Organização do show de Emicida em MG defende "direito de expressão artística"
A produção do festival Projeto Palco Hip Hop, que organizou o show do rapper Emicida em Belo Horizonte, disse que "acredita e defende o livre direito de expressão artística". Em comunicado divulgado nesta terça-feira (15), o evento esclareceu que, em nenhum momento da apresentação, houve a intenção de ofender a Polícia Militar de Minas Gerais que trabalhava no local. Emicida foi detido no domingo (13) por suposto "desacato à autoridade", depois de cantar a música "Dedo na Ferida".
Na nota, o festival diz que tudo aconteceu dentro dos padrões legais de infraestrutura e segurança exigidos pelo Corpo de Bombeiros, pela Prefeitura de Belo Horizonte e pela Polícia Militar, e que repudia a violência e truculência de qualquer natureza e contra qualquer indivíduo.
Sobre o apoio de Emicida à ocupação de um terreno na região do Barreiro, onde famílias estão acampadas desde o último dia 21, na capital mineira, a organização afirma que é solidária "às famílias atingidas pela desapropriação da Comunidade Eliana Silva, assim como às comunidades Zilah Spósito – Helena Greco, Dandara, Pinheirinho, Moinho e todas as outras que vêm sofrendo com a desocupação e a repressão em nosso país".
Emicida se defendeu das acusações em seu blog e contou que não assinou o boletim de ocorrência, porque o documento estava incorreto. "A alegação dos policiais é a de que ele teria dito a seguinte frase: 'Eu apóio a invasão do terreno Eliana Silva, região do Barreiro, tem que invadir mesmo, levantem o dedo do meio para cima, direcione aos policiais, pois todos esses tem que se fuder'", diz uma nota no site do artista.
"Em nenhum momento o rapper se dirigiu diretamente aos policiais militares que trabalhavam no evento ou pediu que o público fizesse algum gesto obsceno a eles. O show ocorreu sem nenhuma confusão", explicou a assessoria de Emicida no blog dele. Ouça abaixo o áudio do show:
Entenda o caso
Em contato por telefone com o UOL, o irmão e empresário do rapper, Evandro Fióti, contou que a polícia deu voz de prisão logo depois do fim do show. Por volta das 19h30 de domingo (13), Emicida foi levado para a 36ª Delegacia Seccional do Barreiro. Um policial do distrito disse por telefone que o artista teria sido algemado, informação negada pela assessoria do rapper.
Segundo o empresário, no início do show Emicida apoiou a ocupação de um terreno na região do Barreiro. "Nessa hora, o pessoal levantou o dedo do meio contra os políticos e as autoridades, mas os policiais que estavam no local se sentiram ofendidos e não quiseram deixar em branco. E, na verdade, a música fala da instituição como um todo, como um denúncia geral, e não sobre aquelas pessoas que estavam no show, naquele momento", disse Fióti ao UOL. Acompanhado de um advogado, Emicida prestou depoimento sobre a canção.
Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar de Belo Horizonte afirma que, durante a música, o rapper incitou o público a fazer gestos obscenos --como mostrar o dedo no meio-- para a PM, que fazia a segurança do evento, e para políticos.
O show gratuito que Emicida apresentava era parte do festival Palco Hip Hop. Cerca de uma hora após Emicida publicar no Twitter a mensagem de que havia sido preso, o tópico #LiberdadeEmicida já estava em primeiro lugar entre os assuntos mais comentados do Brasil no microblog. O rapper Criolo, o apresentador Marcelo Tas, a cantora Maria Rita e o deputado federal Jean Wyllys apoiaram o músico.
A letra de "Dedo na Ferida", lançada em março deste ano, aborda questões como repressão, a polêmica que envolve moradores de Pinheirinho e da cracolândia de São Paulo, e faz críticas à polícia. "F***-se vocês, f***-se suas leis! / Homens de farda são maus / era do caos / Frios como halls, engatilha e plau! / Carniceiros ganham prêmios na terra onde bebês respiram gás lacrimogêneo".
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