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Sting descobre a fonte da eterna juventude

6.mai.2017 - Sting se apresenta em São Paulo - AgNews
6.mai.2017 - Sting se apresenta em São Paulo Imagem: AgNews

Jotabê Medeiros

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/05/2017 10h26

Ao voltar à formação mais básica do rock, o power trio (formação que o tornou famoso com The Police), Sting rejuvenesceu e reencontrou as motivações mais simples e essenciais de sua música. Seu retorno ao Brasil, no Allianz Parque, em São Paulo, na noite deste sábado (6), aos 65 anos e 10 anos após seu último show aqui (com o Police), foi um retorno vigoroso e de contágio imediato.

O show foi aberto por um set acústico do filho de Sting, o cantor e violonista Joe Sumner. Foi um aquecimento com um componente de estranheza: ao cantar uma música própria, "Jelly Bean", que dedicou aos filhos, Sumner ficou muito emocionado e não conseguiu terminar a canção. Foi preciso que o pai, Sting, saísse das coxias (para delírio do público) e finalizasse o número, com Joe Sumner ajoelhado no palco. O pai o levantou e levou para o camarim.

Em turnê mundial promovendo seu mais recente disco, "57th & 9th" (nome da esquina de NY que atravessava para chegar ao estúdio onde gravava), Sting chegou ao Allianz Parque acompanhado de Dominic Miller na guitarra elétrica e violões e Josh Freese (Nine Inch Nails e Guns N’Roses) na bateria. Sting cantava como nunca e seu baixo, com o qual chegou a fazer um slapping em homenagem a São Paulo, estava tão descascado e malhado que parecia que tinha sido salvo de um incêndio. Mas havia ainda o apoio de um segundo guitarrista, Rufus Miller (filho de Dominic), do lado direito do palco, longe dos holofotes.

O outro componente de eletricidade adicionado ao show de Sting foi a decisiva presença do grupo tex-mex The Last Bandoleros, um combo que sugere uma fusão de Los Lobos com Richie Valens. Eles não apenas fazem o show de abertura (após Joe Sumner), como também servem como vocalistas de apoio e seu acordeonista, Percy Cardona, é o tempero dionisíaco que faltava no show do anfitrião, Sting.

Ao longo de 21 canções, começando com "Synchronicity II" e "Spirits in the Material World", Sting repassou o legado do Police, tocando 8 canções da antiga banda, hinário que, embora sem as presenças de Stewart Copeland e Andy Summers, soou fresco como se tivesse sido composto na mesma noite. Sting até rebolou e fez uns gestos de dândi com a mão no cabelo, para delírio do público.

A formação fez com que os clássicos, como "Englishman in New York" (canção de 30 anos, do disco "...Nothing Like the Sun", de 1987), não fizesse sombra a canções recentes, como "I can't Stop Thinking About You" (do álbum novo, de 2016), e o jazz e o lado cool de peças como "Field of Golds" não ficasse desnivelado ao lado de petardos como "So Lonely".

A intenção interativa do show, a conclamação da plateia para participar, baixou mesmo na Barra Funda quando vinha o hinário do Police, representado com 8 canções, algumas simplesmente atemporais, como "Message in a Botlle", "Walking on the Moon", "So Lonely", "Nex to You" e "Every Breath You Take".

Quando ele chegou ao medley de "Roxane" com o cover de "Ain't no Sunshine" (de Bill Withers), alguns casais da plateia, que era majoritariamente Sub-70, dançaram abraçadinhos. O baixista encerrou a noite com "Fragile".

Sting fez seu disco mais recente sob o impacto da morte do amigo David Bowie. Essa referência (às mortes de Bowie e outros amigos próximos, como o ator Alan Rickman) compareceu, mas na forma de renascimento, de revigoramento. Joe Sumner até voltou ao palco para um momento solo com "Ashes to Ashes", de Bowie, embora àquela altura Sting já tivesse chutado para bem longe qualquer precipitação atmosférica de tristeza e nostalgia.

Abaixo, o setlist da apresentação:

1.    Synchronicity II

(The Police song)

2.    Spirits in the Material World

(The Police song)

3.    Englishman in New York

4.    I Can't Stop Thinking About You

5.    One Fine Day

6.    She's Too Good for Me

7.    I Hung My Head

8.    Fields of Gold

9.    Petrol Head

10. Down, Down, Down

11. Shape of My Heart

12. Message in a Bottle

(The Police song)

13. Ashes to Ashes

(David Bowie cover) (Sung by Joe Sumner)

14. 50,000

15. Walking on the Moon

(The Police song)

16. So Lonely

(The Police song)

17. Desert Rose

18. Roxanne / Ain't No Sunshine

(The Police song)

19. Next to You

20. Every Breath You Take

21. Fragile ("Dedicated to Cacique Raoni")