Rodrigo Silveira
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Jan Fjeld
Desde que começaram a aparecer no cenário pop no final dos anos 70, o
rap e o hip hop andam no fio da navalha, pregando a paz e ao mesmo tempo defendendo a luta armada para um mundo melhor. "O movimento" _música, cultura e estilo de vida_ teve um papel importante na conscientização das pessoas fora do gueto. Os oprimidos ganharam uma cara, uma voz e uma batida.
O rap atingiu toda a comunidade internacional mostrando aquilo que sempre teve pouquíssimo espaço na mídia. Não foi à-toa que Chuck D, do grupo Public Enemy, declarou já em 1988, que o rap era a "CNN da América Negra".
Agora, após o hediondo atentado terrorista sofrido pelo EUA nesta semana volta à tona a polêmica que está no centro do movimento.
Enquanto o site do rapper Davey D, uma espécie do fundador do hip hop, abre espaço para a rapper filipina Kuttin'Kandi convocar para uma reza diária em favor de "todas as culturas, raças e religiões" e pela paz no mundo, há um grande número de artistas que continuam pregando a luta armada.
A pregação da violência assustou o mundo quando o Public Enemy lançou "It takes a Nation of Millions to Hold Us Back", em 1988. Considerado uma obra-prima do gênero, com a sua mistura densa de barulho incessante e batidas agressivas, a música panfletava em favor de um "comando negro" para os EUA.
Outro marco desse discurso da violência veio em 1995, quando Public Enemy, Ice T, Ice Cube, Smooth B, Onyx e X-Clan participaram da "Million Man March" (Marcha de um milhão de homens), em Washington, EUA, organizada pelo líder do Nação de Islã "Nation of Islam", Louis Farrakhan. O movimento extremista norte-americano Nação de Islam exclui a participação de mulheres, de brancos e de não-muçulmanos e defende o uso das armas e da violência para alcançar os seus objetivos.
Não necessariamente ligados à Nação do Islã mas mantendo uma postura que defende a violência estão inúmeros outros artistas do mundo do rap como Dr Dre, Snoop Doggy Dogg, Paris, N.W.A e Wu Tang Clan.
O inimigo é a supremacia branca, o capital e a exclusão de minorias do ensino, do mercado de trabalho e a participação na sociedade em geral. O objetivo é uma escola acessível, um emprego fixo e conscientização de todas as minorias do mundo.
Com o ataque terrorista do último 11 de setembro, a contradição que está no coração do rap sai do vinil e cai na real: É possível chegar a um mundo mais justo usando a violência?
Leia mais:
http://www.daveyd.com/ http://www.public-enemy.com http://www.rapstation.com/ http://www.epicstyle.com/culture/culture_Candice.asp http://www.urbanthinktank.org/ http://www.360hiphop.com/ http://www.popandpolitics.com/ http://www.oldschoolhiphop.com/