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Após tantos anos, Def Leppard faz sua merecida "estreia" no Brasil

Banda Def Leppard - Divulgação
Banda Def Leppard
Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

21/09/2017 04h00

O Def Leppard tem um currículo invejável. A banda começou no New Wave of British Heavy Metal e se consagrou nos anos 80 no hard rock. Com mais de 100 milhões de álbuns vendidos nas costas, o grupo inglês quase tocou no 1º Rock in Rio e fez sua estreia no Brasil em 1997, com três shows marcados. Mas o que era para ser alegria virou fiasco.

Joe Elliott (vocal), Rick Savage (baixo), Rick Allen (bateria), Phil Collen (guitarrista) e Vivian Campbell (guitarrista) subiram ao palco do Metropolitan, no Rio de Janeiro, com expectativa gigantesca. Os integrantes haviam lançado "Slang" no ano anterior e estavam ansiosos para tocarem na América do Sul pela primeira vez. As mais de 25 milhões de cópias vendidas de "Hysteria" (1987) colocou o Def Leppard nas cabeças e todos sabem como é fanático o público latino.

"Acho que [o show no Brasil] será um dos pontos altos da turnê. Já me disseram que temos um grande fã-clube aí e que deveremos ter casa cheia", disse Rick Savage para a Folha poucos dias antes de fazer seu debute no país. Não sabemos quem passou tal informação para o pobre baixista, mas alguma coisa não estava certo. Cerca de 250 pessoas foram ao Metropolitan (tradicional casa de shows na cidade maravilha), que tinha capacidade para 8 mil pessoas. 

Já em São Paulo, apesar do primeiro show ter um público razoável, a segunda apresentação no Olympia foi cancelada pela baixa procura de ingressos. Em entrevista para o site "Vamos Musicalizar", em 2014, o guitarrista Phil Collen lembrou da trágica situação: "Me diga você [o que aconteceu]. Acho que 100 pessoas apareceram e elas foram ótimas. Nós pensávamos que o Rio de Janeiro seria ótimo, porque todos diziam que eles nos amavam lá. Nós fomos e ninguém apareceu. Foi a pior turnê que já fizemos".

O retorno triunfal da banda será nesta quinta-feira (21), quando o Def Leppard vai enfrentar quase 100 mil pessoas no Palco Mundo do Rock in Rio, antes do Aerosmith fechar mais um dia do evento. Em São Paulo, o grupo se apresenta no domingo (24), também com o quinteto comandado por Steven Tyler, no Allianz Parque.

Rick Allen, baterista do Def Leppard - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Rick Allen, baterista do Def Leppard, adaptou um kit eletrônico após acidente automobilístico
Imagem: Reprodução/Facebook

Mas por que o fiasco?

Os motivos que levaram à "pior turnê" da banda ainda não são claros. O disco "Slang" fugia do som tradicional da banda e encontravam um rock alternativo que flertava com o pós-grunge. O momento da banda era longe dos hits "Pour Some Sugar On Me", "Animal" e "Hysteria", do álbum de 1987, e os empresários do quinteto quiseram expandir o mercado internacional, com performances na Ásia, África e América do Sul.

Apesar dos shows não por aqui não terem muita procura, Argentina, Chile e os países que integraram o braço sulamericano da turnê cumpriram o esperado e as apresentações foram dentro dos padrões. O que indica mesmo é que a fama da banda no Brasil não era tão grande.

Com um pé no Rock in Rio 1985

A banda estava certa para se apresentar na estreia do Rock in Rio, lá em 1985, mas, segundo algumas teorias, a vinda foi cancelada pelo acidente do baterista Rick Allen, que acabou perdendo seu braço esquerdo. A especulação acaba sendo duvidosa pela proximidade entre a fatalidade e o início do festival.

O músico sofreu o acidente automobilístico em 31 de dezembro de 1984, enquanto o show do Whitesnake --banda que substituiu o Def Leppard-- aconteceu em 11 de janeiro. Dificilmente daria para Roberto Medina, dono do festival, contatar em tão pouco tempo o grupo de David Coverdale com todos os desafios de logística dos bastidores.

Na verdade, a banda não veio ao Rock in Rio porque estava começando a gravar "Hysteria", que demoraria dois anos para chegar ao mercado pelos problemas com o baterista.

Agora resta esperar para ver como será o retorno triunfal do quinteto ao Rio de Janeiro e em São Paulo, em duas noites regadas de clássicos do hard rock.