"Eu me sentia mal de ser o único negro passeando no shopping", diz Projota
Projota falou sobre a carreira e preconceito no "Conversa com Bial" de quinta-feira (19). O rapper lembrou como ficou sua cabeça quando conheceu o sucesso e disse como lida com o preconceito que as minorias enfrentam no dia a dia.
"Eu passei por um momento não muito bom, mas não cheguei a pirar. Comecei a crescer e a caminhar em lugares que eu não ia antes, com o melhor shopping da cidade. Não pertencia àquele lugar, sentia o preconceito. Eu me sentia mal de ser o único negro andando no shopping, os outros estavam trabalhando em fast-food ou no estacionamento", recorda.
O apresentador quis saber se há algum motivo para parte de suas músicas serem voltadas a falar das mulheres. "Não sei como aconteceu. Eu perdi minha mãe muito cedo, tinha 7 anos quando ela sofreu um AVC. Fui criado pela minha avó e tias, criei um vínculo muito forte com elas. Falo que sou um machista em desconstrução".
A luta por direitos iguais não ficou de fora do bate-papo. "São tantas minorias que se tornam uma maioria. Eu como sofri muito preconceito racial na minha vida, apoio a raça negra. As mulheres estão lutando, os homossexuais também, todos lutando pela igualdade".
Projota comentou também as críticas que recebeu quando fez parceria com Anitta. "A parte mais conservadora do rap disse: 'que é isso, está fazendo parceria com funkeira?'. Alguém precisava dar a cara a tapa. Durante muito tempo o rap ficou batendo de frente com o sistema, mas deixou um pouco de tomar atitude para não morrer", avalia.
Olhando para trás, o cantor vê o quanto ousou quando decidiu se jogar na carreira. "Quando resolvi cantar, quase ninguém cantava rap no Brasil, só o Marcelo D2, Gabriel O Pensador e os Racionais [MCs]. Minha família dizia para eu fazer concurso público e meus amigos me zoaram muito quando comecei", recorda.
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