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"Minha música é o que o mundo precisa agora", diz J Balvin sobre "Mi Gente"

J Balvin canta "Mi Gente" no Latin Billboard Awards, que aconteceu em abril na Flórida - AP Photo/Lynne Sladky, File
J Balvin canta "Mi Gente" no Latin Billboard Awards, que aconteceu em abril na Flórida Imagem: AP Photo/Lynne Sladky, File

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

18/08/2017 04h00

Enquanto uma onda de racismo e xenofobia toma as ruas dos Estados Unidos e choca o mundo, uma música que prega justamente o oposto está entre as dez mais tocadas do país governado por Donald Trump e lidera a parada global do Spotify. "Minha música não discrimina ninguém", canta em espanhol o colombiano J Balvin nos versos iniciais de "Mi Gente", que também começa a ganhar posições entre as mais tocadas no Brasil.

"É tão bom ter uma música que fala justamente sobre unir os povos e não praticar a discriminação no momento que o mundo está passando agora. É sobre isso que a minha música fala", explica J Balvin ao UOL sobre o estouro mundial de "Mi Gente".

Lançada há um mês e meio e sem o apelo sexual típico do reggaeton, a música que agrega os povos surgiu da parceria do colombiano radicado nos Estados Unidos com Willy William, DJ e produtor francês filho de jamaicanos.

"Conheci o Willy William através de um dos meus produtores que mandou o som dele. Eu fiquei enlouquecido com aquela batida e acabei gravando", resume J Balvin. O som era a batida eletrônica e viciante de "Voodoo Song", lançada em março pelo francês. 

O processo de criação do hit mundial foi rápido. "Voodoo Song" ganhou nova letra em espanhol (e alguns versos em francês) e virou "Mi Gente" em menos de três meses. Além dos dois músicos que dividem os vocais, a letra também leva a assinatura de outros três compositores, entre eles um sueco-congolês. "Eu sabia desde o início que seria um sucesso global", afirma convicto.

Os números incríveis de "Mi Gente" logo geraram comparações com outra música latina no topo das paradas mundiais, "Despacito". O hit de J Balvin tirou a liderança de Luis Fonsi e Daddy Yankee nas 50 mais tocadas no mundo do Spotify após 14 semanas. Com 425 milhões de visualizações no YouTube, o clipe de "Mi Gente" também é forte candidato a bater 1 bilhão antes dos quatro meses que "Despacito" levou para atingir a marca.

J Balvin discorda das comparações entre "Despacito" e "Mi Gente". "Conheço o Fonsi e gosto muito dele. É um cara super bacana, admiro o legado que ele está deixando para o reggaeton. Mas são músicas muito diferentes. A única semelhança é que as duas são em espanhol."

Já sobre ser ao lado de Fonsi um dos pioneiros da onda reggaeton que finalmente tomou o Brasil, J Balvin comemora. "Foi um longo processo, tivemos que trabalhar duro para chegar até aqui e fazer do reggaeton um ritmo reconhecido no Brasil. Me sinto abençoado."

Influências e parcerias

Nascido José Álvaro Osorio Balvin em Medellín, na Colômbia, o cantor partiu para um intercâmbio nos Estados Unidos aos 18 anos. Passado o período de estudos, ele já estava envolvido com a cena musical, principalmente o hip-hop, que ainda hoje tem forte influência em sua música. 

De volta à Colômbia, assinou com produtores que lançaram sua carreira. Além do hip-hop, J Balvin cita os americanos Michael Jackson e Kurt Cobain como fortes influências musicais, já que dedilhava as músicas deles na guitarra que ganhou da família quando ainda era criança.

Hoje aos 32 anos Balvin goza do estouro de "Mi Gente" e tem quatro discos de estúdio.

No último deles, "Energía", assina faixas com Pharrell Williams e Daddy Yankee e com Anitta e Projota em uma edição lançada especialmente no Brasil. O colombiano também aparece na trilha sonora do último filme da franquia "Velozes e Furiosos" com "Hey Ma", parceria com Camila Cabello e Pitbull.

Desde que lançou "Mi Gente", há menos de dois meses, J Balvin passou por Chile, México, Paraguai, Argentina, Bolívia, Uruguai e Panamá. Tudo isso antes de vir ao Brasil para sua primeira visita, que incluiu dezenas de entrevistas para rádios, gravações para a TV e, claro, um encontro com Anitta.

O astro latino radicado nos Estados Unidos foi o primeiro artista internacional a apostar no talento da brasileira ao convidá-la para cantar trechos em português no reggaeton "Ginza", sua música mais famosa antes de "Mi Gente".

Um ano e meio depois da parceria, o colombiano e e brasileira finalmente puderam se conhecer pessoalmente e até dividiram o palco no programa que Anitta apresenta no Multishow. "Eu fiquei bastante impressionado, ela é maravilhosa exatamente do jeito que eu imaginava", elogia sobre a maior cantora pop do Brasil da atualidade.

J Balvin e Anitta - Reprodução/Instagram/@anitta - Reprodução/Instagram/@anitta
J Balvin e Anitta posam juntos nos bastidores do programa "Música Boa Ao Vivo"
Imagem: Reprodução/Instagram/@anitta

"Apoiando o maior artista da América Latina que começa a construir sua carreira aqui no Brasil e ele fazendo o mesmo por mim lá fora", devolveu Anitta em uma postagem em espanhol e português logo depois de gravar com J Balvin para o "Música Boa Ao Vivo". Bastante ativos nas redes sociais, os artistas ainda mostraram para os fãs momentos de descontração em uma festa na casa da cantora, que fica no Rio. 

O longo intervalo entre "Ginza" e o encontro com a cantora deixa as portas abertas para novas parcerias. "Estou pronto para lançar mais músicas com a Anitta e fazer parte da história dela", afirma. A dupla Simone e Simaria também está no radar de J Balvin, que promete voltar em breve.