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29/10/2007 - 08h19
Tim Festival em São Paulo leva mais de 20 mil pessoas ao Anhembi

FERNANDO KAIDA
Editor de UOL Música


Alexandre Schneider/UOL

A cantora Björk se apresenta em São Paulo (28/10/07)

A cantora Björk se apresenta em São Paulo (28/10/07)


Mais de 20 mil pessoas passaram pelo Anhembi neste domingo (28) para assistir aos shows do Tim Festival em São Paulo, de acordo com a organização do evento. Seis das atrações que tocaram no Rio de Janeiro neste fim de semana se apresentaram na capital paulista, em uma maratona que durou cerca de 10 horas, felizmente seca, já que choveu forte na cidade nos últimos dois dias.

Os destaques foram a cantora islandesa Björk, o grupo inglês Arctic Monkeys e os norte-americanos do Killers. Esses últimos responsáveis por fazer o público permanecer no Anhembi até depois das 5h de segunda-feira em uma noite marcada por atrasos.

A primeira grande atração da noite foi Björk, que trouxe ao país o exuberante show da turnê "Volta". Às 22h05, após um intervalo de quase uma hora, um coral de mulheres, que também faz as vezes de orquestra de sopros, apareceu no palco do Tim tocando uma marcha que anunciava o inicio da apresentação.

A cantora islandesa surgiu em seguida, com um chapéu felpudo de onde saíam tiras que cobriam parte de seu corpo --o mesmo utilizado no primeiro show da turnê, no festival Coachella, em abril passado--, para interpretar "Earth Intruders", uma das faixas do disco que dá nome ao show, lançado neste ano.

Björk apresentou um repertório que misturava músicas novas, como "Innocence" e "Wanderlust", com antigas, entre elas "Hunter", "Hyperballad" e "Army of Me". Descalça e usando um vestido godê com barra assimétrica com as cores do arco-íris, a islandesa se movimentava pelo palco como que regendo a banda com as mãos e dançava nas faixas mais agitadas, como "Hyperballad", que ganhou samples de "Freak", da dupla inglesa LFO, formada por Mark Bell, parceiro de Björk que, nesse show, comandava o reactable, instrumento cujos sons sintéticos saem a partir de movimentações de peças em uma tela.

Ao final da apresentação veio "Declare Independence", faixa na qual a cantora defende a independência da Groelândia, que teve direito a chuva de papel picado. "Levantem suas bandeiras! Mais alto!", diz a música.

Em seguida foi a vez da banda Juliette and The Licks subir ao palco do Anhembi. Liderado pela cantora e atriz Juliette Lewis, o grupo apresentou um rock'n'roll convencional, cheio de testosterona. Apesar da performance elétrica da vocalista, que começou o show vestindo calça e jaqueta de couro vermelho e se movimentou de um lado para o outro sem parar, o som do grupo não empolgou.

Arctic Monkeys
Penúltima atração, os garotos do Arctic Monkeys conseguiram a maior reação positiva da platéia até então, já na madrugada desta segunda. O quarteto de Sheffield tocou por pouco menos de uma hora as canções de seus dois discos lançados até agora: "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not", de 2006, e "Favourite Worst Nightmare", de 2007.

Em um palco simples, sem grande produção, os ingleses mostraram hits como "Fake Tales of San Francisco", "I Bet You Look Good on The Dancefloor", "Brianstorm", "Dancing Shoes" e "Fluorescent Adolescent", todas recebidas com entusiasmo pela platéia. Depois dos exageros de Lewis, o Arctic Monkeys mostrou que apenas com boas canções, e quase nenhuma presença de palco, dá para conquistar 20 mil pessoas.

The Killers
Mas era a banda de Las Vegas The Killers a atração mais esperada da noite. Mesmo com três horas de atraso --o show começou por volta das 4h-- a maioria do público permaneceu no Anhembi para ouvir e cantar hits radiofônicos como "Mr. Brightside", "Somebody Told Me", "Bones", e "Jenny Was a Friend of Mine", entre outros presentes nos álbuns "Hot Fuss", de 2004, e "Sam's Town", de 2006.

Apesar do pouco tempo de carreira, o Killers demonstra uma confiança no palco digna de banda veterana. O vocalista Brandon Flowers comanda o público com desenvoltura, sabe quando --e como-- interagir com a platéia e dá aos fãs o que eles querem ouvir desde o início do show.

A vocação do Killers para banda de arena fica evidente na exagerada decoração do palco, uma mistura de neon, lâmpadas e árvores, e no som grandioso, com forte presença de guitarras e teclados que soam como um encontro do U2 com o Duran Duran. A empatia com o público surpreende, pois não é sempre que um grupo relativamente novo consegue segurar uma platéia depois de tantas horas até a quase manhã de uma segunda-feira.

Spank Rock e Hot Chip
A programação do domingo foi aberta às 19h pelo grupo de hip hop Spank Rock enquanto o público ainda chegava ao local do show. Os norte-americanos fizeram uma apresentação um tanto irregular, cheia de variações de ritmo.

Faixas de batidas dançantes eram intercaladas com outras mais lentas que quebravam o clima. Apesar da animação dos rappers, que dividiram o palco com quatro percussionistas e chegaram a dar uma garrafa de champanhe para a platéia, o som do Spank Rock não funcionou num palco grande e ao ar livre como o da arena. Ainda assim, era evidente o divertimento do grupo, o que levou um dos integrantes a pular do palco sobre o público ao final da apresentação.

Em seguida foi a vez de outra banda pouco conhecida no país. O quinteto inglês Hot Chip começou sua apresentação às 20h, com o single "Shake a Fist", faixa do disco "Made in The Dark", que será lançado no começo de 2008. Meia hora depois de começado o show, os músicos deixaram o palco de repente, por problemas técnicos com o sistema de som. Cerca de dez minutos depois, já com os equipamentos trocados, o grupo voltou para tocar mais mais quatro canções, entre elas uma versão para "Temptation", do New Order, e o hit "Over and Over". Apesar da pane, que esfriou a pista, a banda agradeceu e afirmou que o público paulistano foi "melhor que o do Rio", onde tocou na sexta-feira (26).