser cantadas em trio, então resolvemos escrevê-las, já que os meninos são compositores também”, explicou Emy. “Temos músicas em que o personagem principal é um homem e outras em que a personagem é uma mulher”, completou.

Das 20 faixas do DVD, 18 faixas foram compostas pelos irmãos Gui e Nuto, uma outra é de autoria de Emy e apenas uma foi escrita por outro compositor. Já os temas das músicas seguem a linha balada/ostentação/sofrência. “Falamos de situações em que os fãs podem se identificar, de coisas que aconteceram com a gente”, disse Emy.

Embora a palavra “Villa” já tenha se consolidado como sinônimo de locais onde o ritmo sertanejo é predominante (Villa Mix e Villa Country), Emy disse que não pensou nisso quando batizou o trio. “Tudo começa pequeno, como uma vila, e depois vai crescendo até virar uma metrópole. Já a palavra Baggage se refere à bagagem que nós trouxemos dos nossos trabalhos anteriores”, explicou. O nome parece ter agradado aos fãs, que se autodenominaram “Baggageiro” e “Baggagetes”.

O DVD foi gravado ao vivo no Prime Hall, em Campinas, em março deste ano, e contou com a participação de Munhoz & Mariano, Maiara & Maraisa, Jads & Jadson, Solange Almeida (do Aviões do Forró) e MC Bin Laden. O trio também já tem um CD de estúdio gravado, lançado em 2015. Deste álbum, algumas faixas foram gravadas também por outros sertanejos, como “Abelha Sem Mel” (Henrique e Juliano e Matheus e Kauan), “Traição a Queima Roupa” (Cristiano Araújo com Jads & Jadson) e “Pergunta Boba” (Jorge & Mateus).