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Patricia Marx vira professora de voz: "Não faço música pensando no Brasil"

A cantora Patricia Marx - Reprodução
A cantora Patricia Marx Imagem: Reprodução

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

08/05/2017 18h52

A cantora Patricia Marx, 42, chamou atenção neste fim de semana ao oferecer, em sua página no Facebook, aulas de canto e workshops no Brasil. Aos interessados: as aulas terão uma hora de duração e custarão de R$ 250 a R$ 300, passando por técnicas vocais e dicas musicais diversas, uma espécie de “coaching” artístico. Como pré-requisito, Patrícia pede o envio de vídeos com as performances dos eventuais alunos.

Crise? Falta de oportunidades para shows? Não é bem isso. Atualmente preparando uma autobiografia e um novo álbum de estúdio, a ex-Trem da Alegria nega que esteja “na pior”. Ela apenas teve de aprender a conviver com o atual mercado da música, um “moinho de vento” bem real e contra o qual diz não valer a pena lutar.

“Tem muita gente que conheço na música brasileira que está muito infeliz. Preso nesta ideia de que 'ou você é popularesco demais ou não tem trabalho'. Eu não sou assim. Já morei fora, em Londres, Nova York, Japão, e há anos não penso no Brasil na hora de fazer música. Minha música não tem a ver com o que faz sucesso no rádio”, diz ela ao UOL.

A sensação de estar com as “mãos atadas” não vem de agora. Em 2013, Patricia chegou a fazer um desabafo nas redes sociais dizendo que “estava de saco bem cheio de não fazer show neste país” e que, por isso, vinha tendo dificuldade para criar o filho Arthur, hoje com 18 anos. A culpa, na visão dela, seria tanto do mercado, “com seu lixo cultural”, quanto de instituições que promovem apresentações independentes, como o Sesc, “difícil de entrar por conta de panelinhas”.

“Não sei o que aconteceu este ano, mas apareceram muitos shows para fazer. Tenho data em São Paulo, em Joinville, no teatro Juarez Machado. Ano passado, gravei ‘Tigresa’, do Caetano, e agora regravei ‘Tapete Mágico’, que está em pré-venda no iTunes. Tenho muito trabalho para fazer nossos próximos meses. Não posso reclamar”, diz ela.

“O fato é que estou meio afastada da cena. Larguei mão porque não adiantou nada. Sou peixe pequeno dentro do sistema burocrático que existe no Brasil. Então, vou fazendo meu trabalho pelas bordas, do meu jeito, de forma independente. Isso está me fazendo mais feliz do que tentar entender e tentar mudar algo engessado.”

Futuro fora do Brasil

Próximo planos de Patrícia Marx: além de gravar o novo trabalho de estúdio ainda este ano, provavelmente com Moreno Veloso, ela planeja passar um tempo vivendo e fazendo shows fora do Brasil, em Portugal, onde mora uma irmã. Pensar no futuro da música brasileira vem lhe causando dor de cabeça.

“Se eu começar a pensar nisso, vou ficar louca, mas, no fim, acho que as pessoas não são surdas. Ontem fui no show do Ryuichi Sakamoto, de graça no auditório Ibirapuera, e estava lotado. As pessoas ficaram das 18h às 22h, no frio e na garoa, para ouvir aquela beleza e sutileza que não existe mais hoje. Acho que não é possível entrar no sistema, mas é preciso encontrar outras maneiras de fazer a música sobreviver.”