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"Nunca o vi tão animado", diz Inezita Barroso sobre despedida de Tinoco na TV

A dupla sertaneja Tonico e Tinoco - Divulgação
A dupla sertaneja Tonico e Tinoco Imagem: Divulgação

André Piunti e Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo*

04/05/2012 11h31Atualizada em 04/05/2012 14h59

A cantora e apresentadora Inezita Barroso, que na última quarta-feira (2) recebeu Tinoco em seu programa "Viola Minha Viola", falou sobre o colega sertanejo. "Nunca o vi tão animando. Ele brincou com todo mundo [no programa], falou um monte de bobagem. Estou triste, mas nem tanto, porque ele estava muito alegre", disse ela ao UOL, por telefone.

Ela também comentou a importância de Tinoco ao lado de Tonico para a música brasileira. "Eles abriram a porteira para a música de raiz. Antes era coisa de caipira, mas ele venceram, arrebentaram e continuaram cantando igual até morrer. É o que eu pretendo fazer também. Influenciaram todas as boas duplas sertanejas". O programa inédito vai ao ar neste domingo (6), às 9h, na TV Cultura. O repertório da dupla Tonico e Tinoco foi cantado por Divino e Donizete, Duo Glacial, Mazinho Quevedo e Adrielli, Ivan Lobo e Vitor César, além do sanfoneiro Zé Cupido.

Por telefone, Sérgio Reis disse ao UOL que é fã de Tonico e Tinoco desde os 10 anos de idade. "É um dia difícil para mim porque me tornei o que sou por causa deles. Meu pai me deu uma viola quando eu era criança porque eu ficava ouvindo a dupla no rádio. Consegui ficar amigo deles e hoje a viola está autografada pelos dois e guardada a sete chaves". Reis também contou que Tinoco iria participar da gravação de seu DVD, no dia 8 de maio.

FAMOSOS COMENTAM VIDA E OBRA DE TINOCO

Ele era da geração da criação, ele respaldava aquela época de Cornélio Pires, Raul Torres, Florêncio, essa turma, lá por volta dos anos 40, 50, época em que o sertanejo saiu da porta do rancho e virou radiofônica. Essa história viva se encerrou hoje, o último que a representava já não está mais. Tonico e Tinoco explodiram um movimento que era restrito.
César Menotti, cantor da dupla César Menotti e Fabiano, por telefone
A viola do sertanejo hoje chora de saudade, hoje chora por alguém que vai deixar marca em cada acorde que a gente ouvir, em cada nota que tocar, em cada voz de um sertanejo, em cada frase, em cada história de quem ama este gênero... Ah! Vai ter, sim, sempre, o tom de um mestre, de dois ícones, Tonico e Tinoco. Os dois, agora, se encontram no céu, com as bênçãos de Deus.
Zezé Di Camargo, cantor, por e-mail
Ao lado de Tonico, Tinoco foi símbolo de um Brasil chamado de caipira. E, no fundo, a gente é caipira. Caipira é quem gosta de mato, a natureza, quem ama o simples, quem fala de amor sem rodeios, quem conhece a força de uma viola. Eles nos ensinaram a ter amor e orgulho por ser caipira. Brasil, verde e amarelo, mistura de cores, união de raças, hoje chora por quem tão bem representou a alma desta pátria. Nosso país é sertanejo e Tonico e Tinoco os símbolos desta bandeira.
Luciano, cantor da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, por e-mail
Nossos mestres estão partindo para outro plano. Tinoco, vá em paz e obrigado por sua existência. A música brasileira, e principalmente a sertaneja, é eternamente grata a você.
Bruno e Marrone, por e-mail
Tonico e Tinoco foram como professores para muitos músicos. Foram heróis em uma época em que não tinha internet, televisão. Os dois fizeram um baita nome na música. A perda é muito grande. Tinoco era muito humilde, não tinha quem falasse mal deles.
Milionário, da dupla Milionário e José Rico, por telefone
Morreu uma pedra preciosa da música caipira nacional: um viva e gratidão a Tinoco!
Marcelo Tas, apresentador, pelo Twitter
Morreu o cantor Tinoco da dupla Tonico e Tinoco. Gênios da música de raiz, do romantismo à moda antiga. Eu era criança, em Cachoeira Paulista, quando vi pela primeira vez Tonico e Tinoco cantando na festa do padroeiro. Nossa homenagem ao artista popular brasileiro que de canto a canto leva sensibilidade, talento, cultura.
Gabriel Chalita, político, pelo Twitter
Cresci ouvindo música sertaneja, moda de viola, tonico e Tinoco eram visitas frequentes naquelas caixas, me ensinaram muito sobre poesia...
Emicida, rapper, pelo Twitter
Acabei de acordar e vi uma notícia que me deixou muito triste..Tinoco, a razão de a música sertaneja ser tão popular, faleceu hoje..Todos nós sertanejos, ao lado do Brasil todo, estamos orando por você, Tinoco! Descanse em paz...
Luan Santana, cantor, pelo Twitter

