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Madonna sobre Trump: "Ninguém na música assume postura política"

Madonna se apresenta no Grammy Awards - John Shearer/Invision/AP
Madonna se apresenta no Grammy Awards
Imagem: John Shearer/Invision/AP

Do UOL, em São Paulo

10/01/2017 14h54

Ninguém menos que Madonna foi a escolhida para estampar a capa da edição comemorativa de 150 anos da revista "Harper's Bazaar". Na entrevista, que chega às bancas no dia 17 de janeiro, a diva do pop falou sobre falta de posicionamento político entre artistas, sobre ser uma mulher mais velha ainda na ativa e planos futuros que incluem um filme e possivelmente um stand-up.

Ela conta que a sensação de ver Donald Trump eleito foi a mesma de quando você termina com alguém que realmente destruiu seu coração, em que você acorda e se vê devastado, arrasado, sem nada. "É assim que me sinto todas as manhãs. Eu acordo e penso, ‘Espere um pouco, Donald Trump é o presidente, não é um pesadelo, isso realmente aconteceu’. É como levar um pé na bunda de um amante e também estar presa em um pesadelo."

Madonna na capa da Harper's Bazaar 2017 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Diante disso, ela diz que já está fazendo algo, mas que precisa se expressar mais e ser menos misteriosa. "O que eu acho realmente surpreendente é o silêncio de todo mundo na indústria da música. Digo, ninguém no entretenimento, exceto por talvez poucas pessoas, fala sobre o que está acontecendo. Ninguém assume uma postura política ou expressa uma opinião".

Para elas, os artistas ainda permanecem em silêncio porque isso não afeta a vida deles diretamente. "Eles querem manter uma posição neutra para que possam manter sua popularidade. Se você tem uma opinião e as pessoas discordam de você, talvez você não consiga um emprego. Você pode entrar na lista negra. Você pode ter menos seguidores no Instagram. Há várias coisas que prejudicariam sua carreira. Todos estão realmente com medo".

Cansada de perguntas sobre aposentadoria

A diva do pop diz que fazer arte é como respirar e que não aguenta mais ter que ficar se explicando por que continua trabalhando. "Alguém pergunta para Steven Spielberg por que ele ainda está fazendo filmes? Ele já não teve sucesso suficiente? Ele já não ganhou dinheiro suficiente? Ele já não se tornou respeitado? Será que alguém foi até Pablo Picasso e disse: ‘Ok, você tem 80 anos. Você já não pintou o suficiente?’ Não. Estou tão cansada dessa pergunta. Eu simplesmente não entendo. Eu vou parar de fazer tudo o que eu faço quando eu não quiser mais fazer. Eu vou parar quando eu ficar sem idéias. Eu vou parar quando você me matar. Que tal?".

Filme e stand-up

Seu próximo projeto no cinema está em fase inicial em ganhou o nome de "Loved", uma adaptação do livro "As Vidas Impossíveis de Greta Wells", de Andrew Seamn Greer. A obra conta a história de uma mulher que durante um tratamento psiquiátrico passa a viver em três épocas diferentes. Para ela, a obra trata de temas relevantes, como "a luta pelos direitos das mulheres, pelos direitos dos homossexuais, pelos direitos civis".

Ela ainda pensa em fazer stand-up no futuro. Por que não? “Eu continuo dizendo a Amy Schumer e Dave Chappelle e Chris Rock que eu vou fazer stand-up e eles devem prestar atenção. Estou chegando".