"Abandonar nossos trajes é como ver o Kiss sem máscaras", diz guitarrista do Man or Astro Man? em SP
Eles costumam dizer que foram enviados à Terra para salvar o mundo com a música. Extra-terrestres autointitulados, vestidos em roupas de filme de ficção científica, o Man or Astro Man? está de volta ao Brasil com sua mistura de surf music e punk rock em meio a temáticas sci-fi e faixas inéditas que serão lançadas ainda este ano. E, agora, uma Astro-Woman está entre eles, que nesta semana já passaram pela Virada Cultural paulista, por Bauru, Goiânia e agora volta a São Paulo para se apresentar nesta quinta-feira (10) no Cine Joia.
Guiados pela velocidade e riffs enérgicos, da fonte de Dick Dale e The Ventures, o Man or Astro Man? reuniu sua formação orginal para gravar um novo disco --é no Brasil que tocam, pela primeira vez, as inéditas. Eles são Star Crunch na guitarra, Birdstuff na bateria e Coco the Electronic Monkey Wizard no baixo e elementos eletrônicos. Fora dos trajes futurísticos, eles são respectivamente Brian Causey, Brian Teasley e Robert DelBueno, as cabeças por trás de uma das bandas mais cultuadas pela cena alternativa dos anos 1990.
A banda emergiu no começo dos anos 1999 do Alabama (estado norte-americano onde sempre há notícias de aliens) desde que a base controladora do Astro-Man foi destruída há algumas décadas, eles contam. Durante uma década de muita atividade, foram mais de 1.500 shows nos mais diversos países. O grupo acabou saindo de órbita em 2001, mas foram vistos em alguns clubes entre 2005 e 2006. Há dois anos eles se regeneraram, vestiram seus uniformes --"Abandonar nossos trajes é como ver o Kiss sem máscaras", defende Star Crunch-- e reapareceram, aparentemente para ficar.
Essa é a terceira visita do Man or Astro Man? ao Brasil (as anteriores foram em 1999 e 2001). Apesar de ser um dos inventores da banda em 1991, Star Crunch nunca veio ao país --ele deixou a banda em 1998 para gerenciar seu próprio selo, o Warm Records, e para trabalhar na trilha do desenho animado "As Aventuras de Jimmy Neutron". "Estou muito empolgado [com esse show], ouvi histórias incríveis de meus amigos. Eu estava exausto quando deixei a banda, mas agora já estou recuperado e quero me divertir", garantiu ele. Em conversa por telefone, Star Crunch ainda falou sobre o retorno da banda, a nova integrante e alguns detalhes sobre o novo disco.
UOL Música - Vocês fizeram essas pausas na banda... O que mudou desde o último retorno, em 2010?
Star Crunch - Bem, agora nós não queremos mais bater um no outro depois do show (risos). Nós tocamos demais nos anos 90, fizemos tudo "demais" naquela época, muitas viagens, muitos shows, muito tudo, queríamos explodir. Nós amamos um ao outro, mas saíamos em turnê em vans, fizemos mais de 1.500 shows em uma década, estávamos sempre na estrada. Era como uma relação em família mesmo, e acaba sendo cansativo se você passa muito tempo com as mesmas pessoas. Mas agora já estamos sentindo falta um do outro, já nos aguentamos de novo (risos).
A baixista e guitarrista do Man or Astro Man?, Avona Nova (Samantha Paulsen)
UOL Música - Qual a melhor coisa de o Man or Astro-Man? estar na ativa de novo?
Star Crunch - Olha, eu gosto muito mais dos Astro-Men hoje, sem dúvida. Birdstuff (Brian Teasley, baterista) e eu começamos a tocar juntos ainda adolescentes. E Coco the Electronic Monkey Wizard (Robert DelBueno, baixista) é como um cientista maluco, não há personalidade mais interessante do que ele em uma banda nos últimos 20 anos. Ele se importa muito com os fãs e com as pessoas que trabalham com a gente. Perdi a conta de quantas vezes estávamos prontos para sair e ele ensinando um garoto como fazer seu próprio theremin. E voltamos a vestir nossos uniformes. Você sabe, abandonar nossos trajes é como ver o Kiss sem máscaras.
UOL Música - E agora vocês também têm uma mulher entre vocês...
Star Crunch - Sim, é a Avona Nova (Samantha Paulsen)! O nome dela é um palíndromo (risos). Ela até gravou nosso novo disco com a gente. Ela toca demais, é uma excelente guitarrista e baixista. Ao vivo ela destrói muito marmanjo. E é legal ter uma espécie feminina entre nós.
UOL Música - Como vocês encontraram Avona Nova?
Star Crunch - Bem, quando decidimos voltar com a banda pedimos um novo guitarrista para nossa unidade-chefe. Eles já estavam trabalhando nesse novo tipo de espécie, a Astro-Woman, e nos ofereceram para fazer uma experiência. Aceitamos porque é sempre legal ter uma lady no palco. São coisas desses tempos modernos. A tecnologia avançou muito.
UOL Música - Como vocês passaram o último ano?
Star Crunch - Passamos o ano preparando os shows e viajando pelo espaço para tocar. Nossa reunião começou em 2005 com uma proposta do nosso selo Touch & Go, que estava completando 20 anos e chamou várias bandas para um festival. E agora estamos aqui, trabalhando no nosso novo álbum com Steve Albini [produtor, responsável por "In Utero", do Nirvana]. Gravamos as músicas ao vivo durante quatro meses e foi bem divertido, como nos velhos tempos. Não há nada de gravação digital, é tudo analógico. Soa até mais pesado.
UOL Música - E quando será lançado?
Star Crunch - Ainda estamos finalizando, mas espero que saia em setembro. Precisamos voltar para gravar algumas coisas em Chicago. Nós ainda nem temos um título para o álbum. Na verdade temos uns 30 títulos, mas vamos decidir por um deles nas próximas semanas.
UOL Música - O que você pode adiantar sobre o show por aqui?
Star Crunch - Vamos tocar um pouco de músicas novas e muitas músicas antigas. Nossos shows são para os fãs, e é por isso que estamos aqui. Temos obrigação de fazer um grande show com músicas que as pessoas querem ouvir. Além disso, o Brasil será o primeiro país a ouvir nossas músicas novas ao vivo.
UOL Música - Isso é algum tipo de sinal?
Star Crunch - Sim, nós amamos os humanos brasileiros! É um dos lugares mais legais da galáxia para tocar.
UOL Música - Como é fazer parte de uma banda espacial?
Star Crunch - Desculpe, essa pergunta eu não posso responder. Faz parte do nosso serviço secreto espacial.
MAN OR ASTRO MAN? EM SP
Quando: hoje (10/05); abertura da casa às 21h; show de abertura às 22h; show principal às 23h
Onde: Cine Joia (Praça Carlos Gomes, 82, Liberdade)
Quanto: R$ 30 a R$ 80
Ingressos: bilheteria da casa
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