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Como uma ex-stripper desbancou Taylor Swift e chegou ao topo das paradas

Cardi B: Do pole dance ao topo das paradas - Divulgação
Cardi B: Do pole dance ao topo das paradas Imagem: Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

03/10/2017 10h06

Ela já dançou no pole dance, virou personalidade de reality show, e agora, aos 24 anos, ostenta sua maior arma: uma das músicas mais quentes do verão americano.

Semana passada, Cardi B fez história: Desbancou Taylor Swift do topo e tornou-se a primeira rapper mulher a conquistar o primeiro lugar na Billboard desde 1998, quando Lauryn Hill fez sua grande estreia solo com “"Doo Wop (That Thing)".

Pela segunda semana, seu single “Bodak Yellow” segue reinando à frente de artistas como Charlie Puth, Demi Lovato e até mesmo do fenômeno "Despacito". O segredo da música, que segue a batida grave e pesada do trap, é uma só: “Eu queria fazer uma música que fosse meio: ‘sabe o quê? Estou em um bom lugar na minha vida agora e quero é chocar’”, contou Cardi à "Billboard". E assim foi.

Tanto no clipe, quanto na vida, Cardi se orgulha de usar e descartar os homens para alcançar o topo -- uma significativa virada no roteiro clichê seguido pelos rappers em uma indústria dominada pelos homens. Mesmo com a sensualidade exalando no clipe, a música não deixa de jogar a real sobre a vida dessa americana do Bronx, filha de pais dominicanos, que se viu aos 18 anos sem dinheiro, dentro de um relacionamento violento e prestes a se tornar stripper.

"Got a bag and fixed my teeth / Hope you hoes know it ain't cheap / And I pay my mama bills / I ain't got no time to chill [Ganhei uma grana e consertei meus dentes, tomara que vocês vadias saibam que isso não é barato. E eu pago as contas da minha mãe, não tenho tempo a perder]", ela canta.

No refrão, ela celebra o bom momento, sem deixar de lembrar da época em que tirava a roupa em troca de dinheiro: "I don't gotta dance, I make money move [Eu não danço agora, eu faço o dinheiro dançar]".

O mesmo estilo pragmático, que levou a americana a tentar a vida como dançarina após ser mandada embora de um mercado amish (grupo religioso cristão protestante), segue até hoje: “Eu tenho paixão pela música, adoro música. Mas também tenho uma paixão por dinheiro e em pagar minhas contas.”

Como um Obama

Cardi é apenas mais uma das celebridades das redes sociais que se reinventaram fora das telas de celular, mas certamente é a que melhor conseguiu reverter rapidamente a fama em uma lucrativa carreira.

Ela revelou seu desejo de cantar ainda aos 16 anos, ao postar versões no YouTube. Ainda é possível encontrar um vídeo seu cantando Lady Gaga. Mais do que a voz, o carisma já era evidente nas imagens.

Passou então a registrar todos os seus passos no Instagram e no extinto Vine, ainda enquanto dançava. Na primeira postagem a ser largamente compartilhada e curtida, ela aparece de sutiã e saia: "Lá fora está gelado, mas ainda me visto assim porque uma vadia nunca sente frio".

Sua fama na rede social abriu as portas na TV. Após duas temporadas de “Love And Hip Hop New York”, reality que acompanha mulheres da cena do rap, foi abraçada pelos telespectadores. Passou a ser chamada para outros realities e fez uma participação no programa de Khloé Kardashian, “Kocktails with Khloé”. Em pouco tempo, se tornou a aposta da gravadora Atlantic, por onde lançou duas mixtapes. Ansiava deixar a vida de stripper até os 25 anos. Conseguiu aos 23.

 

House of LANCASTER

Uma publicação compartilhada por Cardi B Official IG (@iamcardib)

 

 

 

 

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O sucesso em plataformas tão distintas segue uma receita: Ela é desbocada, divertida e ativista. Sim, teve quem presumisse que ela não tinha "credenciais" para falar sobre feminismo, mas Cardi responde, sem papas na língua:

"Se você acredita em direitos iguais entre homens e mulheres, você é feminista. Não entendo porque vocês pensam que uma feminista precisa ter educação, diploma. Não é isso. Vocês estão desencorajando um certo tipo de mulher. O problema é que ser feminista é algo ótimo, e vocês não querem que eu seja ótima. Dane-se. Porque no final do dia eu vou encorajar qualquer tipo de mulher. Você não precisa ser igual a mim para eu te apoiar e encorajar."

Não à toa, Taylor Swift, a artista jovem mais popular nos Estados Unidos, também uma feminista, enviou um buquê de flores para a nova n° 1 da Billboard.

Emocionada com a conquista, logo após ganhar indicações ao BET Awards 2017, Cardi B compara o trabalho a uma campanha:  “Foi tipo uma corrida. Como o Obama disparando à Presidência”, disse.