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01/11/2006 - 15h26
Em noite fria e chuvosa, Ad-Rock, dos Beastie Boys, faz 40 anos no Tim Festival em Curitiba

GUGA AZEVEDO
Enviado especial a Curitiba


MC Press/Divulgação

Beastie Boys celebram os 40 anos de Ad-Rock no palco do Tim, em Curitiba (31/10/2006)

Beastie Boys celebram os 40 anos de Ad-Rock no palco do Tim, em Curitiba (31/10/2006)


Curitiba ficou com o "filé" do Tim Festival e não aproveitou. Beastie Boys, Patti Smith, Yeah Yeah Yeahs e DJ Shadow foram quatro dos principais nomes que o evento levou ao Rio de Janeiro, para shows entre 27 e 29 de outubro, e que também se apresentaram nesta terça (31) na Pedreira Paulo Leminski.

Doze mil pessoas, menos da metade da capacidade do local para o evento (26.000), compareceram ao festival sob chuva e temperatura de cerca de 13°C. Mais frio que o tempo, entretanto, era o público que quase não se manifestava ao final das músicas, exceto pelo pedido de bis no show dos Beastie Boys.

A primeira reação digna de um grande festival por parte da platéia foi no final do penúltimo show, quando a vocalista Karen O, do Yeah Yeah Yeahs, se despediu dizendo "fiquem agora com os Beastie Boys". Vinte minutos depois, o DJ Mix Master Mike iniciava uma seqüência de mixagens com a faixa "Tom Sawyer", do Rush, preparando todos para a entrada de MCA, Mike D e Ad-Rock.

No show, o trio despejou, com muita ironia e sarcasmo, os principais sucessos de sua carreira, como "No Sleep Till Brooklyn", "Ch-Check It Out" e "Body Movin´".

Em vários momentos, Ad-Rock insistia em querer conversar com o prefeito para ganhar a chave da cidade e ser coroado "o rei". E foi o próprio Ad-Rock o responsável pela festa da noite, já que completava 40 anos de idade com direito a bolo, velas e champanhe.

O palco ficava cada vez menor para o enérgico trio nova-iorquino, sempre amparado pelas misturas e colagens de Mix Master Mike. Com 27 anos de carreira, os Beastie Boys continuam com um show rápido e vigoroso. Assim como a apresentação do Rio, os MCs se apresentaram engravatados e assumiram a maturidade que carregam, fazendo várias piadas entre si. Em um momento Mike D se deitou no palco e os outros dois se sentaram para uma pequena pausa. Logo em seguinda, perguntaram se Mike estava bem. "Sim, já estou hidratado", respondeu o rapper, já um senhor que acaba de entrar na meia-idade.

Para o bis, o trio empunhou os instrumentos --guitarra, baixo e bateria-- e tocou as faixas "Gratitude" e a clássica "Sabotage", que fechou a noite em Curitiba, como no Rio.

Veja abaixo como foram os demais shows do Tim Festival em Curitiba.

Yeah Yeah Yeahs distante

"O palco era muito longe do público. Quase não tivemos contato com os fãs", reclamava Nick Zinner, o guitarrista do Yeah Yeah Yeahs, logo após a apresentação do grupo que antecedeu à dos Beastie Boys. Essa distância foi um dos principais motivos para a não interação de Karen O com os espectadores, o que a deixou bem mais contida do que nas agitadas performances que fez no Rio e em São Paulo.

O grupo de rock nova-iorquino fez o show mais curto da noite, pouco mais de 40 minutos, no qual foram privilegiadas as faixas do disco mais recente, "Show Your Bones" (2006). Quem se destacou foi o baterista Brian Chase, que muitas vezes tocava o instrumento somente com uma mão e foi o último a sair do palco, agradecendo a todos presentes.

Patti Smith no meio do público

Patti Smith começou o show devagar, com um clima morno de "paz e amor" que mudou radicalmente da metade da apresentação em diante. Discursou com mensagens ecológicas e sociais, além de fazer o mesmo apelo político usado no Rio, ao dizer que o povo tem poder e é chefe dos governantes, e não o contrário, para tocar na seqüência "People Have the Power". Várias outras faixas conhecidas como "Redondo Beach", "Because The Night", "Gloria" e o cover de "Gimmie Shelter", dos Rolling Stones, também fizeram parte do repertório. No final da apresentação, ela desceu do palco e foi para o meio do público cumprimentar os fãs.

DJ Shadow com chuva

O momento mais forte da chuva que caiu sobre Curitiba foi durante a apresentação do DJ Shadow. O Tim Festival começou com 15 minutos de atraso (19h15), e o produtor californiano iniciou suas primeiras mixagens às 20h20. Nesse horário, a Pedreira ainda encontrava-se com poucos fãs, que se aglomeravam nas tendas de alimentação espalhadas pelo local para fugir do mau tempo. Shadow fez um apanhado geral de sua carreira, mostrando sua versatilidade e bagagem musical. Como no show do Rio, o DJ recebeu o auxílio maçante do MC Lateef, the True Speaker.

Nação Zumbi abre o evento

Quem abriu a noite foi a Nação Zumbi, em sua única participação no Tim Festival 2006. Os músicos mesclaram o repertório antigo com as faixas do disco "Futura" (2006), dando uma roupagem renovada para os principais sucessos da época de Chico Science, como as viajantes "Carimbo", "Coco Dub" e "Quilombo Groove". O guitarrista Lúcio Maia pediu que aquele fosse o momento de comemoração para todos, "temos que comemorar a derrota que a Rede Globo e a revista 'Veja' receberam domingo passado", em explícita alusão ao resultado das eleições presidenciais.

Passeio dos artistas em Curitiba

Todas as atrações do Tim Festival em Curitiba souberam aproveitar a brecha em suas agendas, cada um à sua maneira. Os Yeah Yeah Yeahs, que já vinham de duas apresentações no Rio e em São Paulo, tiveram gás para uma festa na segunda-feira. No dia seguinte, o guitarrista Nick Zinner aproveitou para comprar alguns discos nacionais. Questionado sobre quais artistas brasileiros ele gosta, veio a já esperada resposta "gosto de coisas dos anos 70, principalmente Mutantes". DJ Shadow foi outro nome que também deixou alguns donos de lojas de discos bem felizes com suas compras.

Os Beastie Boys visitaram o Museu Oscar Niemeyer e responderam gentilmente a todos os pedidos de fotos e autógrafos dos fãs. No outro lado da cidade, Patti Smith foi vista na Praça Osório, centro de Curitiba, tirando fotos de mendigos que estavam no local.

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