Tim Burgess fala com exclusividade a O Pulso sobre shows dos Charlatans no Brasil
Rodrigo Silveira
|
Jan Fjeld
The Charlatans é a principal atração internacional na décima edição do Festival Abril Pro-Rock - dia 21 de abril, em Recife (PE), e 22, em São Paulo (SP) - ao lado de The Mission e Stephen Malkmus (ex-Pavement). É uma chance única de ver e ouvir esta
banda ímpar de som psicodélico, ameaçador e adolescente, que sempre estendeu o limite do universo britpop para além de Blur e Oasis.
Embora muito cultuada na Inglaterra, nunca conseguiu o merecido destaque além da ilha. Diferentemente dos seus colegas acima mencionados, bem mais caretas, The Charlatans sempre foi mais barulhento, mais
funkeado e, não menos importante, mais sexy.
O Pulso falou com exclusividade com
Tim Burgess, 34, o vocalista e principal letrista da banda que, apesar da sua fama de afetado, mostrou-se afável e excitado com a idéia de tocar no Brasil ("Não vejo a hora!").
Durante a entrevista, Burgess contou como morar na Califórnia fez com que ele parasse de fumar, e disse que seu mais recente álbum "Wonderland" é um disco com "o som mais 'Califórnia' possível, vindo de cinco caras de Manchester". Segundo o cantor, a banda "está tentando apenas ser 'fantástica'".
Pouco antes da conversa por telefone, direto de sua casa em Hollywood Hills em Los Angeles, Burgess acabara de voltar da biblioteca com cinco livros sobre o Brasil. Durante a entrevista, Burgess fez várias perguntas sobre o país, a cena musical local, o Abril Pro Rock e quis saber: "alguém no Brasil já ouviu falar dos Charlatans"?
Leia, a seguir, os melhores trechos da entrevista:
O seu tecladista, Tony Rogers, falou em uma entrevista para a Folha de S. Paulo que depois de todas as dificuldades da banda, ele considera "Wonderland" uma "doce vingança". Do que ele está falando? Como você vê o seu novo álbum? Sério?! Acho que é doce sim (risos), mas não sei sobre a parte da vingança. Sinto que é otimista, que é um disco corajoso e acho definitivamente que soa como um álbum de estréia.
Corajoso em que sentido? É bastante diferente do resto da cena musical atual. Sempre nos consideramos diferentes, não de uma forma esnobe ou difícil, só diferentes.
Sempre tivemos muita fé em nossa música, no que estamos fazendo. Estamos só tentando ser fantásticos (risos), só isso. Não acho que exista algo parecido com The Charlatans no mercado.
"Wonderland" é bem mais pop do que os álbuns anteriores? Sim, é bem mais pop e isto me dá orgulho. Tentamos sempre não fazer o mesmo disco duas vezes. Tentamos trazer um pouco do sol da Califórnia, um pouco do som das guitarras daqui.