Velório e despedida
Tinoco morreu na madrugada desta sexta-feira (4) após sofrer duas paradas cardíacas. Segundo o filho e empresário do cantor, José Carlos Perillo Perez, o pai teve uma crise respiratória na tarde de quinta-feira, quando foi internado no Hospital Municipal Ignácio de Proença de Gouvêa, na Mooca, zona leste de São Paulo, por volta das 15h. Segundo os familiares, os médicos afirmaram que, pelos sinais apresentados pelo cantor, ele havia sofrido um enfarte dois dias antes, apesar de não ter sentido sintoma algum em casa.

O velório do músico acontece no Cemitério da Quarta Parada, no Belém, zona leste da capital. O enterro está programado para as 17h no Cemitério da Vila Alpina. Tinoco se apresentaria na Virada Cultural paulistana às 13h do domingo (6), no palco Arouche.

Em comunicado, a Prefeitura de São Paulo e a Secretaria Municipal de Cultura lamentaram a morte do cantor, dizendo que o artista contribuiu expressivamente para a história da música sertaneja.

Dupla canta sucessos na TV Cultura

Formação da dupla
Tinoco, como era conhecido, formou uma dupla sertaneja ao lado do irmão mais novo, Tonico, nos anos 1930. A dupla terminou em 1994 com a morte de Tonico, no dia 13 de agosto daquele ano, ao cair da escada do prédio onde morava. O último show da dupla foi na cidade mato-grossense de Juína, em 7 de agosto de 1994.

A primeira apresentação profissional de Tonico e Tinoco foi em 15 de agosto de 1935, ao lado do primo Miguel. A Dupla Coração do Brasil foi uma das primeira duplas sertanejas. Seus sucessos mais conhecidos incluem as músicas "Chalana", "Tristeza do Jeca" e "Chico Mineiro", entre outras.

Em 1943, os dois vieram para São Paulo, onde participaram de programas radiofônicos de calouros, sem sucesso. Do primeiro concurso que ganharam, com a música "Adeus, Campina da Serra", na Rádio Difusora, saiu o nome artístico Tonico e Tinoco. O primeiro disco foi lançado em 1944, e os primeiros sucessos vieram pouco depois, com "Percorrendo o Meu Brasil", "Cana Verde" e "Canoeiro".

Em 60 anos de carreira, Tonico e Tinoco realizaram cerca de mil gravações, divididas em 83 discos que venderam mais de 150 milhões de cópias, realizando cerca de 40 mil apresentações em toda a carreira. A dupla ainda ganhou dois prêmios Sharp e participou de seis filmes.

Após a morte de Tonico, Tinoco ainda cumpriu contrato de shows e fez cerca de 30 apresentações sem o irmão. Posteriormente, seguiria carreira solo ao lado de seu filho, Tinoquinho.

(Com informações da Agência Estado)